O Hospital da Universidade Estadual de Ponta Grossa (HU-UEPG) recebeu da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) a habilitação para atendimento de urgência Tipo 1 a pacientes com Acidente Vascular Cerebral Isquêmico Agudo. A novidade reafirma o trabalho feito pela equipe desde 2019, com pacientes de Ponta Grossa e região.
O diretor técnico do HU-UEPG, Ricardo Zanetti, explica que a instituição já vinha prestando o serviço de urgência e emergência, sendo a referência pacientes de três regionais de saúde (3ª, 4ª e 21ª), de 28 municípios, com cerca de 1,2 milhão de habitantes. “Apesar de nós já executarmos esse serviço há vários anos, tendo sido interrompido somente no período da pandemia, a habilitação nos permite trabalhar mais próximos da Sesa sobre o procedimento”, destaca.
Atendimento
Tempo é cérebro. Seu Luiz Ferraz estava totalmente recuperado. Vítima de AVC, começou a sentir os primeiros sintomas enquanto trabalhava na horta de casa. “Senti o braço formigando, as pernas pesaram e parece que todo o sangue subiu pra cabeça”, recorda. Imediatamente, ele chamou o filho para o levar na emergência. O atendimento rápido fez com que ele pudesse voltar plenamente recuperado para casa.
Segundo o médico chefe do serviço de doenças neurovasculares do HU, Jivago Sabatini, o atendimento e tratamento rápido são cruciais para a plena reabilitação. “A cada minuto de artéria bloqueada, sem o medicamento, perdemos cerca de dois milhões de neurônios, então o AVC é uma doença que incapacita o paciente e ainda o tira do ambiente do trabalho, além de tirar alguém da casa, que vai parar para cuidar desse paciente”, ressalta.
O AVC é a doença que mais mata no Brasil e que acomete uma a cada quatro pessoas durante a vida. “Precisamos entender que é uma doença muito frequente e devastadora”, afirma. A administração do medicamento em até quatro horas após os primeiros sintomas do AVC são cruciais para o pleno restabelecimento do paciente. “O tratamento que fazemos é muito efetivo e que mostra a taxa de abertura de artérias muito alta. Por isso, se não realizado [o tratamento] a tempo, nós acabamos tendo que tratar apenas as sequelas do AVC”, explica Jivago.
O médico ainda alerta para os principais sintomas do AVC, como perda de força, alteração na fala e perda de sensibilidade no corpo. “Nesses primeiros sinais, a pessoa já deve chamar o serviço de emergência, que irá encaminhar direto para o Hospital, se for caso de AVC. Quanto antes agirmos e fizermos medicação, menor o dano no cérebro e melhor a pessoa irá voltar para casa”.
A habilitação
A habilitação da Sesa se refere ao atendimento em urgência e emergência tipo 1, trabalho que o HU realiza desde 2019. A unidade de emergência do HU é referência no atendimento em AVC na região. Jivago destaca que o Hospital tem plena estrutura para atender até o AVC nível três. “Temos profissionais à disposição 24h por dia, leitos, medicamentos, tomografia e ressonância”. Segundo o neurologista, um paciente que chega para atendimento sem mexer o braço e perna, e com dificuldades na fala, pode receber alta em três ou quatro dias plenamente reabilitado, desde que atendido nas primeiras horas.
“Ter uma unidade de AVC aqui é reafirmar algo que já fazemos, além de angariar novos objetivos, como um centro especializado de maior complexidade do AVC, com uma sala de hemodinâmica, que estende o prazo para atendimento de pacientes para até 24h”, relata. Para a equipe, a habilitação é uma recompensa pelo trabalho feito. “Posso dizer que o melhor atendimento em AVC no serviço público em Ponta Grossa se faz aqui no HU. Temos estrutura para avaliar todo o coração, veias e artérias, desde o internamento, então o paciente já sai do Hospital medicado e devidamente diagnosticado”, completa Jivago.
Texto e fotos: Jéssica Natal