Olimpíada de Matemática da UEPG completa dez anos de promoção à educação

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Dez. Número natural e composto. Par e defectivo. A base do sistema decimal e resultado da soma dos quatro primeiro algarismos. Para o matemáticos da antiga Grécia, como Pitágoras, Dez é um número perfeito pois simbolizava a natureza e a combinação dos elementos até então conhecidos. O número Dez representa a passagem do tempo e celebra a realização de importantes acontecimentos. Em 25 de maio de 2024, sábado, teve início a 10ª Olimpíada de Matemática de Ponta Grossa, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Opmat-UEPG), um dos maiores eventos de promoção da educação em Ponta Grossa.

A primeira fase da Opmat aconteceu no Campus Uvaranas da UEPG, com a presença de 1300 participantes dos Níveis 1 a 4, que compreende estudantes do sexto ano do Ensino Fundamental ao Ensino Médio. Estiveram presentes os responsáveis dos alunos e professores dos colégios participantes, na expectativa pelo melhor resultado as crianças e adolescentes que competem as Olimpíadas. Os classificados nesta fase disputarão a segunda etapa em 21 de setembro, junto à etapa única para os estudantes dos níveis Mirim e Júnior.

A Opmat é realizada pelo projeto de extensão Olimpíadas de Matemática, do Departamento de Matemática e Estatística (Demat). A coordenadora do projeto e da Olimpíada, professora Elisangela dos Santos Meza, avalia que esta edição da competição alcançou as expectativas, com participação dos inscritos acima de 80%, e destaca o engajamento dos estudantes na organização do evento. “A participação dos voluntários da UEPG e da UTFPR é fundamental para que a Opmat aconteça. Foram mais de cento e cinquenta acadêmicos participando na aplicação das provas”.

“Matemática é uma ciência presente em quase tudo na nossa vida. Henrique já participou mais de uma vez. Desde pequeno ele sempre teve afinidade e gosto pela matemática”, afirma o engenheiro André Luiz Ferreira Júnior, enquanto aguarda seu filho, Henrique, durante a realização da prova. O pai ressalta a importância da Opmat e demais competições e atividades que ofereçam a oportunidade de desenvolver novas habilidades nas crianças e adolescentes.

Uma história de transformação no ensino

Em uma década de atuação, a Olimpíada surgiu com a proposta de promoveu o ensino e a formação contínua em Matemática para estudantes e professores de Ponta Grossa, que se refletiu ao longo dos anos em oportunidades e vidas transformadas. A primeira edição aconteceu em 2013, sob o nome de OPM, e apresentando o lema que segue representando todas as edições da competição: “Promovendo a inclusão social e ajudando a mudar o cenário da educação”. Com apenas três níveis, a primeira edição da prova premiou 160 adolescentes de Ensino Médio com medalhas de ouro, prata, bronze e menção honrosa.

A criação da Olimpíada está alinhada com a trajetória de Elisangela. Ela comenta que, durante a realização de sua pesquisa de Doutorado, em 2008, conheceu a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas e Particulares (Obmep), que a inspirou a pensar a possibilidade de realizar evento similar à nível local, que estimulasse a participação de crianças e jovens de Ponta Grossa na Olimpíada nacional, que até então era baixa, como observava a professora.

Ao finalizar o Doutorado e regressar à UEPG, em 2012, Meza trouxe a ideia para o curso de Matemática e, junto aos seus colegas de Departamento, formulou projeto do que viria a ser a Opmat e o projeto de Extensão Olimpíadas de Matemática. “Desde sua criação, os objetivos do projeto seguem os mesmos: Realizar a Opmat, estimular a participação dos estudantes nas competições nacionais e internacionais e fornecer formação continuada em Matemática aos professores e pedagogos das escolas participantes”, explica a professora.

Ao longo das edições, a organização da prova promoveu adaptações que permitiram a inclusão de mais participantes na competição. Em seu segundo ano, o evento mudou de nome oficialmente para Opmat e passou a contar com quatro níveis. A partir da quinta edição, em 2017, a Olimpíada abriu-se para estudantes de Ensino Fundamental, por meio do Nível Júnior. A Opmat não ocorreu em 2020, devido à pandemia de Covid-19. A última mudança ocorreu ano passado, na nona edição, com a inclusão do Nível Mirim, possibilitando a participação de crianças dos primeiros anos do Fundamental.

A professora destaca que a competição conta, desde o início, com engajamento de professores e escolas do município. O resultado é a participação de quase todos os colégios públicos e particulares do município na competição e uma média de adesão superior à 80% entre os estudantes inscritos. “Outro dia encontrei uma aluna que me abordou e revelou a importância de ter participado da Olimpíada para o vestibular. Estar no ambiente da Universidade desde a adolescência trouxe a ela mais tranquilidade frente aos colegas”, recorda Elisangela.

Além da Opmat, o projeto Olimpíadas de Matemática promove a realização regional da Obmep e cursos de formação continua em matemática para professores da rede pública. A professora Janaína Freitas da Silva, do Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caic) atesta o impacto dessa formação em sala de aula. Com 28 anos de carreira, Janaína observa a mudança na forma que seus alunos observam a Matemática desde que aplicou seu aprendizado na formação com eles. “A evolução foi muito grande, pois os alunos tinham um pensamento restrito para a resolução de problemas e com a aplicação do curso, nossa visão sobre a Matemática foi ampliada”. Ela ressalta o grande avanço por qual passam os alunos que participam da Opmat.

