O pianista Jair Petry, idealizador do projeto, se apresentou nas quatro Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do HU, além do saguão do hospital, Casa da Acolhida e Ambulatório de Reabilitação. Já no Hospital Universitário Materno-Infantil (Humai), o pianista tocou na UTI neonatal e na brinquedoteca. Por fim, Petry se apresentou no Ambulatório Universitário Amadeu Puppi, na recepção e nos consultórios.
Petry conta que a inspiração para a criação do projeto surgiu de uma ação com crianças da periferia de Curitiba, na qual elas permaneceram em absoluto silêncio, ouvindo uma apresentação de piano. “Ali eu percebi que era possível fazer algo diferente com a música. Pensamos em um projeto que pudesse estar onde a maioria das pessoas não queriam estar, como hospitais, lares para idosos, instituições de acolhimento de crianças. A partir disso, desde 2019, estamos todos os dias em instituições promovendo esses momentos de bem-estar através da música”.
Ele conta ainda que se impressionou com o cuidado com que todos os colaboradores dos HU-UEPG tratam os pacientes e familiares. “Eu observo bastante porque a minha área é a humanização. A gente percebe que realmente aqui no hospital o atendimento é muito diferenciado e o quão dedicados são os colaboradores em relação a algumas situações. Estou muito feliz em estar aqui”, finaliza.
O diretor-acadêmico dos HU-UEPG, Guilherme Arcaro, afirma que desde que recebeu o convite para que os Hospitais Universitários participassem da ação já ficou deslumbrado com toda a dinâmica e todo o ganho que a música poderia trazer para o ambiente hospitalar. “Acompanhando nas UTIs, percebi que a música faz diferença na condição de saúde com a redução da frequência cardíaca e respiratória. Nesse ambiente com muitos alarmes, ruídos, as notas musicais deixam aquele ambiente talvez inóspito mais calmo e tranquilo”.
“Eu nunca cantei, assim, em público. Até eu me surpreendi”, riu o seu Ary Fernandes, paciente do HU cujo envolvimento com a apresentação musical emocionou não só a Guilherme, mas a todos ao redor. Ele, que tem 88 anos, relata que estava triste com a internação hospitalar e jamais esperava encontrar música em um ambiente como esse. “Fui ouvindo, bem longe, o piano. Achei que estava ‘ouvindo coisa’. Depois fui chegando mais perto. Aí eu vi que a música estava vindo até mim”, contou emocionado.
Vindo de uma família que aprecia muito a música, seu Ary sempre gostou da arte de transformar sons em melodia. Apaixonou-se pelo violão, mas também se aventurou em outros instrumentos, sempre aprendendo sozinho. Ele é modesto: diz que não sabe tocar muito bem, mas em todas as músicas, os dedos tocavam com destreza teclas imaginárias no lençol hospitalar. Quando Jair tocou a famosa canção italiana “O Sole Mio”, não resistiu. Foi invadido pela música, que deu força e ímpeto para cantar, em italiano: “Ma un altro sole, più bello non c’è… il sole mio sta in fronte a te!“. Na sala de observação do Pronto Atendimento do HU, não houve quem não fosse tocado pela música. Seu Ary resumiu de forma simples e bela: “A música é minha vida. Me dá força para viver”.
Texto: Tierri Angeluci e Aline Jasper | Fotos: Aline Jasper, Luciane Navarro, Tierri Angeluci