A estética não é a única finalidade para a aplicação da toxina botulínica. É o que o Hospital da Universidade Estadual de Ponta Grossa (HU-UEPG) mostra com o Ambulatório de Toxina Botulínica para Deficientes. O trabalho auxilia no tratamento de pacientes com lesões no cérebro ou na medula. A aplicação deixa a musculatura mais solta, permitindo melhor mobilidade. Criado o 2015, o Ambulatório é referência na região sobre o tratamento.
Um acidente em 18 de setembro de 2014 mudou a vida de Paulo Ricardo Neves. Depois daquele dia, o lado esquerdo corpo ficou paralisado. A retomada da qualidade de vida aconteceu quando iniciou o tratamento no Ambulatório, em 2015. “Melhorou muito minha rotina, sem o meu tratamento aqui, eu não estaria andando como estou, mexendo o braço. Hoje eu consigo fazer tudo que outras pessoas fazem em relação ao movimento”, comemora. Paulo aplica a toxina botulínica no HU em sessões a cada três meses. “Na aplicação passada, relatei um problema que identifiquei no meu pé direito, eles me ouviram e trataram o problema, então para mim é muito importante fazer esse tratamento aqui”.
A aplicação da toxina botulínica é uma ferramenta dentro do processo global de reabilitação, conforme enfatiza a médica. “Nas diretrizes do Ministério da Saúde, o paciente deve realizar tratamento de reabilitação para poder ter acesso ao tratamento, para que o resultado seja o melhor possível”. No HU, o Ambulatório atende todas as quartas-feiras pela tarde. “O paciente é encaminhado pela Unidade de Saúde da sua região, faz a triagem conosco e, caso se encaixe nas condições de tratamento, vem para aplicar o remédio conosco”, informa. As aplicações são realizadas em um intervalo de três meses e os pacientes podem reaplicar quantas vezes forem necessárias.
De acordo com a fisioterapeuta Isadora Prestes, a aplicação da toxina botulínica faz toda a diferença no tratamento de reabilitação. “Facilita nosso mecanismo de trabalho, pois a toxina favorece o movimento, então a gente consegue caprichar mais, dar uma qualidade do movimento do paciente”, explica. A facilidade é notada também pelos pacientes. Wagner Henrique Faustin frequenta o ambulatório há quatro anos e conta que notou melhora desde que iniciou o tratamento. “Minha perna direita é atrofiada, mas por causa das aplicações soltou tudo. Sinto que desde o começo deu resultado”, conta. O rapaz conheceu o tratamento em 2005, em Curitiba. “Gosto muito de vir aqui, pois o atendimento é excelente. Ainda bem que tenho tratamento próximo da minha casa, pra não precisar ir para Curitiba”.
O ambulatório existe desde março de 2015, com médicos, fisioterapeutas, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, farmacêuticos e residentes. No Paraná, além de Ponta Grossa, a aplicação da toxina acontece em Londrina e Curitiba. A referência, segundo Lígia, também de mostra com visitas de profissionais de todo Brasil. “Aqui, treinamos médicos do país, dando um respaldo e melhora para os pacientes que se tratam com os outros profissionais, com um tratamento de ponta. Esse é um diferencial que quase nenhuma instituição tem, mesmo em Hospitais e Universidades maiores”, finaliza.
Texto e fotos: Jéssica Natal