MCN recebe réplica de pintura rupestre descoberta pelo Gupe

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Um patrimônio arqueológico de valor inestimável, agora ao alcance de todos. Essa é a premissa que fez com que no início do mês que celebra os museus, o Grupo Universitário de Pesquisas Espeleológicas (Gupe) entregasse ao Museu de Ciências Naturais da Universidade Estadual de Ponta Grossa (MCN-UEPG) uma réplica do painel com pinturas rupestres encontrado pelo grupo em Piraí do Sul, em setembro de 2021. 

A descoberta inédita ocorreu durante as ações do projeto ‘EspeleoPiraí’, uma iniciativa que teve como objetivo estudar as cavidades em arenitos do front da Escarpa Devoniana e seu entorno imediato em Piraí da Serra – um recorte espacial de 9.370 hectares – para identificação de áreas prioritárias para conservação do patrimônio espeleológico e arqueológico. 

A equipe multidisciplinar, composta por 26 pesquisadores de 16 instituições, trabalhou no projeto de 2021 a 2023 com o apoio do Termo de Compromisso de Compensação Espeleológica nº 01/2021 entre Supremo Secil Cimentos e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Ao longo dos 47 dias em campo, muitos deles ainda durante a pandemia da Covid-19, foram realizadas 19 expedições e catalogados 252 pontos de interesse científico, como cavernas, sítios arqueológicos e pontos de interesse geológico. Entre eles, o chamado Abrigo das Araucárias: um painel composto por pinturas de um bosque com 13 araucárias e outras figuras humanas que datam aproximadamente de 4 mil anos atrás. 

Segundo o Gupe, o painel pode ter sido elaborado pelos povos originários Macro-Jê, antepassados de comunidades indígenas presentes atualmente no sul do Brasil, como os Kaingang e Xoclengues. 

O Abrigo das Araucárias

O Abrigo das Araucárias foi reconhecido como uma cavidade natural subterrânea e registrado no Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas (Canie) do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (Cecav/ICMBio). Além do Canie, o Gupe solicitou o cadastro junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). 

Laís Luana Massuqueto é pesquisadora nas áreas de Espeleologia, Geoconservação, Geodiversidade, Geoturismo, Patrimônio Geológico e Patrimônio Arqueológico. Integrante de dois grupos de pesquisa do CNPq e, desde 2008, também do Gupe, a doutora em Geologia Ambiental conta que a primeira ação depois da descoberta das araucárias foi um pedido de sigilo a todos os integrantes do grupo. “A ideia seria divulgar apenas quando o artigo científico estivesse publicado, para não prejudicar o ineditismo da descoberta. Tendo ciência da importância, fomos pessoalmente conversar com o proprietário da área que havia nos permitido entrar uma vez em sua propriedade. Essa permissão de proprietários é algo que nós do Gupe levamos muito a sério”, conta Laís.

E a historiadora Cinara Souza sabe bem disso. Proprietária da Chácara Invernada, em Piraí do Sul, Cinara é egressa do curso de História da UEPG, especialista em Arqueologia e formada em Arqueologia e Arte Rupestre em Portugal. A criança que cresceu brincando num sítio arqueológico conta que sempre que algum pesquisador chega na cidade, acaba sendo direcionado a ela. “Intermediei muitos contatos e entradas em fazendas entre os pesquisadores e os proprietários. De fato, um ponto muito importante a ser destacado é o respeito do Gupe em relação a autorização ou não de visita. Se o proprietário não autoriza, o Gupe não insiste, e sendo assim, muitos pontos de interesse ficaram fora das pesquisas diante da negativa dos proprietários”.

Cinara acredita que a preservação é primordial. Além das 330 vias de escalada tradicional e esportiva, a Chácara Invernada ainda abriga os sítios arqueológicos Lola Souza 1, 2 e 3, descobertos no ano de 2011 quando um escalador mostrou algumas fotos para a proprietária. “Imediatamente fui até o pé da escarpa e confirmei: eram mesmo pinturas rupestres”! Sobre a réplica do abrigo das araucárias entregue ao MCN, Cinara afirma: é uma ação que vai muito além da divulgação científica, “pois possibilitará que alunos e sociedade em geral vejam, contemplem e sintam o que a imagem representa”. 

O Gupe retornou ao Abrigo das Araucárias algumas vezes para realizar um mapeamento, por meio de diversas ações: fotografias de detalhes, descrição geológica do sítio, produção de vídeos para um microdocumentário e um estudo específico com o arqueólogo Moacir Elias Santos, responsável por produzir a réplica do painel das araucárias que está no MCN.

O resultado do estudo a respeito do Abrigo das Araucárias foi publicado em fevereiro de 2023 na revista Caderno de Geografia – Puc Minas no artigo First rupestrian representations of Araucaria Augustifolia in Southern Brazil.

