Complementar o diagnóstico de Covid-19 de pacientes internados no Hospital Universitário da UEPG: esse é o objetivo dos 2 (dois) mil testes de laboratório adquiridos pela instituição nesta semana. São testes sorológicos, que identificam a presença de anticorpos nas amostras coletadas dos pacientes, a partir de uma reação enzimática (metodologia ELISA). O laboratório do HU-UEPG é o primeiro do Paraná e um dos primeiros do país a realizar esse tipo de teste com esta metodologia.
Os testes serão aplicados somente para pacientes internados na ala Covid, setor do hospital isolado para atendimento dos casos suspeitos e confirmados da doença, segundo o vice-reitor da UEPG, professor Everson Krum. “São exames complementares, que serão utilizados para tornar o diagnóstico mais preciso em conjunto com outros dados clínicos, epidemiológicos e de imagem, sintomas e o resultado de RT PCR realizado pelo Lacen”,explica.
O professor ressalta que os testes serão realizados conforme critérios clínicos e de protocolos estabelecidos pelas equipes do HU, e que não será deixado de realizar exames pelo Laboratório Central do Estado (Lacen-PR): “O teste aplicado pelo Lacen é o RT-PCR, que detecta o vírus quando está circulando no corpo do paciente. O nosso teste detecta os anticorpos produzidos pelo paciente, então tem uma maior eficácia depois de aproximadamente 10 dias de início dos sintomas. Usar os dois tipos de testes, junto com outros exames, dá maior segurança ao diagnóstico, evitando falsos negativos ou falsos positivos”.
“Todo diagnóstico é probabilidade, nunca é 100% de certeza. Quanto mais elementos você tiver para associar, maior a chance de acertar. E essa é mais uma ferramenta”, aponta o professor de imunologia da UEPG Celso Luiz Borges. Ele enfatiza que o diagnóstico de qualquer doença deve passar por uma avaliação médica, que considera mais elementos do que somente um exame. “No caso da Covid-19, o médico avalia um contexto que envolve os sintomas, exames de tomografia, exame de PCR, e agora também vai poder utilizar essa informação da presença ou não de anticorpos”, comenta.
Como assinala o reitor da UEPG, professor Miguel Sanches Neto, a aquisição dos testes reforça a responsabilidade das instituições públicas neste momento de pandemia. “Ter esses testes disponíveis para os pacientes do HU-UEPG demonstra o compromisso da UEPG e da Seti, por meio da parceria entre Hospital Universitário e Sesa, com os resultados dos exames e o diagnóstico preciso”, enfatiza.
A escolha deste teste em específico passou por um processo de levantamento das publicações científicas sobre os exames para diagnóstico de Covid-19, que levou em conta a sensibilidade e especificidade do produto, além de consultoria com o laboratório do Hospital Geral de Massachussets, nos Estados Unidos. Como conta a professora Mariane de Faria Moss, chefe do laboratório do HU, houve uma preocupação em escolher um exame confiável, mesmo com o relaxamento das medidas de validação durante a pandemia. “O teste escolhido é validado com um número maior de amostras do que outros disponíveis no mercado. Com esse relaxamento, ficou mais difícil de saber qual a verdadeira eficiência dos testes. Por isso, fizemos um estudo cuidadoso de qual exame escolher”, explica.
Como funcionam os exames
Da mesma forma que outros exames sorológicos, os testes adquiridos pelo HU-UEPG verificam a resposta imunológica do corpo em relação ao vírus. A metodologia se chama ELISA (Ensaio de Imunoabsorção Enzimática, na sigla em inglês) e verifica a presença de uma enzima que se conecta especificamente aos anticorpos IgA e IgG. Os exames são realizados a partir de amostras de sangue coletadas dos pacientes internados na ala Covid-19.
No laboratório do HU-UEPG, os testes detectam a presença de dois anticorpos: as imunoglobulinas do tipo A (IgA) e G (IgG). Os anticorpos IgA são marcadores de infecção aguda em doenças respiratórias, ou seja, detectam a Covid-19 enquanto o paciente ainda tem sintomas da doença (após cerca de 10 dias do início dos sintomas). Já os anticorpos IgG aparecem depois do contágio e continuam no corpo do paciente, podendo determinar se as pessoas tiveram contato com o vírus mesmo depois de não haver mais sintomas.
O Laboratório Central do Estado (Lacen-PR) utiliza a metodologia de RT-PCR, que é um exame que detecta a informação genética do vírus SARS-CoV-2, que causa a Covid-19, em uma amostra coletada das vias aéreas do paciente. Este tipo de exame tem maior eficiência entre o terceiro e décimo dia após o início dos sintomas.
Texto e fotos: Aline Jasper