O Ambulatório de Saúde da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) retomou, na última segunda-feira (20), a realização de exames preventivos de câncer de colo de útero. A coleta para o exame é feita todas as segundas-feiras, no Ambulatório da UEPG, no campus de Uvaranas. O exame é gratuito e destinado a mulheres da comunidade universitária.
O projeto foi criado em 2008, em uma parceria entre o Departamento de Enfermagem e a Pró-Reitoria de Recursos Humanos (ProRH). O que a princípio era realizado apenas para o atendimento interno, passou em 2016 a realizar a coleta do exame preventivo para o SUS. “Isso aconteceu porque nós começamos a verificar casos positivos e nós precisávamos dar um encaminhamento para essas mulheres. Pela confiança do trabalho que nós realizamos junto à Secretaria de Saúde desde 2014, foi possível inserir o ambulatório da UEPG no SUS”, explica a professora do Departamento de Farmácia, Edneia Peres Machado.
No projeto da UEPG estão envolvidos os cursos de Enfermagem e Farmácia, que atendem no ambulatório, e o curso de Medicina, que atua na Rede Feminina de Combate ao Câncer. O curso de Engenharia de Computação também está envolvido no projeto desenvolvendo um aplicativo sobre o exame. “No ensino é um projeto bastante interessante porque ele é multidisciplinar e multiprofissional”, avalia a professora Edneia.
A acadêmica Rafaela Moreira Taques está no 4º ano do curso de Enfermagem e realizou o seu exame no Ambulatório. Segundo ela, o atendimento recebido foi acolhedor. “A forma como eu fui atendida hoje foi muito humanizada e eu achei super válida a forma como o procedimento todo foi explicado pra mim. E a questão da privacidade, de me sentir confortável com o que estava acontecendo, porque a gente fica exposta, né? mas foi muito bom, e eu consegui juntar o que eu tenho de teoria nas aulas à prática”, afirma. Além disso, Rafaela destaca que o momento é importante para ela como paciente, mas também serviu de espelho para sua futura atuação profissional. “E como paciente! Porque ser paciente é diferente de ser quem está realizando o exame ali. Então a forma como eu fui atendida hoje é a forma como eu quero atender o meu paciente no futuro também”.
Já para a aluna do segundo ano de Enfermagem, Cecília Lopes, ações como essa dentro da Universidade proporcionam uma formação plural e que permite ao aluno o contato com várias etapas do processo de atendimento e realização de exames. “Eu não fico só aqui no laboratório com a professora, a gente vê o resultado das lâminas que foram para exame e podemos acompanhar como foi o nosso trabalho, além daqui de dentro do ambulatório, não só na coleta, mas também na análise”, conta a acadêmica.
O câncer de colo de útero e a importância do exame preventivo
O câncer do colo do útero é causado pela infecção por alguns tipos do Papilomavírus Humano – HPV. A maioria dessas infecções não causa doença, mas podem ocorrer alterações celulares que evoluam para o câncer. Essas alterações são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolau), e são curáveis na quase totalidade dos casos. Por isso, é importante a realização periódica do exame preventivo.
A fim de diminuir o número de casos de câncer de colo de útero, o Ministério da Saúde tem no calendário vacinal a vacina tetravalente contra o HPV para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Essa vacina protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. A vacinação e a realização do exame preventivo (Papanicolau), portanto, se complementam como ações de prevenção desse tipo de câncer. Mesmo as mulheres vacinadas devem fazer o exame preventivo periodicamente, pois a vacina não protege contra todos os tipos de HPV.
O exame é destinado às mulheres ou qualquer pessoa com colo do útero, na faixa etária de 25 a 64 anos e que já tiveram atividade sexual. Para maior segurança do diagnóstico, os dois primeiros exames devem ser anuais. Após esse período, se os resultados estiverem normais, sua repetição só será necessária após três anos.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer do colo do útero é uma doença de desenvolvimento lento, que pode não apresentar sintomas na fase inicial, mas, excetuando-se o câncer de pele não melanoma, é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (atrás do câncer de mama e do colorretal), e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.
Texto: Cristina Gresele | Fotos: Jéssica Natal