ERI promove Seminário e recebe pesquisadoras internacionais

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A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) estreita laços com o mundo. Na última semana, o Escritório de Relações Internacionais da Universidade Estadual de Ponta Grossa (ERI) realizou o primeiro Seminário ‘Boas Práticas de Internacionalização’, na Sala dos Conselhos, no prédio da Reitoria em Uvaranas. Alguns dos principais temas discutidos foram letramento digital e uso de inteligência artificial (IA) como ferramenta que pode auxiliar nos processos de internacionalização.

Estiveram presentes, ao longo da semana, representantes de universidades do Equador e EUA, com as quais a UEPG possui relações de cooperação, na realização de pesquisas e conjunto e no intercâmbio de estudantes e docentes.

1º Seminário Boas Práticas de Internacionalização

A parte da manhã do evento contou com a abertura realizada pela professora Sulany dos Santos, diretora do ERI, e também uma palestra e oficina conduzida por Albino Szesz Junior, professor do curso de Engenharia de Computação e diretor da Agência de Inovação e Propriedade Intelectual da UEPG. 

Sulany revela que “discutir o uso de Inteligência Artificial no Ensino Superior é crucial para abordar questões éticas e de integridade acadêmica: Como as IAs geram conteúdo? Há o risco de plágio e dependência excessiva, o que pode comprometer a autenticidade e o aprendizado dos alunos?”. A diretora ainda afirma que, para os docentes, a introdução de IA levanta a necessidade de desenvolver estratégias de avaliação que identifiquem o uso da tecnologia, sem prejudicar a análise do conhecimento real do aluno, incentivando práticas de uso responsável e ético da tecnologia na educação. “Discutir o letramento digital de docentes e alunos é urgente”, ressalta.

Inteligência híbrida

A palestra ‘Letramento digital – inteligência artificial (IA) e Escrita Acadêmica’, oferecida por Albino, abordou não somente o uso de programas de IA, como também um histórico de desenvolvimento dessas ferramentas e a necessidade de se desenvolver, cada vez mais, uma inteligência híbrida. Sulany destaca que “essa contextualização é fundamental para que possamos nos situar nessa revolução que se impõe sobre a educação superior desde novembro de 2022, com o lançamento do Chat GPT, pela Open AI”.

Segundo Albino, a interação com as IAs e o letramento digital têm um papel estratégico nas atividades de internacionalização porque ajudam a superar barreiras de idioma, cultura e acesso à informação. “Quando professores, alunos e equipes de apoio possuem letramento digital, eles se tornam mais aptos a usar as IAs para traduzir, adaptar e personalizar conteúdos, permitindo uma comunicação mais clara e inclusiva em diferentes contextos culturais”. O professor reforça que esse alinhamento fortalece o trabalho colaborativo e estimula a troca de ideias e projetos entre universidades e centros de pesquisa ao redor do mundo.

Para Albino, é essencial que o usuário de ferramentas de IA desenvolva uma inteligência híbrida, criteriosa, capaz de reconhecer a contribuição de cada uma delas para a rotina, mas ainda assim selecionando, filtrando, trabalhando o conteúdo oferecido. O professor afirma que é possível realizar a automatização de tarefas como tradução em tempo real e criação de ambientes virtuais que facilitam a imersão cultural, permitindo que estudantes e pesquisadores se adaptem rapidamente a novos contextos. “Na visita da comitiva japonesa da Sprix, usei o modo de voz do ChatGPT no celular para atuar como intérprete de português-japonês, o que possibilitou uma comunicação direta e fluida, sem barreiras linguísticas”, recorda. “Nesta semana, também utilizamos um recurso de legenda e tradução automática para um seminário na pós-graduação em italiano, garantindo que todos pudessem acompanhar e participar das discussões em tempo real”, relata. “Essas tecnologias de IA ampliam o alcance e a eficácia das atividades de internacionalização, conectando programas e iniciativas acadêmicas de forma mais inclusiva e global”, completa.

Sulany reforça: “essa discussão é urgente, pois, segundo alguns experts no assunto, estamos diante de uma mudança de paradigma na educação. Fala-se de uma mudança de concepção sobre o papel do professor e o papel do aprendiz”. 

Parcerias fortalecidas para o futuro

A programação do Seminário incluiu um encontro virtual com a professora Luciana Cabrini Calvo, da Universidade Estadual de Maringá (UEM) que conduziu uma conversa sobre Atividade Internacional Online Colaborativa – Coil. Estiveram presentes na Sala dos Conselhos a professora Erika Karna Quishpe Naváez, da Pontifícia Universidade Católica do Equador (Puc-Equador) e a professora Jacy Aurelia Vieira de Souza, do curso de Enfermagem da UEPG. 

