Um país diferente é um mundo diferente. Para quem deixa para trás seu país, seja buscando oportunidades de estudo ou trabalho, seja fugindo de conflitos e da fome, a adaptação à nova cultura pode ser difícil. Na terça-feira (13), os formandos da primeira turma do Curso de Português para Migrantes e Refugiados do projeto de extensão da Universidade Estadual de Ponta Grossa, “Processos Migratórios e Intercâmbio: inclusão social e diversidade cultural” (Promigra), receberam seus certificados de conclusão de curso. São cerca de 50 alunos que participaram, desde outubro de 2022, das aulas de língua portuguesa.
Do país de origem, Zainab lembra com carinho, mas também com olhar crítico. “Iraque ensinou o mundo a ler e escrever, foi o primeiro lugar do mundo a ter leis. O que destruiu nosso país foram as guerras”. Agora, ela aprende a ler e escrever em outra língua, aqui no Brasil, e aproveita para destacar a resiliência da mulher migrante, que sofre com perdas, lutas, preconceitos. “Elas ainda querem melhorar a vida, têm esperança. Eu tenho esperança. Eu olho para o lado bom da vida, não para o passado ruim. Esse passou, graças a Deus”, diz, com o olhar brilhante de fé.
Para os migrantes, as aulas também são um espaço de socialização. “A gente tem que conhecer a cultura do país também, comida, cultura, danças, fazer amigos”, conta Zainab. Além do curso de português, o Promigra realiza atividades de integração, assistência social, oficinas de inclusão, projetos de qualificação, mostras culturais e visitas técnicas, em parceria com o projeto de extensão “Internacionalização, Cidadania e Direitos Humanos” (Intermig).
Nova vida
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), um número recorde de refugiados e migrantes cruzam as fronteiras internacionais fugindo de conflitos, perseguições e da pobreza, ou em busca de melhores oportunidades de vida. Fortalecer a cooperação para facilitar a migração segura, ordenada e regular faz parte dos pactos da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável.
O Fluxo migratório de haitianos para o Brasil iniciou após do terremoto que atingiu o país em 12 de janeiro de 2010. Por enquanto eu entrei no Brasil em 2008, após de passar num concurso no Haiti para estudar Agronomia num Programa de Formação de Líderes pelo Ministério Visão Global do Haiti (MVGH).
Amigos de infância, Geslin e Erline se reencontraram quando ele retornou ao Haiti em 2017, após fazer a graduação e mestrado no Brasil, em Minas Gerais. “Como a gente já era noivo e eu recebi bolsa de doutorado da Organização dos Estados Americanos (OEA) e Grupo de Cooperação Internacional de Universidades Brasileiras (CGUB), a gente casou e voltou para o Brasil”, conta Geslin. Indagada se teve medo de largar o país natal, Erline ri e é enfática: “Não!”
Para o próximo ano, a haitiana, que é enfermeira, já tem a perspectiva de cursar o mestrado em Ciências da Saúde na UEPG, com a aprovação no mesmo programa de bolsas que o marido. Superando a barreira da linguagem, fica mais fácil.
Texto: Aline Jasper | Fotos: Aline Jasper e Maurício Bollete