Por Miguel Sanches Neto
Para nós, brasileiros, uma visita à África é sempre uma viagem de volta.
Pertencemos à grande família do continente africano, que nos recebe com alegria e com uma vontade de construção conjunta.
Por isso, esta missão das universidades brasileiras na África de Sul, do qual a UEPG faz parte, tem uma natureza estratégica – fortalecer traços de nossa identidade e melhorar nossa compreensão enquanto Brasil.
Para nós, a internacionalização horizontal, entre países com realidades similares, é a melhor internacionalização, porque cria vínculos solidários e aponta caminhos.
Tal compreensão é fortalecida por este momento em que o Brasil retoma espaço entre os BRICS, bloco alternativo à globalização dos mais ricos, com a presença da ex-presidente Dilma Housseff no Banco dos BRICS.
Entre as preocupações centrais de nosso país hoje estão:
1) reverter os efeitos das mudanças climáticas
2) diminuir as diferenças sociais e
3) incentivar o desenvolvimento regional.
Para executar esta política, o ensino público, particularmente a universidade pública, é o principal equipamento que existe.
Dentro desta visão integradora, de construção de uma zona internacional de resistência, o trabalho de universidades públicas é fundamental.
Assim se justifica nossa missão por diversas e importantes universidades da África do Sul.
Precisamos trabalhar em conjunto não apenas para fortalecer as nossas universidades, mas para fortalecer nossos países, que são centrais entre os que compõem os BRICS.
Sejam municipais, estaduais ou federais, estejam no interior ou na capital, sejam pequenas, médias ou grandes, nossas universidades representam múltiplas oportunidades de parcerias para países em desenvolvimento.
A universidade pública é resultado do sonho de comunidades que queriam transformar a sua realidade local. A união de universidades públicas é o mesmo sonho comunitário de construir uma transformação global.
Viva as universidades públicas do Sul global!
Professor Miguel Sanches Neto é escritor e reitor da UEPG.