Jacy e Erika realizaram o primeiro Coil oficial da UEPG, no início deste ano. O segundo aconteceu em um ambiente diferente da universidade: entre os alunos da turma da professora Vanessa, do Caic, e uma Montessoriana dos Estados Unidos. 

Durante cinco dias em Ponta Grossa, a médica equatoriana conheceu as estruturas dos cursos de Saúde da Universidade, visitou os hospitais universitários e apresentou a parceria estabelecida entre as instituições. Erika esteve no Hospital Universitário (HU), onde palestrou à equipe.

Na quinta-feira (24), Quishpe se reuniu com o vice-reitor, professor Ivo Mottin Demiate, para apresentar os resultados da parceria pioneira que integrou sessenta de estudantes das duas instituições e promoveu a internacionalização por meio da tecnologia.

Além de proporcionar novos conhecimentos aos estudantes, o objetivo do Coil foi permitir que se aproximassem de culturas distintas e aprendessem sobre o sistema de saúde de outro país. “Todas as iniciativas de internacionalização abrem portas e os olhos dos estudantes para novas oportunidades. Pois assim reconhecemos em outras partes do mundo experiências similares e podemos pensar em soluções conjuntas para os problemas”, destaca a equatoriana.

“Muitas vezes nos concentramos à nossa realidade em um mundo muito amplo, e a mobilidade virtual se mostrou uma estratégia para mostrar diversas oportunidades a eles”, comenta a professora Jacy Aurélia. Ela comemora que a experiência foi extremamente positiva e motivou as turmas a participar de outras atividades internacionais e a aprender novas línguas.

O vice-reitor da UEPG destaca a impressão positiva que a universidade e seus hospitais trouxeram à pesquisadora, o que abrirá portas para futuras parcerias na área da Saúde. “Nós valorizamos muito as parcerias internacionais, sobretudo aquelas em que o idioma e a proximidade geográfica tornam-se facilitadores para a cooperação”. Demiate destaca o trabalho do ERI da UEPG em posicionar a Universidade em destaque internacional.

Sulany exalta a dedicação dos professores no desenvolvimento de atividades de internacionalização. “O Coil é considerado uma atividade de internacionalização em casa e oferece possibilidade de engajar professores e alunos em intercâmbio de práticas e conhecimentos específicos de forma online”, explica a diretora do Eri. “Não existe uma fórmula, mas o mais importante é que o Coil democratiza a internacionalização para os alunos, tendo em vista que eles participam de atividades com estudantes de outros países e ampliam suas perspectivas de atuação profissional sem sair do seu país de origem”, completa.

Inglês como Meio de Instrução

A professora Mariza Tulio, do Departamento de Letras da UEPG, foi uma das participantes do Seminário. Ela afirma que a internacionalização no ensino superior é uma prioridade crescente para muitas universidades, visando promover a diversidade cultural, expandir o conhecimento global dos estudantes e melhorar a qualidade acadêmica. “O EMI [Inglês como Meio de Instrução] é uma das estratégias fundamentais para a internacionalização, pois oferece um sistema linguístico que facilita a colaboração global”, destaca. 

Mariza explica, ainda, que essa ferramenta representa o uso do inglês no ensino de conteúdo e não o ensino da língua inglesa, geralmente em contextos universitários. “Essa abordagem é um meio de promover a internacionalização do ensino superior, permitindo que alunos e professores de diferentes países interajam em um idioma comum, independentemente da área de conhecimento”, finaliza.

UEPG na rota da qualidade

A UEPG recebeu, também no dia 24 de outubro, representante da Universidade Estadual de Ohio (Ohio State University – OSU), dos Estados Unidos, em palestra coordenada pelo ERI e direcionada a estudantes de Agronomia e Zootecnia. A OSU foi a primeira universidade estrangeira a firmar convênio de cooperação institucional com a UEPG, há 25 anos, recorda a coordenadora do ERI, professora Sulany Santos.

A advogada Jane Aparecido, diretora do escritório da OSU para o Brasil, apresentou aos alunos as oportunidades de ingressar na universidade. Durante a apresentação, ela falou sobre os trabalhos de pesquisa desenvolvidos na Universidade de Ohio na área de Agronomia e produção de alimentos. Ela ressalta que sua passagem pela UEPG é parte de um roteiro de instituições brasileiras que se destacam na área. ” A UEPG foi escolhida ‘a dedo’ por ser referência nas ciências do campo”.

Texto: Domi Gonzalez e Gabriel Miguel. | Fotos: Domi Gonzalez, Gabriel Miguel e Luciane Navarro.

 


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