A solidariedade foi o foco de todas as ações. No sábado (18), a Associação Atlética Los Bravos, vinculada ao Secate, promoveu uma festa para 1800 pessoas, que, além dos alimentos doados na entrada, destinará R$ 5.900 arrecadados com os ingressos para a aquisição de cestas básicas. Para a diretora geral da Atlética, Geovanna Stadler, além de ajudar as famílias carentes, o trote solidário serve para ressignificar o papel dos veteranos na acolhida aos calouros. “A gente percebe que os calouros têm saído das ações com mais amizades e com o lado humano restaurado, algo que também é da Universidade, um lugar de desenvolvimento pessoal”, destaca. “Acredito que a gente conseguiu impactar os calouros, que normalmente chegam com medo de vir para o trote e serem sacaneados pelos veteranos”.
O acadêmico do quarto ano de Engenharia de Materiais e vice-presidente da Atlética Henrique Munhoz enfatiza o significado desta acolhida aos calouros. “O começo é difícil por conta de muita informação, muita coisa nova”. Para ele, pensar nas questões sociais é uma característica importante da universidade pública. “Para além de bons profissionais, a Universidade forma bons cidadãos. A gente acaba devolvendo um pouco do que a universidade pública nos proporciona”, completa.
Para o reitor da UEPG, Miguel Sanches Neto, o Trote Solidário é uma boa forma de combater trotes perigosos. “Essa forma de recepção aos calouros é muito bem-vinda em nossa instituição, é uma forma de combater todos os tipos de violência”, afirma.
O diretor do Secate, Adilson Chinelatto, durante reunião do Conselho de Administração, em 20 de março, fez questão de elogiar a iniciativa e agradecer o apoio institucional. “Recebemos um apoio muito grande da Universidade para realizar o Trote Solidário. A Pró-reitoria de Administração, por meio da Coordenadoria de Logística, permitiu que, a cada dia, mais de cinco ônibus saíssem do campus rumo aos bairros da cidade. Esse apoio foi essencial”.
As mais de duas toneladas de alimentos arrecadados serão doadas para o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do bairro Santa Luzia, no último dia de março, e serão entregues diretamente para as famílias por meio de cestas básicas. Os estudantes contarão com o auxílio da prefeitura, que fará o intermédio entre os bairros e as famílias que aguardam as doações.
Considerando o impacto social das atividades, o vice-reitor da UEPG, Ivo Mottin Demiate, enfatiza o valor humano que estas atividades trazem para o estudante. “É a importância da humanização na formação, em cursos que isso não era tão presente”, frisa.
Mãos estendidas
Chegando a quase 100 anos, a vovozinha (como são chamadas as residentes, sejam elas avós ou não) olhava toda aquela movimentação com curiosidade. Ela não consegue mais falar para se comunicar, mas isso não a impediu de escolher uma cor de esmalte (roxo) para que as alunas aplicassem nas unhas da mão. “Ela faz aniversário em abril. Vamos fazer uma festinha”, conta animada uma das cuidadoras.
Ainda como parte da programação do Trote Solidário, as turmas de calouros tiveram a oportunidade de conhecer realidades bastante diferentes, com as atividades no Lar das Vovozinhas, Instituto João XXIII, Francisclara, Apae e Casa do Pia. Os calouros de Engenharia de Computação conheceram o MMTech. Todas as ações do Trote Solidário foram feitas pela comunidade universitária para evitar novos episódios de trotes humilhantes e desrespeitosos com os estudantes que chegam na UEPG.
Selo Social
As iniciativas foram reconhecidas pela Prefeitura de Ponta Grossa, com a condecoração do Selo Social, entregue pela prefeita Elizabeth Schmidt no gabinete da Reitoria, em 13 de março. “O Trote Solidário é um grande avanço, nós temos as secretarias sociais para garantir que os alimentos arrecadados cheguem nas pessoas certas”, afirma Schmidt.
Texto: Aline Jasper e Julio César Prado Apuração: Jéssica Natal e William Clarindo Foto: Fabio Ansolin/Capa Fotos da matéria: Aline Jasper/Jéssica Natal/William Clarindo