Evento da Pós em Sociais Aplicadas celebra identidades paranaenses

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A formação do povo paranaense foi pauta da 1ª Jornada Internacional de Cultura, Identidade e Cidadania. Promovido pela Pós-Graduação em Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PPGCSA-UEPG), o encontro debateu em especial a contribuição do povo ucraniano na região, com oficinas, palestras, apresentação de documentário e lançamento de um livro. As atividades aconteceram na última quinta e sexta-feira (15 e 16), no Museu Campos Gerais e Câmara dos Vereadores de Ponta Grossa, respectivamente.

Alunos de diferentes cursos da graduação e da pós-graduação participaram do evento. Para o coordenador da Jornada, professor João Irineu Miranda, a primeira edição teve participação expressiva da comunidade, com uma diversidade de atividades.  “O debate sobre identidade e cultura é muito importante, porque nos remete a uma noção de cidadania que não se reduz ao vínculo jurídico com a figura do Estado”. Segundo o professor, existe um campo de estudos importante em sociedades multifacetadas, como a paranaense.

A Jornada contou com a primeira apresentação de resultados de pesquisa da professora Lesia Zolota, cientista ucraniana que chegou ao Brasil com a família por meio do Programa Paranaense de Acolhida a Cientistas Ucranianos, por meio da Fundação Araucária e Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). Na UEPG, a pesquisadora desenvolve trabalho de levantamento e proteção ao patrimônio imaterial relacionado à imigração ucraniana no centro-sul paranaense. Lesia ainda integra o corpo docente do PPGCSA e orienta pesquisas sobre o tema da pesquisa. “A atuação da Lesia aqui na instituição permite um olhar que une o presente e o passado sobre a cultura ucraniana em nossa região e já revelou achados de pesquisa muito interessantes”, complementa João Irineu.

Lesia apresentou o trabalho ao lado de colegas, alunos e a família – o marido, Oleksandr Zolotyi; e os filhos, Katerina Henserovska e Nazarii Zolotyi. “É um grande feito para mim apresentar os primeiros resultados de minha pesquisa hoje. É muito importante falar sobre identidade com a comunidade internacional, assim como é importante para os ucranianos”, destaca a pesquisadora. Os resultados da pesquisa estão sendo maiores do que o esperado, segundo ela. “Eu viajo pela região com minha equipe e escrevo muito sobre a pesquisa. Quando eu vim para cá, eu não acreditei que veria uma cultura ucraniana tão linda, estando tão longe da Ucrânia”, conta. A professora se disse encantada com como as pessoas mantêm viva a cultura ucraniana no Brasil. “Eles inclusive nos ajudam com isso, nos ensinam sobre a cultura ucraniana também”.

O legado do povo ucraniano também foi destaque na fala de Vitório Sorotiuk, presidente da Representação Geral da Ucrânia no Brasil. Ele apresentou a obra ‘Holomodor 1932 – 1933: Genocídio do Povo Ucraniano’, do autor Volodymir Serhychuk, que conta sobre o genocídio de milhões de ucranianos, vitimados pela fome, em razão da política econômica de Stalin entre 1931 e 1933.  “No Brasil, há mais de 600 mil descendentes de ucranianos, nos quais 80% estão no Paraná e Ponta Grossa está entre as quatro cidades que têm mais descendentes de ucranianos, então a nossa presença é muito forte aqui”, informa. A obra faz parte da memória coletiva do povo ucraniano e apresentá-la no evento é relevante para a história de um povo, segundo Vitório. “É importante chamarmos a comunidade e Universidade, porque é na universidade que se produz o centro da reflexão de uma sociedade para uma convivência mais pacífica”, completa.

Além do debate, também teve palestra do professor da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), Michel Kobelisnki,  com apresentação da exposição “Mãe, não quero guerra”, que abordou história de famílias afetadas pela Guerra na Ucrânia. As oficinas ficaram por conta de Ângela Zapotoczny, que apresentou a história e arte das pêssankas, técnica milenar ucraniana. O professor da Universidade da Patagônia, Jorge Kulemeyer, ainda apresentou ‘Cultura, Identidade e Cidadania’, que abordou a memória dos povos originários da Argentina. “Para mim, é uma experiência muito grata, fico muito feliz  pela participarão e por compartilhar essa experiência”. Segundo o professor, dividir o conhecimento com pessoas que têm uma tradição e histórias diferentes agrega conhecimento sobre povos originários da América Latina. “Esse debate aumenta a possibilidade de conhecimento e troca de saberes, a partir das quais é possível o desenvolvimento de ideias, o que é bastante positivo”, finaliza.

Texto: Jéssica Natal | Fotos: Jéssica Natal e William Clarindo


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