O Gupe 

Um grupo de pesquisadores que atua em prol da preservação do patrimônio natural. Um espaço para desenvolvimento pessoal e acadêmico. Uma entidade de pesquisa. Um lugar para desenvolver a ciência por paixão, no qual a curiosidade pura segue tendo lugar de fala e levando jovens para a ciência. É assim que o Gupe é definido, respectivamente, pelos membros: Alessandro Chagas Silva, Nair Fernanda Burigo Mochiutti e Rodrigo Aguilar Guimarães. 

Fundado em agosto de 1985, em Ponta Grossa, o Grupo Universitário de Pesquisas Espeleológicas é uma entidade sem fins lucrativos declarada de utilidade pública municipal e estadual, e filiada à Sociedade Brasileira de Espeleologia. Há quase quatro décadas, o Gupe realiza pesquisas, prospecções e atividades educacionais com o objetivo de conservar cavidades subterrâneas e sítios arqueológicos. 

Além de integrantes das áreas de Geografia, Geologia, Arqueologia e Biologia, estão envolvidos profissionais de Turismo, História e outras áreas como Jornalismo, Engenharia Mecânica e de Materiais. 

Com trabalhos desenvolvidos em diversas regiões do Paraná, como Ponta Grossa, Carambeí, Castro, Tibagi, Piraí do Sul, Palmeira, Balsa Nova, Campo Largo, Doutor Ulysses e Cerro Azul, o grupo rompeu fronteiras e chegou em Florianópolis(SC) e em Caeté (MG).

Todas as atividades quase sempre foram executadas sem incentivo financeiro, com investimento apenas dos integrantes. Foram quase 30 anos de dedicação ao ofício sem qualquer tipo de auxílio, oferecendo à sociedade inúmeros resultados de pesquisas, mapeamento e cadastramento de novas cavernas e sítios arqueológicos com o objetivo de preservar a história da região. 

Gilson Burigo Guimarães é professor do Departamento de Geociências da UEPG e conselheiro do Gupe. Burigo comenta que sua relação com o grupo iniciou de maneira menos convencional, por meio de acadêmicos que retomaram as atividades do Gupe em 2007. Para ele, que apaixonou-se pela Geologia às vésperas da inscrição no vestibular, a importância da incorporação da réplica das pinturas de araucárias ao acervo do MCN é imensa. “Começa por proporcionar uma oportunidade à sociedade de observar, com riqueza de detalhes e fidelidade ao exemplar original, um dos mais espetaculares achados arqueológicos dos últimos tempos no país, o qual tem relevância internacional”, comenta. E reforça que uma peça como esta, “carregada de um forte simbolismo regional, tem o potencial de nos permitir deslocar no tempo e no espaço… E nos colocar ao lado de seus autores, há centenas ou mesmo milhares de anos, em um trecho central de nossas discussões atuais sobre a conservação da natureza, junto à base da Escarpa Devoniana”. 

Gilson Burigo afirma que carrega a curiosidade científica desde criança e até hoje busca entender os mistérios que cercam a origem de nosso planeta e como ele se modifica ao longo das eras. Junto com ele, fazem parte do Gupe: Alessandro Chagas Silva,⁠ ⁠Aline Garabeli, ⁠Angelo Eduardo Rocha, ⁠Antonio Carlos Foltran, ⁠Daniella Franzóia Moss, ⁠Édipo Rafael dos Santos, ⁠⁠Fábio Macedo de Lima, ⁠Fernando Bertani, ⁠Gabriela Borges Velásquez, ⁠Heder Leandro Rocha, ⁠Henrique Simão Pontes, ⁠Jasmine Cardozo Moreira, Karla Eduarda de Oliveira, ⁠Laís Luana Massuqueto, ⁠Mário Cezar Lopes, ⁠Nair Fernanda Burigo Mochiutti, Paulo Fidelis Júnior, Rodrigo Aguilar Guimarães.

Estiveram envolvidos no projeto EspeleoPiraí, que descobriu, catalogou e produziu as duas réplicas do painel das araucárias: ⁠Grupo Universitário de Pesquisas Espeleológicas (Gupe), ⁠Agência de Jornalismo da UEPG, Arqueotrekking,  Departamento de Jornalismo da UEPG, o Grupo de Estudos Espeleológicos do Paraná (GEEP-Açungui), Geodiversidade Soluções Geológicas LTDA, ⁠Instituto de Geociências – USP, Laboratório de Geologia Pesquisa da UEPG, ⁠Laboratório de Microbiologia Ambiental da UEPG, ⁠Laboratório de Pesquisa em Geofísica Aplicada da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ⁠Laboratório de Turismo em Áreas Naturais da UEPG, Mestrado em Jornalismo da UEPG, Núcleo de Produção Audiovisual da UEPG, ⁠Planalto Arqueologia e Patrimônio, ⁠⁠Programa de Pós-Graduação em Geografia da UEPG.

