O sonho se tornou realidade para um grupo de calouros da Universidade Estadual de Ponta Grossa. A aprovação no Vestibular 2023 teve íntima colaboração da instituição: os 09 aprovados em primeira chamada, juntamente com os 18 que ficaram na lista de espera, conseguiram a vaga com auxílio do Cursinho Popular da UEPG. Nesta terça-feira (19), depois da boa notícia de que seriam os novos alunos da graduação, os calouros comemoram no lugar onde, a partir de 2024, será a sua casa.
O Cursinho Popular iniciou as aulas em 04 de setembro deste ano, com disciplinas de Língua Portuguesa, Literatura, Redação, História e Geografia. A partir daquele dia, de segunda a sexta-feira, duas turmas tiveram aulas todas as tardes na instituição. Letícia Cavalcante foi aprovada em Letras e destaca a importância do Cursinho para os estudos. “Eu sempre gostei muito de escrever, mas não tinha auxílio de um professor, então a minhas notas de redação não eram muito boas”. Mas com a ajuda do Cursinho, Letícia diz que as notas melhorara. “Eu tive mais facilidade na hora da prova, quando vi o tema da redação não me assustei e me dei muito bem”, sorri. Ser professora sempre foi o sonho da caloura. “Fiquei muito feliz em saber que passei, tanto que não acreditei no início, mas agora estou muito animada para começar”.
Realizado pela primeira vez em 2019, por iniciativa do Diretório Central dos Estudantes (DCE), o Cursinho Popular atualmente é coordenado pelo Departamento de Estudos da Linguagem, com apoio do programa Universidade Sem Fronteiras, da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). Júlia Rudek Machado é aluna do 4º ano de Letras e uma das bolsistas do projeto. “Eu e mais cinco colegas nos revezávamos nas matérias e depois conseguimos parcerias para aulas de História e Geografia”, explica. A felicidade pela aprovação foi geral, tanto de alunos como de professores. “Nós corrigimos a prova junto com eles e recebemos um feedback muito positivo, especialmente de quem tinha as matérias que ministramos como específicas, e é claro que ficamos muito emocionados com a aprovação de cada um”.
Uma iniciativa voltada a alunos oriundos de instituições públicas de ensino, o Cursinho Popular da UEPG também auxiliou Léo Felipe da Silva Benício a realizar seu sonho. “Estudar aqui me ajudou a criar uma rotina de estudos, algo que eu não teria se estudasse sozinho em casa, e foi uma maravilha, porque tive aulas exatamente das matérias que foram as minhas específicas”.
O dever da universidade pública
O financiamento da iniciativa, por parte da Seti, possibilitou a contratação de bolsistas e a implementação do projeto, declara a organizadora do Cursinho Popular da UEPG, professora Silvana Oliveira. A rotina de estudos foi intensa, com aulas das 13h30 às 17h30. “Ficamos muito felizes com as aprovações, é muito significativo o percentual da aprovação, pois vimos que as pessoas tiveram de fato um apoio”.
O suporte aos alunos não faltou. Mesmo aqueles que não puderam comparecer mais às aulas, recebiam apostilas e estiveram em contato com os professores. “O Cursinho Popular é voltado a pessoas que não teriam condições de arcar com os custos de um cursinho particular”. Das vagas, 50% eram voltadas a pessoas negras e trans. “Nós entendemos que a vulnerabilidade social envolve pessoas que têm dificuldades de garantir o seu lugar na sociedade, então nós tivemos um cuidado de fazer a seleção priorizando pessoas negras e trans. Esse perfil de estudante faz com que a gente tenha condições de atender um público que cursinhos tradicionais não atendem”, explica. 
O projeto também tem uma proposta de integração dos estudantes com a Universidade, segundo Silvana. “Nós iremos fazer um acompanhamento desses estudantes que passaram no Vestibular. Vamos manter um grupo de orientação para que eles tenham condições de acessar todos os benefícios da Universidade já logo de entrada, pois temos esse compromisso de fazer uma ambientação e uma orientação”. A previsão é que a próxima turma inicie no primeiro semestre de 2024. “O Cursinho é um projeto institucional, e nós temos também os bolsistas que foram selecionados e que vão continuar com a gente até o final do projeto por 12 meses, então já estamos com planejamento para continuidade”.
O futuro jornalista Lucas Barbato se disse muito animado para começar as aulas na UEPG. “Eu nem acreditei que eu tinha passado, olhei duas vezes pra raciocinar, e foi muito importante ter um auxílio de um curso que me ofereceu um estudo de forma gratuita”, comemora. Depois de um abraço apertado entre os colegas, a tradicional pintura de rosto com o nome do curso e da UEPG estiveram marcados na testa e nos braços de cada calouro. “Ainda bem que deu tudo certo, sempre foi meu sonho cursar Jornalismo e estou muito feliz com minha aprovação”, finaliza Lucas.
Texto: Jéssica Natal | Fotos: Jéssica Natal e Amanda Santos
