Farmácia Escola da UEPG celebra 40 anos de história

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Sonhos se tornam realidade. A Farmácia Escola Professor Horácio Droppa da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) prova o argumento há 40 anos. Nesta quarta-feira (27), o órgão celebrou as quatro décadas de história, em solenidade que reuniu alunos, professores, servidores e autoridades universitárias.

Se a Farmácia existe como é hoje, é porque surgiu no coração de farmacêuticos e professores que idealizavam um local para que os alunos pudessem manipular, dispensar e orientar sobre medicamentos. É o que a coordenadora, Gerusa Halila Possagno, destaca. “Tivemos uma equipe coesa, que exerce com excelência e responsabilidade a beleza da profissão farmacêutica”, salienta. Os adjetivos são traduzíveis em números. Somente em 2023, foram realizadas 6862 dispensações de medicamentos para os mais de 600 usuários cadastrados. “Procuramos levar aos nossos pacientes muito mais do que medicamentos e serviços, mas também queremos levar o nosso melhor, seja como farmacêuticos, seja como pessoas”.

O próprio nome da Farmácia leva o nome do conhecido como o “médico dos pobres”, que também idealizou o projeto de um lugar que oferecesse o cuidado farmacêutico na sua integralidade, antes mesmo que este termo fosse utilizado no Brasil. “O falecimento do eterno professor Horácio Droppa, em 1991, nos motivou a homenageá-lo com o nome da Farmácia no mesmo ano, e este evento também serve para relembrarmos de várias pessoas que contribuíram, pois aqui sempre foi um lugar de união”, complementa.

O reitor em exercício, professor Ivo Mottin Demiate, homenageou o aniversário do órgão e ressaltou o trabalho das pessoas envolvidas durante as quadro décadas. “A Farmácia Escola sempre foi um motivo de orgulho para a instituição. Desde o seu início, tivemos professores dedicados, realizando atendimentos de excelência, então nosso desejo é que este trabalho siga por muitos anos”, completa.

Como começou

A Farmácia Escola foi a materialização de um sonho antigo de alunos e professores, desde a época das faculdades isoladas. Quando as duas Faculdades Estaduais (Farmácia e Odontologia) e (Farmácia e Bioquímica) fizeram parte da UEPG, em 1969, já havia a vontade de que os alunos tivessem um espaço de atuação prática. Até que existisse um local dentro da instituição para estágio, os alunos tinham que aprender em farmácias comerciais, cuja maioria pertencia aos próprios professores do curso. Foi quando os professores Wolfgang Meyer e Ailton Schafranski foram chefes do Departamento de Farmácia e Análises Clínicas, que o projeto saiu do papel, em 1984. “Até que finalmente na gestão do professor Ewaldo Podolan, com ajuda dos professores do Departamento e da Pró-Reitoria de Graduação, veio o projeto da Farmácia Escola”. Esta lembrança é do professor aposentado Antônio Schafranski. O farmacêutico estava lá quando definiram o primeiro local da Farmácia Escola na UEPG.

“Não tinham definido ainda um local adequado para a Farmácia. Mas aí a Imprensa Universitária, que ficava na sala B01, no térreo entre o Bloco B e Bloco A, saiu para um espaço fora da Universidade e abriu a oportunidade de montarmos a Farmácia ali”, conta. E assim começou a Farmácia Escola da UEPG, no Campus Centro. Os atendimentos eram exclusivamente voltados à comunidade universitária, com dispensação de medicamentos com fins comerciais, adquiridos via licitação ou produzidos pelos alunos na disciplina de Farmacotécnica do curso de Farmácia.

As lembranças são as mesmas para Miriam Schwab, que vê na Farmácia Escola a materialização de um sonho de dar aos alunos uma formação mais próxima da realidade profissional. Nenhum professor atuava exclusivamente no local, mas ali era o espaço que possibilitava a execução prática do que é aprendido em sala de aula. “Embora o estágio fizesse parte da grade curricular do curso, a falta de espaço para práticas dificultava muito, pois dependíamos da aceitação dos proprietários das Farmácias locais para a realização do estágio. Após a implantação da Farmácia, todos passaram a ser orientados por professores farmacêuticos”, conta.

Antônio lembra de quando os trabalhos começaram. “No dia da inauguração, tinha tão pouca coisa nas prateleiras, que colocamos todas as caixinhas de medicamentos de forma deitada para ocupar mais espaço”, conta. Com o tempo e o aumento de atendimentos, a demanda da comunidade universitária cresceu. “Nós dispensávamos medicamentos para dor e os controlados, além de xaropes e outros produtos que geralmente estão disponíveis em uma farmácia, porque o aluno precisava ver como funcionava na prática”, explica. Tony, como é conhecido no curso, conta com orgulho o caráter incansável da equipe. “Trabalhávamos nos três turnos, das 08h às 22h, sempre com um professor para atender os servidores”.

Com a construção do prédio do Bloco M pronta, em 1989, os cursos da saúde migraram para o Campus Uvaranas, trazendo consigo toda a estrutura pedagógica e administrativa. “Por conta dessa mudança, o pessoal que ficava em Uvaranas começou a pressionar para que também tivesse uma Farmácia Escola para eles, para atendimento e adquirir os medicamentos”. Em 2003, a Farmácia criou um espaço na sala 10 do Bloco M, ao lado das clínicas odontológicas, como uma filial do espaço do Campus Centro. “Eu trabalhava segunda a sábado e é uma sensação de dever cumprido contribuir para o crescimento da Farmácia Escola, que sempre foi tão apreciada pela comunidade. Todo mundo precisa de farmácia e sempre fizemos nosso trabalho com maestria”, finaliza Tony.