As réplicas

Possibilitar que o patrimônio histórico seja vislumbrado pelo público é uma das grandes tarefas dos museus. E trazer uma réplica do painel das araucárias para o acervo do MCN é devolver os resultados da ciência e das pesquisas para a sociedade. É isso que afirma Alessandro Chagas Silva, geógrafo egresso da UEPG e integrante do Gupe desde 2017. “A primeira palavra que me vem à cabeça é acessibilidade, mas não podemos deixar de esquecer que esta réplica é uma grande ferramenta de educação patrimonial, aliada a uma devolutiva para a sociedade”, explica Alessandro. “Isso quer dizer que a pesquisa realizada pelo Gupe não fica restrita à academia, e sim é de acesso ao público em geral que queira conhecer a primeira réplica brasileira de um painel com arte rupestre”, completa.

Alessandro também é guia de turismo e autor do projeto Arqueotrekking Roteiros Arqueológicos. Ele ressalta que haverá uma segunda réplica do painel em Piraí do Sul, aumentando ainda mais o número de pessoas com acesso a essa descoberta e democratizando o acesso ao patrimônio arqueológico de valor inestimável.

Uma equipe multiprofissional esteve envolvida na produção do painel das araucárias. O contramolde foi produzido a partir de uma parceria entre os laboratórios de impressão em 3D dos professores Mauricio Zadra Pacheco, de Engenharia de Software, e Benjamim de Melo Carvalho, do curso de Engenharia de Materiais. 

Os professores Benjamin e Pacheco explicam que o processo foi todo mais lento, pela exigência de fidelidade exigida de uma réplica. Seriam, inicialmente, 64 peças que tiveram que ser reduzidas para cerca de 30. Entre os estudantes de extensão e iniciação científica que participaram da empreitada, está Lucas Burgardt, que atualmente cursa o último ano de Engenharia de Software na UEPG. “Como a nossa impressora e a do laboratório do professor Benjamin têm o tamanho de 25cmx25cm, eu tive que cortar o modelo em quatro partes, em todos os eixos”, relata o estudante.

O professor Benjamin reforça que nestes momentos de grandes demandas, é preciso mobilizar diversas pessoas. Desde 2020, por conta da pandemia e dos processos de confecção dos face shields, os laboratórios desenvolveram uma grande parceria com os outros cursos e também parceiros externos da UEPG. “Quando você tem alguma demanda que envolva a produção de muitas peças, você precisa de um exército de formiguinhas. Então os professores nos procuraram para que a gente pudesse disponibilizar a estrutura de impressoras do nosso laboratório”, relembra.

Pacheco explica que o tempo de impressão dos blocos para o contramolde foi um complicador, daí a necessidade das parcerias. “A partir desse contramolde, o pessoal montou um molde para fazer a réplica, cujo modelo final está no Museu”. 

Arqueologia e arte

Reconstituir uma réplica não é como montar um quebra-cabeça. É preciso ter um olhar meticuloso e artístico. É assim que trabalha Moacir Elias Santos, arqueólogo e artista responsável pela produção da réplica do abrigo das araucárias e por inúmeras outras do acervo do Museu de Arqueologia Ciro Flamarion Cardoso, localizado no bairro de Oficinas, em Ponta Grossa.

Christopher Santos é doutorando em Geografia na UEPG e conheceu Moacir durante um projeto de pesquisa sobre o patrimônio paleontológico do Paraná.  “Moacir é uma referência na produção de réplicas, um grande pesquisador e artista. Durante essas minhas pesquisas na graduação, aprendi técnicas de moldagem e produção de réplicas com ele e outros profissionais da área”, conta. “Este é um trabalho minucioso, que exige bastante técnica e conhecimento, leva alguns meses e envolve uma equipe multidisciplinar”, completa. 

Ao contar sobre o processo de produção das réplicas, o arqueólogo se orgulha de cada detalhe produzido por ele ao longo de 30 anos de trabalho. Sobre a mesa do Museu de Arqueologia, em frente a réplicas de cerâmicas marajoaras e artefatos peruanos, um dos dois painéis de araucárias esperando para receber os toques finais de tinta.

“Para ter uma espécie de textura igual à rocha original, já que a base é o arenito, nós acabamos usando resina epóxi e colamos areia sobre toda a superfície”, conta ele. A base foi encerada e recebeu camadas de silicone intercaladas com gaze para acrescentar resistência e estabilidade ao material, para que o molde fosse confeccionado. Depois de seco, foi a vez da fibra de vidro e da resina líquida que deram a cara da peça final. 

