A ocupação natural e humana no espaço físico do planeta: essa é a área de estudos da Geografia. “Ao longo dos quatro anos de graduação, eu entendi que a Geografia está absolutamente em tudo, no clima, no ambiente, na economia, na política, na saúde, na cultura, na sociedade, na religião, na culinária, no campo, na cidade… eu poderia listar outras diversas áreas”, enumera a egressa da UEPG.
“A profissão do geógrafo está relacionada com a compreensão de fenômenos sociais e naturais e a sua organização espacial”, explica o professor Marcio Ornat, coordenador do curso de Bacharelado em Geografia. “São exemplos a gestão de bacias hidrográficas, a gestão de recursos naturais e a classificação ecológica de paisagens geográficas. Também a compreensão e a proposição de políticas públicas relacionadas à organização regional e urbana. Para essas ações, é de habilitação de geógrafas e geógrafos o manuseio de documentos cartográficos e a sua produção”.
Ingrid é um exemplo dessa pluralidade de atuações. Além do trabalho como geógrafa em um consórcio de obras rodoviárias na cidade de Castro (PR), onde é responsável pela sala técnica da obra, realiza levantamentos topográficos planialtimétricos de lotes urbanos e rurais e é professora em duas faculdades particulares, onde leciona diversas disciplinas para os cursos de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo e Agronomia. “Profissionalmente, eu estou realizada. A formação em Geografia Bacharelado me levou a lugares que nunca imaginei conhecer, dentro e fora do país, além, é claro, de todo conhecimento que adquiri durante o curso com ótimos professores, com quem mantenho contato até hoje”.
Atuação Nacional e Internacional
Uma vasta experiência internacional: é isso que a profissão de geógrafo proporcionou a Pedro Bernardino, egresso do curso de Bacharelado em Geografia da UEPG. Atualmente, ele atua em Brasília, como analista técnico do Serviço Florestal Brasileiro, no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), junto ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
“Iniciei na geografia em 2005, quando a inteligência geográfica ainda não estava aplicada de forma massiva, como atualmente. Estavam surgindo os primeiros smartphones e aplicativos, e já podíamos notar o quão importante e ainda mais impactante seriam os sistemas de informações geográficas no dia a dia das pessoas e empresas”, lembra. Sob influência de amigos, prestou o vestibular para a UEPG e logo se surpreendeu com o curso. Pedro explica que todas as disciplinas proporcionaram uma compreensão melhor das relações humanas com o meio, algo que para ele foi fascinante.
Depois de formado, trabalhou em Curitiba, como assistente de topografia em uma empresa de engenharia e aerolevantamentos. “O salário era mínimo, mas eu não possuía experiência nessa área de atuação e a empresa estava disposta a me capacitar, assim, logo entendi que seria uma ótima oportunidade”, rememora. Dessa época, fica a experiência de campo com receptores GNSS (Global Navigation Satellite System) e no gerenciamento e processamento dos dados obtidos. Ao mesmo tempo, cursou uma especialização em Georreferenciamento de imóveis, pela Universidade Tuiuti de Curitiba.
Foi então que surgiu a primeira oportunidade de trabalho internacional, na costa ocidental da África. Cruzando metade do globo, Pedro foi parar em Angola, trabalhando como Encarregado de Topografia no Departamento de Engenharia e Projetos do Aterro Sanitário de Mulenvos, em Luanda. “Para além da experiência profissional, viver em Angola proporcionou rica experiência de vida, com o intercâmbio cultural e de realidades distintas, durante 2 anos”. No retorno ao Brasil, Pedro prestou consultoria na área de resíduos sólidos urbanos, com a criação de um Plano de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos em Ciudad del Este, no Paraguay.
A profissão proporcionou, ainda, a realização de projetos pessoais e o ingresso no serviço público, como Chefe de Departamento no então Instituto Ambiental do Paraná (atual Instituto Água e Terra), em Curitiba, por quatro anos. “A formação em Geografia me permitiu ter contatos e experiências com diversos profissionais e equipes multidisciplinares, mostrando que o Geógrafo pode agregar muito valor em trabalhos técnicos diversos que envolvem profissionais de outras áreas do conhecimento”, sintetiza.
Enfrentamento de desastres
Prevenir e gerenciar a atuação do governo brasileiro perante eventuais desastres naturais: essa é a atuação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). E a geógrafa Carla Pietro, egressa do Bacharelado em Geografia e do Mestrado em Gestão do Território da UEPG, trabalha há 10 anos no monitoramento e prevenção de desastres, em especial os deslizamentos, neste Centro.
Carla, que também já atuou como professora colaboradora da UEPG e é doutora em Ciência do Sistema Terrestre pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), conta que o que norteou a trajetória profissional foi a base e orientação do início da formação como geógrafa. “Na graduação, tive uma base incrível em cada disciplina, saídas de campo e nos projetos de Iniciação Científica que tive a oportunidade de participar”, enaltece. “Os professores sempre estiveram muito próximos, nos mostrando caminhos para seguirmos como profissionais autônomos no futuro que tínhamos pela frente”.
Bacharelado
A profissão de geógrafo foi criada pela lei nº 6.664, de 26/06/1979 e regulamentada pelo Decreto nº 85.138, de 15/09/1980. É um profissional que atua na criação de mapas, estatísticas populacionais, planejamento do ambiente urbano e da circulação humana entre os ambientes das cidades e do campo.
No curso de Bacharelado em Geografia, disponível no turno matutino, o acadêmico terá contato com disciplinas voltadas ao planejamento e gestão urbana e regional, planejamento e gestão ambiental e geotecnologias. Além disso, são diversos projetos de pesquisa e de extensão, como a Incubadora de Empreendimentos Solidários (IESOL), o Projeto Rondon, o projeto de Apoio ao Reconhecimento da Sociobiodiversidade de Territórios de Populações e Comunidades Rurais Tradicionais do Paraná; e o projeto do Sistema Participativo de Certificação Socioambiental da Agrofloresta Faxinalense: da diferenciação à qualificação dos produtos de comunidades rurais tradicionais do Paraná.
Licenciatura
Voltado a habilitar os acadêmicos para lecionar na disciplina de Geografia no Ensino Fundamental e Médio, o curso de Licenciatura em Geografia tem as aulas no período noturno, no Campus Uvaranas.
São quatro conjuntos de disciplinas, destinados à formação de um profissional da educação com conhecimentos amplos, diversificados e específicos: formação básica, com fundamentos da educação e didática; disciplinas práticas; formação específica em Geografia; e Estágios Supervisionados no 3 e 4º anos, com práticas nas escolas.
Até 29 de julho, estão abertas as inscrições para o Vestibular de Primavera da UEPG. Nesse ano, as provas acontecem em um dia só, em 26 de setembro, no período da manhã e da tarde, com rígido controle de biossegurança. As informações estão no site da CPS.
Texto: Aline Jasper | Fotos: Aline Jasper e Arquivo Pessoal dos Entrevistados