Mudança para Uvaranas

Um pedaço da família Woytowicz está eternizada na UEPG. Quando a ideia de trazer uma parte da Farmácia para o Campus Uvaranas surgiu, a professora Elaine Woytowicz Ferrari foi uma ativa colaboradora para que o trabalho acontecesse. Em 2003, a família decidiu doar o mobiliário antigo – armários e balcões imponentes de madeira envernizada, além de alguns utensílios e equipamentos da Farmácia Galeno, estabelecimento que era tradicional na cidade. “Foi um presente da farmácia do meu pai, algo que muito me honra em ter contribuído”, destaca Elaine. O mobiliário ficou ali até a Farmácia ter um prédio próprio em Uvaranas, em 2005 – a partir deste período o prédio do Campus Centro e no Bloco M foram descontinuados e os atendimentos passaram a ficar concentrados apenas no local novo, em Uvaranas. Com tudo renovado, os armários foram transferidos para o Museu Campos Gerais, onde hoje fazem parte do acervo de exposições permanentes.

Elaine foi professora da disciplina de farmacodinâmica e testemunhou a evolução do espaço. “No novo local, pudemos realizar a dispensação de medicamentos, aferição de pressão arterial, aplicação de injetáveis, glicemia capilar, além de atendimento para inalação e cuidados com pequenos curativos”, descreve.

Ali, era uma oportunidade de vivenciar a prática profissional durante a graduação de uma forma completa.  “Foi uma oportunidade de estágio pro acadêmico numa farmácia onde se podia atender toda a comunidade, numa integração entre acadêmicos e professores”. Para Elaine, a Farmácia Escola tem um capítulo importante na sua vida pessoal e trajetória profissional. “Foi especial a oportunidade de atuar nessa disciplina e supervisionar os acadêmicos na Farmácia Escola. Foi muito enriquecedor poder acompanhar a teoria com a prática junto com meus alunos”.

Josiane Madalozzo foi daquelas professoras que inspirou seus alunos por meio do trabalho desenvolvido na Farmácia Escola. Naquele momento, em 2005, em que a Farmácia ganhou um prédio próprio e agregou Laboratórios de Manipulação Alopática e Homeopática, além da Cosmetologia, a profissão vivia um momento de valorização, segundo ela. “O vestibular para Farmácia foi o mais concorrido da UEPG; obtivemos nota máxima no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade); o Departamento ofertava regularmente o Curso de Especialização em Farmácia de Dispensação; e vivíamos um momento no país da implantação do Farmacêutico Generalista, que promove a assistência e atenção farmacêutica”, recorda.

Para acompanhar a evolução profissional, a Farmácia Escola implantou estágio supervisionados desde as séries iniciais. “A equipe de professores supervisores era extremamente comprometida com a implantação de novas metodologias. Trabalhamos com o treinamento intensivo dos acadêmicos, com estudos dirigidos sobre os principais problemas de saúde dos pacientes que utilizavam a Farmácia no Campus, além de atividades simuladas”, recorda. Foi em Uvaranas que a Farmácia teve um salto de produção, pela maior quantidade de pessoas que procuravam os serviços, como informa Josiane. Para ela, o grande diferencial do órgão é o seu caráter essencialmente prático. “É no estágio, no atendimento direto ao paciente, que o acadêmicos refletem sobre sua formação. É o local onde ele observa a atuação de profissionais mais experientes, e reproduz o apreendido com uma supervisão segura, contribuindo para a formação ética como futuro profissional da saúde”.

Novo capítulo da história 

De 2005 a 2019, a Farmácia Escola funcionou no Campus Uvaranas, com atendimento voltado à comunidade universitária e dispensação comercial de medicamentos. “Mas já existia uma ideia de descentralizar o serviço da 3ª Regional de Saúde, para auxiliar no trabalho deles e também fazer com que os alunos tivessem contato com a dispensação do componente especializado”, destaca a professora Gerusa. Esse componente faz parte da estratégia do Ministério da Saúde para garantir a integralidade do tratamento medicamentoso em todas as fases evolutivas de doenças. “A partir de 2009, a administração, por meio da professora Josélia Daher, começou as tratativas com a Secretaria de Estado da Saúde para a mudança desse caráter de atendimento da Farmácia”.

Foram 10 anos de espera até que o acordo de cooperação com a Sesa fosse firmado. Há cinco anos, a Farmácia vive um novo capítulo na história, atendendo por meio do Sistema Único de Saúde, com dispensação de medicamentos a pacientes previamente cadastrados, que recebem atendimento integral por meio dos profissionais e alunos. “Antes, a gente atendia a comunidade universitária com medicamentos por preços mais acessíveis, mas mesmo com esta nova etapa, algumas características continuam, como a verificação da pressão arterial, glicemia capilar e aplicação de injetáveis”, destaca Gerusa. Quem é cadastrado para retirar o medicamento na Farmácia Escola recebe o medicamento de forma gratuita e os serviços clínicos prestados por farmacêuticos. Atualmente, a Farmácia também trabalha com manipulação de Florais de Bach, para pacientes que chegam com a prescrição já pronta, com preços abaixo do mercado.

Ao olhar para trás, nas mais de duas décadas que Ana Cristina Toledo contribuiu como farmacêutica responsável, fica apenas um sentimento no coração: a Farmácia Escola faz diferença na vida dos pacientes, profissionais e alunos que têm contato com ela. “Aqui, os alunos conseguem colocar em prática todas as etapas do aprendizado e o paciente também sente esta diferença, pois consegue ter um atendimento integral e um acompanhamento no uso de medicamentos”, completa.

Texto: Jéssica Natal | Fotos: Jéssica Natal e Arquivo de fotos UEPG


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