A equipe que trabalhou durante meses na réplica do painel das araucárias se alegra com o produto final, produzido com uma junção inédita de técnicas que culminaram num resultado único. “É impossível a gente aplicar qualquer material sobre a superfície da rocha no local. É um patrimônio. Nós não podemos danificar esse patrimônio, então ele tem que ser conservado. Mas a fotogrametria e esse processo aqui todo permite a construção de um modelo exato, sem nenhum contato com a peça original, no caso, o bloco original, onde estão as pinturas, o que assegura tanto a conservação quanto a difusão científica”, explica Moacir.

Para o diretor do Museu de Ciências Naturais da UEPG Antonio Liccardo, receber a réplica é um momento ímpar, uma vez que efetiva a transmissão de conhecimento científico para a sociedade. Liccardo conta que Moacir é pesquisador convidado do Museu e declara que divulgar a arqueologia dos Campos Gerais é um dos motes do MCN. “Este é um momento em que culmina a presença da arqueologia como ciência dentro do Museu. E que representa as pesquisas que a Universidade vem fazendo ao longo dos anos e que agora se reflete como um material bonito, interessante para o público geral”, relata o diretor. 

Moacir e Luzia 

O menino que queria ser paleontólogo porque amava dinossauros acabou saindo do interior do Paraná para estudar Arqueologia em uma universidade federal, no Rio de Janeiro. Moacir Elias Santos foi o responsável pela confecção de 8 réplicas do crânio e do busto de Luzia, o fóssil humano mais antigo do Brasil, a pedido do setor de antropologia biológica do Museu Nacional. “A cabeça da Luzia foi tomografada, submetida então depois a uma impressão lá na Inglaterra, isso no ano de 1998, quando ainda nem se falava em impressão 3D. Então esse modelo veio da Inglaterra pro Brasil, e depois ele ficou exposto no museu. Nós conseguimos autorização para fazer um molde desse modelo e constituímos uma cópia do crânio, que a gente tem hoje em dia aqui também”, explica o professor.

A réplica do crânio foi feita de outra forma: a partir de um protótipo de impressão 3D. “Nós tivemos contato com o crânio original lá dentro do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. A impressão não sai perfeita, porque é feita a partir de uma tomografia do crânio, né? Eu moldei essa impressão, fiz uma cópia de gesso e comecei a trabalhar em cima dela para produzir os detalhes. O que não saiu na impressão 3D eu produzi à mão para deixar uma réplica mais perfeita do que seria o crânio da Luzia. E é essa réplica que está na exposição do Museu de Ciências Naturais da UEPG. A ideia é produzir outra para enviar ao Museu Nacional”, relata Moacir.

O incêndio que ocorreu no Museu Nacional no ano de 2018 causou uma perda de 20 milhões de itens do acervo. Entre os que foram destruídos, estão o busto de Luzia produzido na Inglaterra e o crânio original – foram encontrados apenas fragmentos do fóssil. “Fizemos mais de 150 fotos do crânio em detalhes para produção da réplica, e essas fotos se tornaram únicas. Se não fosse pelas réplicas, a gente não teria outros exemplares. Foi uma perda muito grande”, finaliza. 

O futuro do Gupe

Para o futuro, o Gupe planeja desenvolver projetos por meio de parcerias, ampliar o número de membros e aumentar as frentes de atuação do grupo. Somente nos últimos 12 anos, o Gupe conseguiu encontrar entidades que se propusessem a olhar seriamente para a arqueologia e a espeleologia, fazendo com que o grupo pudesse trabalhar com estrutura adequada. 

Henrique Simão Pontes é geógrafo e integrante do Gupe. Foi vice-presidente da Sociedade Brasileira de Espeleologia de 2019 a 2023 e revela que, atualmente, há dois projetos em andamento pelo Gupe: o Campos Gerais Rupestre e o EspeleoEscarpa. “Com estes programas, temos um portfólio com vários projetos de pesquisa e extensão focados no estudo e na divulgação científica acerca do patrimônio espeleológico e arqueológico regional, com foco na área da Escarpa Devoniana e entorno. É uma área ampla, então oportunidades de áreas para novos estudos é o que não falta”. 

Além das atividades em andamento, até o ano de 2026 o Gupe irá desenvolver três projetos com o apoio de Leis de Incentivo: ‘Tibagi Rupestre: patrimônio arqueológico da APA da Escarpa Devoniana em Tibagi’; uma exposição fotográfica itinerante chamada ‘Patrimônio desvendado: as pinturas rupestres da Escarpa Devoniana em Ponta Grossa’; e uma produção audiovisual no formato de média-metragem sobre os grafismos rupestres do município de Ponta Grossa. 

Texto e fotos: Domitila Gonzalez. Fotos de arquivo do Gupe: Angelo Eduardo Rocha, Alessandro Chagas Silva, Henrique Simão Pontes, José Mario Budny, Celso Margraf.


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