Em uma década, a Olimpíada Pontagrossense de Matemática premiou três mil e quinhentos crianças e adolescentes. Quando pensa nos resultados alcançados nos últimos anos, Elisangela é enfática: “Para mim, a Opmat é uma realização pessoal. É muito satisfatório ver o crescimento dos alunos e os lugares que eles chegam graças às Olimpíadas”. Sobre o futuro da Olimpíada, a professora declara confiar nas futuras gerações para sua continuidade. “Eu sempre incentivo meus alunos a se dedicarem aos estudos. Pode ser que entre eles surja um professor que atuará aqui na UEPG e dará continuidade à esse projeto que transforma vidas e muda a educação em nossa cidade”.

Histórias de campeões

O impacto da Opmat para a educação em Ponta Grossa pode ser percebido nos corredores da UEPG. “A participação na prova revelou para muitos aptidão na área de ciências exatas. Além de muitos dos meus alunos terem passada pela Opmat, encontro outros tantos competidores cursando Engenharias na UEPG”, celebra Elisângela. A professora destaca que participar da Olimpíada significa, para muitos participantes, reconhecer aptidões que até então desconhecia e o surgimento de novas oportunidades.

“Posso dizer que sou apaixonado pela Opmat”, declara Luiz Henrique Bahls, estudante do segundo ano de Licenciatura em Matemática e veterano de cinco edições da Olimpíada. Ele participou da competição do Sexto Ano do Ensino Fundamental ao último ano do Ensino Médio, da quarta à oitava edição, e foi medalhista em todas. Atualmente ele atua como extensionista no projeto Olimpíadas de Matemática e auxilia na organização das provas. Luiz observa que, ao longo da sua participação, ele evoluiu intelectualmente. “Antes da Opmat, jamais pensaria que estaria aqui hoje, cursando Matemática. Se pudesse dar um conselho par quem está iniciando sua jornada nas Olimpíadas, diria para ter persistência e acreditar em seu potencial, sempre”.

Participar da Olimpíada aproxima histórias de vida. Este é o caso dos irmãos Elias e Elizane dos Santos. O empresário e engenheiro civil e a estudante de Engenharia de Alimentos compartilham trajetórias similares, pois ambos são filhos da educação pública e transformaram suas vidas graças à Matemática. Elias participou da Olimpíada em suas primeira edições, o que permitiu aproximar-se da sua área de formação. Quando participou da primeira edição da prova, em 2013, era aluno de curso técnico em eletromecânica integrado ao Ensino Médio no Centro Estadual de Educação Profissional de Ponta Grossa (CEEP). Ele ingressou na ideia de participar da Olimpíada após participar na Obmep, que lhe garantiu uma bolsa em colégio particular.
Diferentemente de outras competições, a Opmat permitiu a Elias ter contato com a Matemática em sua forma mais pura. “Cada edição que participava me fazia gostar ainda mais de Matemática, pois sempre haviam novos problemas a ser resolvidos”. Ele revela que participar da Opmat é, além de uma oportunidade de encontrar novos desafios, também a porta de entrada para sua escolha profissional. “Alguns dos medalhistas da Opmat tornaram-se meus colegas em Engenharia Civil. O fato da prova fomentar a solução de problemas e ajudar no desenvolvimento do raciocínio lógico permite descobrir vocações para ciências exatas”.

A sua trajetória acadêmica inspirou sua irmã mais nova, Elizane, que participou de forma ininterrupta da competição, desde o Sétimo Ano do Ensino Fundamental. Ela revela que participar da Opmat sempre foi importante para ela, sobretudo por encontrar pessoas que compartilhavam o interesse pela matéria. “Muito legal encontrar pessoas que também gostam da Matemática, porque em sala de aula era mais difícil de compartilhar o interesse”. A estudante se define como competitiva, o que para ela tornava a participação na Olimpíada ainda mais interessante, brinca.

Para ela, a Matemática e a Opmat foram fundamentais para orientas sua escolha profissional e o que era seu interesse tornou-se sério e mostrou para a futura engenheira o caminho profissional a seguir. Elizane explica que o amor pela Matemática que compartilha com Elias e a trajetória profissional de seu irmão também foram fontes de inspiração fundamentais para suas escolhas. “Estamos sempre buscando inspirações. Da mesma forma que eu tive esse papel com minha irmã, tenho certeza que ela será fonte de inspiração para outros”, comenta Elias.

Outros campeões da Opmat seguiram por caminhos opostos, mas também reconhecem o papel da Olimpíada para sua formação. Este é o caso de Amy Sakakibara, medalhista de prata da primeira edição da prova e acadêmica de Medicina na UEPG. Ela explica que a Matemática foi sua matéria favorita na escola e quando abriram as inscrições para a primeira edição da Opmat decidiu participar para, em suas palavras, testar seus conhecimentos. Com o passar do tempo e a participação das duas edições seguintes da Opmat, das quais também foi medalhista, Amy percebeu que sua vocação estava em outro lugar, mas sem perder a gratidão à Olimpíada por abrir portas para o futuro.

“A Opmat foi meu primeiro contato com provas como o Enem e Vestibular e facilitou o aprendizado na escola, por ser um conteúdo mais complexo que o apresentado em sala de aula”. A estudante recorda o orgulho de ter sido premiada na primeira edição da competição e considera essa etapa da sua vida um aprendizado muito importante. “Olhar para trás e recordar como eu me dediquei por aquela conquista é muito legal. Aquela vitória foi essencial para que eu seguisse me esforçando e me dedicando aos estudos”.

Texto: Gabriel Miguel, com apoio de Tierri Angeluci | Fotos: Tierri Angeluci e Arquivo pessoal


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