Com 11 meses de idade, a bebê passou quase metade da vida internada. Como conta a coordenadora das UTIs Neonatal e Pediátrica do Humai, a enfermeira Ângela Maria Barbosa de Souza, Letícia internou na unidade em 09 de junho de 2020, com 4 meses e 26 dias. A bebê tinha insuficiência respiratória grave, precisou ser intubada e passou por momentos críticos desde o internamento até a data da sua alta. “No começo foi muito difícil, porque ninguém sabia o que ela tinha”, conta a mãe, Belit Milaine Kremer.
Depois de exames, chegou-se a um diagnóstico: atrofia muscular espinhal (AME), uma doença degenerativa rara que afeta as células da medula, resultando em fraqueza e atrofia muscular. A estimativa é de que a doença afete um em cada 8000 nascimentos. São quatro tipos de AME, dependendo da idade em que a pessoa desenvolve os sintomas; Letícia tem o tipo 1, o mais grave, que surge ainda dentro do útero da mãe ou nos primeiros meses de vida.
O afeto que as equipes tinham pela Letícia transparecia nos cuidados diários e no carinho com que tratavam mãe e bebê. “Durante os mais de 6 meses em que ela esteve internada aqui na UTI, a equipe toda criou um vínculo de carinho e amor por ela. Ela é uma criança doce e risonha, não tinha ninguém que passasse pelo leito em que ela estava e não sorrisse com ela. Até mesmo os funcionários de fora da UTI têm um carinho muito grande, que percebíamos nos corredores quando levávamos a Letícia para passear na brinquedoteca e tomar um pouco de sol”, diz a coordenadora. E o afeto é recíproco: a mãe garante que ficam boas lembranças do tempo passado na UTI. “Houve momentos difíceis e felizes, que pude compartilhar com mulheres maravilhosas, que sempre me trataram bem e minha filha mais ainda”, agradece.
Ainda em internamento, ela recebeu quatro doses do medicamento Spinraza, tratamento que é fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O fármaco reduz a perda das células nervosas motoras. Agora, a família tenta conseguir o remédio mais caro do mundo, o Zolgensma. A terapia genética é uma injeção de dose única que deve ser administrada até os dois anos de idade e custa cerca de R$12 milhões.
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Texto e fotos: Aline Jasper