Projeto da UEPG recebe Selo Resgata por trabalho com pessoas monitoradas

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A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) provou, mais uma vez, ser atuante na extensão e na segurança pública no Paraná. O reconhecimento veio na tarde desta terça-feira (25), em Curitiba, durante solenidade organizada pelo Departamento de Polícia Penal do Paraná (Deppen) e Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen). O projeto de extensão Núcleo de Atendimento às Pessoas com Monitoração Eletrônica (Nupem) recebeu o Selo Resgata, que reconhece instituições no trabalho de ressocialização de pessoas privadas de liberdade (PPL). O prêmio veio em escala regional, já que o projeto havia recebido a honraria nacional em abril deste ano.

O Nupem completa um ano em julho e é um projeto de iniciativa da UEPG, em parceria com as Universidades de Londrina (UEL) e Maringá (UEM), Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC) e Unicesumar, que busca promover a inclusão social de pessoas em privação de liberdade e monitoradas por tornozeleira eletrônica com oportunidade de emprego, estudos e capacitação profissional.

“Como professor extensionista, o Selo representa uma das maiores conquistas na minha vida acadêmica, pois sempre acreditei no poder transformador da extensão universitária”, comemora Rauli Gross, coordenador do projeto. Receber a certificação a nível estadual e nacional é uma motivação para continuar o trabalho em projetos que envolvam pessoas privadas de liberdade (PPL), segundo ele. É a primeira vez no Brasil que uma universidade pública auxilia o Estado em demandas desta natureza. Criado em 2011, o Nupem teve como principal objetivo propor atividades socialmente responsáveis, voltadas à segurança pública e à justiça social. “A partir do final de 2018, a UEPG avançou no projeto e firmou convênio com o Deppen, e após cinco anos os resultados são positivos, colocando a UEPG entre as instituições públicas que mais dão oportunidades a pessoas em privação de liberdade no Brasil”.

O Nupem realiza atendimentos para pessoas com tornozeleira eletrônica de forma multidisciplinar, com alunos de Direito, Serviço Social e Psicologia, que atendem em Ponta Grossa, Curitiba, Londrina, Maringá e Cruzeiro do Oeste. Ainda, há oportunidade de trabalho remunerado na UEPG: são 37 pessoas em privação de liberdade ou monitorados que atuam nas seções de jardinagem, limpeza, restaurantes universitários, apoio administrativo, manutenção, obras e serralheria. “Aqui, eles conhecem uma outra realidade, porque acabam convivendo com as pessoas da universidade, assim eles valorizam o próprio trabalho e o que é feito dentro da UEPG”, conta Márcio Champoski, servidor da Prefeitura do Campus.

Humanização na prática

E não é só oportunidade de trabalho que as pessoas do projeto encontram na UEPG. Aqui tem relacionamento humanizado. Márcio relembra das vezes que foi abrir conta bancária; ver horários diferenciados de trabalho, pois os monitorados precisavam ficar com os filhos; e ficar de olho se os apenados estão à vontade no setor. “Foram várias as vezes que fui conversar pra ver se eles estão felizes na área, aí se me dizem que não, vou lá e vejo se num outro setor eles se encaixam”, relembra. O servidor acabou sendo um referência aos apenados para pedir informações, mesmo não estando diretamente ligado às questões burocráticas.

“Eles falam entre si para me procurarem pra tirar dúvidas, então lembro de ir várias vezes com eles ver vale-transporte, questões de salário e alimentação”. Os participantes ainda fazem as três refeições do dia, tomam banho e recebem um salário. Quando realizam um bom trabalho, a maioria sai com emprego garantido em empresas, quando a pena termina. “Eu os indico nas empresas parceiras, então vê-los saindo com emprego é sempre uma alegria”, finaliza.

“A gente entende a importância de ter mais pessoas junto à equipe, mas além disso damos a oportunidade de ressocialização, dando senso de iniciativa e espírito de coletividade, que é muito positivo pra eles e para nós”, destaca o professor Orcial Bortolotto, diretor da Fazenda Escola Capão da Onça (Fescon). Somente na Fazenda, são 10 pessoas do projeto que estão trabalhando. “Tivemos um retorno muito positivo e surpreendente com a participação deles, pois eles nos auxiliam muito no funcionamento, com um ótimo relacionamento junto aos nossos servidores”.

Na jardinagem, não é diferente. A grama toda aparada e as plantas cuidadas também têm mãos dos apenados. Conforme conta Anderson Dorigon, chefe do setor de jardinagem, a prontidão em auxiliar foi recebida com muito entusiasmo pelos servidores. “Vemos que eles estão progredindo, sempre apresentando um ótimo comportamento, o que os auxilia para irem ao semi-aberto. Quando são libertos, conseguem bons empregos no setor privado, o que nos dá sensação de dever cumprido”.

Texto e fotos da cerimônia do Selo: Jéssica Natal | Fotos dos apenados na UEPG: Aline Jasper


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