Cultura brasileira marca último dia de apresentações presenciais no 49º Fenata

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Lugar de artista é no palco. E foi assim que a 49ª edição do Festival Nacional de Teatro, o Fenata, encerrou a agenda de espetáculos presenciais: com artista no palco e plateia presente. O evento, realizado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), recebeu a peça ‘O Beijo no Asfalto’, da Comunidade Teatral Independente do Rio de Janeiro. A noite de quinta marca o puro suco da cultura brasileira. Além da Mostra Principal, que apresentou um romance de Nelson Rodrigues, a Mostra Paralela (transmitida no Youtube da UEPG) trouxe ‘Arara, Gralha e Pinhão’, uma história com aves típicas brasileiras.

Ribamar Ribeiro conhece cada centímetro do palco do Cine-Teatro Ópera, local onde o espetáculo aconteceu. O diretor da peça é conhecido de longa data do Festival, pois faz parte do Grupo Ciclomáticos, umas das companhias mais premiadas da história do Fenata, com apresentações em 10 edições. Somente na 35ª edição, o grupo voltou para casa com premiações em 14 categorias. A escolha por uma história de Nelson Rodrigues aconteceu em 2014. “Ganhamos um edital do Rio de Janeiro, onde a proposta era adaptar um texto de Nelson Rodrigues. Eu escolhi O Beijo no Asfalto, porque é o texto que mais gosto do Nelson”, explica.

A história mostra um homem que, após ser atropelado e prestes a morrer, pede a Arandir que ele lhe dê um beijo na boca. O fato vira notícia na imprensa sensacionalista e o homem que deu o beijo passa a ser alvo de preconceitos. A homenagem a grandes escritores brasileiros não é novidade para Ribamar. Em 2018, ele apresentou ‘Ariano: O Cavaleiro Sertanejo’, peça que homenageia Ariano Suassuna, que faturou o prêmio da categoria principal do 46º Fenata. “Escolhi o texto do Nelson porque acho contemporâneo, a temática é interessante e se encaixa muito no momento em que vivemos”, ressalta. Para o diretor, retornar aos palcos com o público é como estar em casa. “A gente que é artista, o nosso lugar é no palco, é nas ruas. Por mais que tenha esse momento do híbrido, não podemos perder a ágora que é o teatro, o local que temos que estar enquanto artistas. Estar aqui com o publico é de uma emoção incomensurável”, comemora.

Fazia quatro anos que o grupo não apresentava a peça de Nelson Rodrigues. A companhia, originária do subúrbio do Rio de Janeiro, retorna em 2021 com um uma nova formação de atores. Jéssica Obaia, que na peça interpreta Dália, entrou na peça a convite de Ribamar. “Tivemos umas duas ou três semanas pra ensaiar e pegamos o espetáculo do zero, foi bem desafiador”, relembra. Apesar da montagem do grupo ser nova, os atores já se conheciam. “Nós já tínhamos uma conexão no palco por nos conhecermos por muito tempo, então pudemos ter um afinidade muito boa no palco”. Segundo Jéssica, poder viver o Fenata com a profissão que gosta faz a experiência ser inesquecível.  “É a primeira vez que desço pro Sul para me apresentar e está sendo ótima a experiência, pois a recepção de vocês é o que tem de melhor”, sorri.

Marilda Amarilla não perde um espetáculo desde que conheceu o Fenata. Nesta edição, a cabelereira garantiu lugar para todas as apresentações presenciais. “Eu venho em todos os dias do Fenata, então é uma sensação muito boa de poder voltar, porque fez muita falta”, ressalta. A reclusão, forçada pela pandemia da Covid-19, não permitiu que o Fenata de 2020 fosse com presença de plateia. “Poder estar assistindo às peças aqui é maravilhoso. Não me assustei de vir ao teatro, pois agora a gente está mais consciente de como é a transmissão e vejo que está tranquilo pelos cuidados da organização”.

Ao final da peça, Colombina Gasparelo refletiu sobre a produção do espetáculo. “Amei demais a iluminação e os atores, vai ficar na memória, com certeza”. A análise é de quem entende, já que Colombina é do meio artístico. “Gostaria muito de estar participando do Fenata, no palco ou na produção, mas só de estar vendo tanta gente talentosa é igualmente incrível e esperado durante esses meses de pandemia”, salienta.

Palco on-line 

O palco também ganhou vida na modalidade on-line. Ao total, são oito peças transmitidas – quatro da Mostra Principal, gravadas e publicadas no dia posterior e quatro da Mostra Principal, elaboradas exclusivamente para a plataforma on-line. A natureza e animais típicos brasileiros ganharam espaço na noite de quinta com a peça ‘Arara, Gralha e Pinhão’. Surpreendidas por um caçador, a ararinha-zul, gralha-azul e maria-de-barro conseguem dar uma lição e ensinar o seu valor para a natureza. De forma envolvente e poética, a peça trata de temas como biopirataria, extinção de espécies e ganância do ser humano.

Os espetáculos serão exibidos no canal do Youtube da UEPG entre os dias 09 e 13 de novembro, com um espetáculo da Mostra Principal (publicado no dia seguinte à apresentação presencial) e um da Mostra Paralela por noite. Os espetáculos permanecerão disponíveis para visualização somente até o dia 13 de novembro.

Ao final, as peças serão julgadas pelo Júri Popular, que dará um troféu para a Mostra Principal e um para a Mostra Paralela. Para cada peça, o público pode enviar sua nota, em um formulário que fica disponível nas redes sociais da UEPG, aberto para respostas das 21h às 22h30. O resultado de cada prêmio será obtido a partir da média aritmética das notas de cada espetáculo, com premiação no dia 13.

Realização e Apoio

O Festival é realizado pela UEPG, por meio da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Institucional, Científico e Tecnológico (FAUEPG); Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais (Proex); Diretoria de Assuntos Culturais (DAC) e Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância (Nutead). Gmad – Grupo Madcompen; Tratornew e Lojas MM, com incentivo da Secretaria de Turismo da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa; Ponta Grossa Turística 2026; Conselho Municipal de Turismo de Ponta Grossa patrocinam o evento. As transmissões, gravações, cobertura e divulgação são de responsabilidade da Coordenadoria de Comunicação (CCOM).

Programação

12/11 (sexta-feira)
19h30 – Online Youtube: Lune (Mostra Paralela – 40min)
20h30 – Online Youtube: O Beijo no Asfalto (Mostra Principal – 65 min)

13/11 (sábado) 
19h30 – Online pelo Facebook da UEPG: Encerramento e Divulgação do Prêmio Júri Popular

Texto: Jéssica Natal | Entrevistas: William Clarindo | Fotos: Julio César Prado e Gabriel Ramos


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