O estacionamento do Colégio Agrícola Augusto Ribas, Campus Uvaranas, estava repleto de mudas – araçá-vermelho, araçá-amarelo, guabiju, cambuí, pitanga, guabiroba, grumixama e araticum-do-mato, ipê-rosa, sibipiruna e araucária. Com a distribuição das mudas, eram entregues folhetos e informações sobre o manejo correto da espécie que a pessoa estava levando pra casa. A cada mesa, uma muda era entregue e um aluno do projeto de extensão Viveiro Florestal, organizador do Arboriza, repassava informações. Dentre os alunos, estava Bernardo Ramos da Silva, aluno do quinto ano de Agronomia. Integrante do projeto há um ano, ele estaca a capacidade de aprendizado que o Viveiro lhe ofereceu. “O projeto me ensinou muito sobre trabalho em equipe, além de eu ter a oportunidade de aprender mais sobre fruticultura e silvicultura“, conta.
Bernardo é de Arapoti, cidade tradicional no ramo do cultivo de árvores para produção de papel. “Desde pequeno, eu tive muito contato com árvores e silvicultura, mesmo sem saber o que era, mas quando comecei a trabalhar no Viveiro, surgiu o interesse em trabalhar com florestas”, relata. Pela atuação no projeto, o aluno já sabe onde quer trabalhar depois de formado. “Quero trabalhar com agroflorestas, que é um sistema muito interessante, e a partir do momento que eu comecei a fazer o projeto e estudar a disciplina entendi que é esse o ramo em que quero trabalhar”.
Olhar pela janela e não ver muitas árvores pela cidade causa estranhamento para Bernardo. “É muito triste vir para Ponta Grossa e ver que a cidade quase não tem árvore. Se você sobe num prédio dá pra contar as árvores que têm, por isso o Arboriza realiza um trabalho tão importante, porque além da doação de mudas, a gente realiza um trabalho de conscientização, para que Ponta Grossa tenha mais árvores”, adverte.
Objetivo
Para Carlos, quando se fala em árvore, se fala em ar puro, melhor umidade do ar e melhores condições bioclimáticas regionais. “Estamos aqui debaixo da sombra das Tipuanas, num evento onde as pessoas se sentem extremamente confortáveis do que se estivessem fora [da sombra das árvores]. E aí a gente consegue mostrar para as pessoas de que as árvores são fatores favoráveis para a qualidade de vida delas”, pontua. O Arboriza não tem o objetivo final de dar árvores para pessoas. “Nós queremos encher as pessoas de muita informação, e aí essa árvore vai com a pessoa na mochila para que ela possa plantar com todas as informações recebidas”, completa.
Das cinco mil mudas doadas, 3800 foram para arborização urbana e rural e 1200 pra restauração ecológica de pequenas propriedades. Graziele Campos Kviatcovski, diretora de Gestão Ambiental da UEPG, destaca que o Arboriza tem uma questão ambiental forte. “A iniciativa do Viveiro se relaciona diretamente com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da ONU, um tema futurístico e muito atual, que é o que está sendo divulgado aqui”.
Projetos parceiros
Junto com as fotos, também teve desenho. Os alunos do curso de Artes Visuais ilustraram flores e frutas das árvores doadas. “Trouxemos essa parte artística também para o evento, mostrando para as pessoas o que essas árvores produzem”, conta o professor Arthur Calheiros Amador. Para ele, a atividade abre novas possibilidades aos alunos. “Essa é uma parceria que precisa de fortalecer cada vez mais e é importante que a gente interaja com outros cursos e veja outras possibilidades de atuação dentro da nossa carreira, como a ilustração botânica”, finaliza.
Texto e Fotos: Jéssica Natal