Saber ancestral das benzedeiras é tema de palestra do ASI-UEPG

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O conhecimento popular em diálogo com a ciência. Nesta sexta-feira (23), o Ambulatório de Saúde Integrativa da Universidade Estadual de Ponta Grossa (ASI-UEPG) organizou a palestra ‘Saber Ancestral de Benzedeiras’. O evento aconteceu no auditório do Bloco E, Campus Uvaranas e reuniu alunos e professores da área da saúde para conversar com mulheres que usam da reza como instrumento de cura.

Água, arruda e fé. A prática do benzimento é considerada um saber ancestral, conhecida como elemento da cultura popular brasileira. Trazer a prática para a Universidade é uma oportunidade de unir com o saber científico, de acordo com Milene Zanoni, chefe do ASI. “Existem múltiplas formas de saberes para compreender o mundo. O conhecimento popular foi e é muito importante e fez com que nós chegássemos até aqui, fundamentado na sabedoria popular e conexão com a natureza”. Segundo Milene, cada comunidade tem saberes que são recursos terapêuticos e que valorizam a história de vida. “Nosso encontro possibilitou a união da Universidade com o conhecimento da população ponta-grossense. Foi um encontro belíssimo, com histórias fantásticas. São mulheres muito fortes e ainda bem que tiveram tempo de serem reconhecidas no meio universitário”, salienta.

Maria Czekalski é benzedeira e assistente social do município. De acordo com ela, benzedeiras são guardiãs do conhecimento milenar. “Na época em que não existia a medicina formal, eram as mulheres que curavam através de suas ervas e rezas. Quando veio a era patriarcal, ficamos taxadas como bruxas. E agora a ciência está nos devolvendo o título de benzedeiras”, conta. Apesar da prática ser popular, o benzimento deve caminhar com a medicina, segundo Maria. “Nós sabemos o momento certo para orientar as pessoas para a medicina formal. O tratamento é sempre paralelo, encaminhando para os profissionais da saúde”, relata.

Além de Maria, também estiveram presentes as benzedeiras Eliana Tangerino, Delair Veoldolin e Vilma Rozera. Para elas, foi a primeira vez de entrar em uma Universidade. “Me sinto muito feliz em estar aqui, porque nunca fomos reconhecidas como benzedeiras, éramos chamadas como feiticeiras”, recorda Vilma, de 92 anos. Aos 14, Vilma já havia sido consagrada como benzedeira. “Ficava escondida para aprender as orações e os remédios que minha mãe usava e hoje estou aqui falando para universitários, então é uma honra poder passar meu conhecimento adiante”, completa.

Texto e Fotos: Jéssica Natal


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