No dia 15 de junho de 2024, a Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Culturais da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Proex-UEPG) tem um encontro marcado com a plateia do Cine-Teatro Ópera: o 36º Festival Universitário da Canção. Depois de publicar a ordem dos shows, a Proex revela que a banda convidada da edição de 2024 do FUC é 50 Tons de Pretas.
Mulheres pretas, cantoras, compositoras e instrumentistas. Assim são Grazi Pires e Dejeane Arruée, à frente da banda 50 Tons de Pretas. Desde 2017, abrindo espaços na cena da música do Rio Grande do Sul e do Brasil, as artistas acumulam um repertório cheio de representatividade, diversidade e prêmios.
Com um estilo que flerta com o pop, o rock, a música popular brasileira, o samba, as Pretas – como também são conhecidas – fazem questão de colocar em sua música temas como feminismo, empoderamento, as vozes das mulheres negras, as diferenças de classes, buscando uma sociedade mais justa e igualitária.
Uma trajetória premiada
Juntas, oficialmente, há 7 anos, Grazi e Dejeane se encontraram um pouco antes, em 2011, numa cidade no interior do Rio Grande do Sul. No momento, as duas eram educadoras: Dejeane era regente de uma banda marcial e Grazi era regente do coral da cidade. “Teve uma apresentação na cidade e nós decidimos reunir algumas alunas, algumas mulheres pretas, para fazer uma apresentação… E logo em seguida, eu e a Grazi decidimos dar continuidade ao trabalho”, conta Dejeane, que se orgulha da trajetória da 50 Tons.
Com o mote de mostrar ao público situações do cotidiano das Pretas, a primeira turnê da banda viajou por 15 cidades do Rio Grande do Sul com o espetáculo “A Mais Pura Verdade”, nome da primeira música composta pela dupla. No ano de 2020, o primeiro disco já recebeu diversos prêmios em Brasília, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Já em 2021, as Pretas venceram três prêmios Açorianos, com o disco “Voa”, indicado a Melhor Álbum de MPB, melhores intérpretes e melhores compositoras – uma grande vitória para duas artistas pretas independentes. “Esse é o maior prêmio de música do Rio Grande do Sul, foi um prêmio inédito para duas artistas pretas, um sucesso de críticas. Foi incrível!”, relembra Dejeane.
Desde então, as pretas não param de crescer. Sempre com um repertório engajado de músicas autorais, no ano de 2023, a 50 Tons venceu o Prêmio Profissionais da Música na categoria Melhor Banda de MPB do Brasil. Para a vinda da banda ao FUC, Dejeane conta que o show será repleto de músicas novas. “Agora a gente está preparando o lançamento de um novo disco – vai ser lançado em julho – e agente já vai com bastante música nova pro show de Ponta Grossa. Estamos muito animadas e felizes de poder levar o nosso trabalho até aí pela primeira vez, num evento que é de extrema importância para a cultura local, para a música”.
O show precisa continuar
“Assim como na pandemia a gente viveu isso, a gente sabe que nós somos os primeiros a parar e os últimos a voltar”. Grazi Pires reforça que este é um momento complexo e difícil para os artistas do Rio Grande do Sul. “Nós, indiretamente, pessoas da nossa equipe, diretamente, foram e estão sendo atingidas por essa tragédia climática que está longe do fim. Então a gente fica numa situação de aflição, sofrendo pelos nossos, sofrendo no âmbito pessoal, com a família, com os amigos, sabendo de pessoas que estão precisando de ajuda, amparo e acolhimento, mas temos também uma aflição e uma ansiedade muito grande em relação ao trabalho”, completa a artista.
As pretas, que trarão um show inédito para o 36º FUC, declaram que é importante que os olhos do Brasil estejam sobre o seu estado, neste momento. “A gente espera que essa solidariedade venha também das empresas do ramo de entretenimento e cultura, que eles possam olhar para os artistas gaúchos, não só para aqueles que têm nome e fama nacional, mas para os artistas menores, periféricos, pretos, indígenas, que vão precisar muito de espaços, contratos, para que a gente possa sobreviver por mais esse teste de fogo que a cultura do Rio Grande do Sul está passando”, ressalta Grazi Pires.
O Diretor de Assuntos Culturais da Proex, Nelson Silva Júnior, afirma que a diversidade, o discurso e a qualidade musical foram alguns dos fatores que fizeram com que a 50 tons fosse a banda convidada para o show da 36ª edição do FUC. “São temas contemporâneos que estão alinhados com o que a gente acha que o festival precisa propor para as pessoas, principalmente em grupos de mulheres, pessoas negras, pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQIAPN+”, enfatiza o diretor. “A gente acha que é uma banda que vai responder muito a essas questões, pensando que o festival seja reflexivo também, para que as pessoas apreciem a música, torçam, mas que o show seja esse ponto que faz com que as pessoas reflitam sobre questões sociais que estão aí, que sempre estiveram presentes na música”, completa.
No dia 15 de junho, a 50 Tons de Pretas traz sua música recheada de um discurso potente para fechar a noite de premiação do 36º Fuc. Grazi Pires e Dejeane Arruée integram uma equipe de 11 pessoas. Além das Pretas, estarão presentes: técnicos de som, de luz, staff, roadie, e os músicos Vladimir Godoy (baixo), Gustavo Nunes e Xandy Santos (guitarras), João Costa (bateria) e a primeira mulher mestre de bateria do Brasil, Alexandra Amaral, na percussão.
A venda dos ingressos inicia no dia 3 de junho na Proex. Mais informações pelo e-mail proex@uepg.br ou pelo telefone (42) 3220-3494.
Texto: Domitila Gonzalez | Fotos: Priscilla César e Ricardo Lage.