“Não deu. Nosso exemplo de luta, otimismo, alegria, cansou. Lutou tudo que pôde. Venceu batalhas inimagináveis. Mas cansou. Ele não merecia sofrer tanto. E hoje ele foi. Foi para uma vida que só tem alegria, só tem coisas boas e, com certeza, jogo do Palmeiras com ele ganhando todo dia!”, anunciou a filha, Marina Durante, nas redes sociais, na manhã desta terça-feira.
Um dos legados de Durante que perduram é o Festival Universitário da Canção (FUC), do qual foi um dos criadores, em 1980. “Eu vi este Festival nascer. Sou muito grato porque eu estava no DCE quando organizamos a primeira edição. Acompanhei quando, na oitava edição, a Universidade assumiu este festival, que é um dos focos de resistência cultural da música popular brasileira”, declarou, emocionado, na última edição presencial do FUC, em 2019. No Festival Nacional de Teatro (Fenata), participou como ator, diretor, organizador e plateia. Foi o único ponta-grossense a receber os prêmios de Melhor Ator (1978) e Melhor Espetáculo Infantil (1981). Seu legado na área da Cultura continua por meio das milhares de pessoas alcançadas pelos festivais.
“Amigo é para se guardar dentro do peito”. Em julho de 1976, se conheciam Antonio José Camargo e Fernando Durante. “Estávamos com nossos vinte anos quase completos, ambos calouros de Engenharia Civil. Carecas felizes. Descobri que meu amigo era Palmeirense e formamos uma dupla imbatível no pebolim”, lembrou Camargo, que hoje é professor da UEPG. O amigo relembra os tempos em que juntos participaram do Diretório Central de Estudantes (DCE) e a participação no Fenata de 1979. “O Fenata naquele ano foi bem tumultuado, pois não queriam deixar o DCE participar. Depois de muita discussão, o DCE entrou com a peça “A cara do povo do jeito que ela é” e, para surpresa de todos, Fernando com uma grande atuação ganhou o prêmio de melhor ator”.
“Em tempos tão sombrios, em que falar de política não era fácil, construímos o FUC. Toda a diretoria do DCE aprovou a ideia de Fernando Durante, Adriano Pilati, Walter Kloth, Arrildo, Juca e outros”, lembra Camargo. “Desde esse dia não deixei de acompanhar os FUCs e Fenatas e sempre quando entrava no teatro, quer da reitoria ou do Cine Ópera, lá estava o apresentador, Fernando. Jamais deixou de me saudar como uma das pessoas que iniciou o evento. Sempre acompanhávamos como se fosse o primeiro”.
A luta de ambos, segundo Camargo, era por ver a UEPG cada vez melhor e mais reconhecida como casa da Ciência e da Cultura. “De onde estiver, amigo, continue olhando pelo teatro, pela música e por nossa aldeia, pois por aqui vai ser difícil novamente ver a cortina se abrir novamente”, lamenta.
“Fernando era um amigo muito querido, conselheiro e trazia na sua presença adorável o conhecimento da cultura de Ponta Grossa. Sabia e conhecia as necessidades da nossa cidade”, enaltece a diretora de Cultura da Proex-UEPG, Sandra Borsoi. “Ele era a história viva do Fenata e do Fuc. Contribuiu sempre positivamente com nossos eventos. Hoje partiu para um plano superior, vai deixar saudades do seu riso fácil e alegria ao subir nos palcos do Fenata”.
Fernando Durante era conhecido pela gentileza e carinho com que tratava os amigos. “Estamos vivendo um momento diferente de tudo o que já passamos e, por isso, mais do que nunca, a amizade, a oração, a fé têm que estar presentes nestas horas! Que você possa ser mais feliz a cada dia, vivendo em plenitude, desfrutando dos bons filmes, ouvindo belas canções, assistindo grandes espetáculos, pois somente assim a vida estará sendo bem aproveitada”, enviava Fernando, em mensagens de aniversário, durante a pandemia. E foi uma vida bem aproveitada!
Fecham-se as cortinas. Nossos aplausos!
Texto: Aline Jasper | Fotos: Luciane Navarro, Aline Jasper e Arquivo UEPG