A extensão na formação profissional dos acadêmicos: Conheça a experiência de Camila na IESol

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Quando se fala em formação acadêmica, é muito fácil associar à sala de aula, artigos e produção científica. Contudo, para uma formação plural e de qualidade, é preciso mais do que isso. As experiências extraclasse, como bolsas de Iniciação Científica e Extensão proporcionam ao aluno a vivência fora do ambiente da universidade, dão um gostinho de como será o mercado de trabalho e cumprem um papel essencial da universidade pública: o de atender a comunidade e suas necessidades.

Camila Aparecida da Silva Albach, acadêmica do terceiro ano do curso de Serviço Social da UEPG, é bolsista de extensão na Incubadora de Empreendimentos Solidários (IESol) há um ano, e afirma que a experiência adquirida nesse tempo é de grande valor à sua formação e futuro profissional. Nesse período, diferentes oportunidades permitiram à aluna participar das ações da IESol. “Entrei em abril de 2021 como voluntária e dois meses depois eu consegui uma bolsa pela Proex (Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Culturais) para desenvolver ações como extensionista. Essas ações eram internas dentro da IESol, de acordo com suas demandas ligadas à Economia Solidária. Em dezembro de 2021 surgiu a oportunidade de participar dentro da IESol de outra seleção para entrar no programa USF — Universidade Sem Fronteiras — num projeto chamado ‘Desenvolvimento local e formação em Economia Solidária para gestores e grupos vulneráveis em municípios de Ponta Grossa e região’ e eu consegui passar nessa seleção”, relata a aluna. Segundo Camila, seu desejo ao ingressar no USF se deu pela oportunidade de atuar junto à comunidade externa da UEPG. “O meu interesse de mudar das ações internas era justamente porque a USF tinha oportunidade de fazer ações externas. Então eu passei a fazer as atividades dentro da IESol como estagiária de Serviço Social, e fora dela junto com a equipe, composta por representantes de Serviço Social e de Economia, para levar a Economia Solidária e a UEPG para espaços externos”, explica.

Nesse período, Camila experienciou atividades que a levaram para realidades muito diferentes da vivência nos corredores da UEPG. “Com o USF já fizemos formações em CRAS. Fomos para Carambeí no CRAS realizar uma formação sobre Economia Solidária, mas o projeto teve início ainda este ano, então ainda temos expectativas de ir para outros lugares”, conta Camila. Além disso, mesmo em Ponta Grossa, as atividades desenvolvidas até agora foram desafiadoras. “Também atuamos junto à  Central Única de Favelas (Cufa) de Ponta Grossa e temos vários contatos para futuros lugares. Lá, nós fizemos uma formação, em um primeiro momento, com os líderes de cada um dos bairros que são atendidos pela Cufa, e com base nisso nós temos uma dimensão do trabalho que eles desenvolvem, porque foi feita uma reunião antes dessa formação para planejamento, e também a gente conversou com esses líderes das demandas que eles têm e de que forma a Economia Solidária pode estar contribuindo enquanto IESol, por exemplo, com uma formação com a comunidade de um determinado bairro”, conta a bolsista.

O trabalho desenvolvido na IESol também proporciona a integração entre alunos de diferentes cursos: “Gosto muito do contato com os outros cursos e a extensão ajuda muito, pois aprendi muito com o pessoal da Administração e da Economia. Isso ajuda nas atividades de comunicação”, conta Camila. Além disso, a integração com a comunidade fora da UEPG também é destacada pela bolsista: “Nós temos muitos contatos e compromissos marcados, com CRAS de Ponta Grossa, com a saúde mental, com cursos da própria UEPG. Na IESol gosto muito do fato de ter atividades internas com a equipe multidisciplinar e externas em espaços diversos”.

O dia a dia do aluno bolsista é bastante atarefado. Camila desenvolve várias funções em seu trabalho na Incubadora: “Dentro da IESol faço parte do grupo de incubação, a equipe técnica da Associação de Feirantes de Economia Solidária (Afesol). Como parte da equipe preciso participar das reuniões, fazer relatórios, preencher documentos, como dossiês, fazer avaliações, participar de eventos. E faço parte do núcleo de comunicação, que faz as artes, fica nas redes sociais, faz contatos virtuais e pesquisas para maior visibilidade do programa e divulgação de todas as nossas atividades. Na IESol, as atividades que são gerais para todos os estagiários eu também participo: eventos, reuniões, faço coordenações, escrevo artigos científicos, realizo projetos de intervenção ligados ao curso de Serviço Social, lido com documentos, faço contatos em nome da IESol e participo das formações internas, pois nas terças nos reunimos e estudamos juntos algum tema. No USF participo de formações externas e também documentação”.

Tantas tarefas e atividades influenciaram os interesses e projetos da estudante. “Na questão científica, a IESol me fez ter interesse pela pesquisa, e com os artigos a minha escrita tem melhorado muito, as fontes usadas pra cada atividade teórica também só avançaram”, explica Camila. A bolsista afirma que sua formação também foi beneficiada pela experiência. “Por ser estudante de Serviço Social, a IESol contribui principalmente com a minha formação de Assistente Social, pois com as coordenações, participações em eventos e as formações, fica mais fácil criar uma segurança e uma postura profissional”.

Para o futuro, Camila ambiciona ingressar no Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da UEPG, pesquisar e trabalhar na área de Economia Solidária, tema que recebeu sua atenção e teve seu interesse despertado ao atuar na IESOL. “Meu interesse na Economia Solidária cresceu e gostaria de pesquisar e trabalhar na área. Gênero e saúde mental também. A IESol tem estudado e realizado atividades com saúde mental e isso ajuda nos estudos para a residência em saúde mental do HU, por exemplo. Então, nesse sentido, abre portas e desperta muitos interesses diversos”, exemplifica Camila, que também avalia seu desenvolvimento profissional e pessoal desde que iniciou suas atividades na IESol: “Sinto que me ajuda a ter um amadurecimento e ter uma visão mais ampla do que pode ser feito. Mesmo que o Serviço Social trabalhe em diversas áreas, as ações específicas são as mesmas”.

Participar de projetos com auxílio de bolsa, além da contribuição formativa direta, atua indiretamente, pois o valor concedido é importante e, muitas vezes, decisivo para que o aluno mantenha seus estudos na UEPG. “Financeiramente, a bolsa do USF é essencial para minha permanência na Universidade e me ajuda a melhorar minhas condições de estudo para entregar melhor as atividades”, enfatiza Camila.

A IESol

A Incubadora de Empreendimentos Solidários (IESol) é um programa de extensão da UEPG criado em 2005. O objetivo da incubadora é fomentar, organizar e consolidar empreendimentos econômicos solidários em Ponta Grossa e região, como artesanato, reciclagem, jardinagem, assentamentos rurais e agricultora familiar.

A IESol atua diretamento com Economia Solidária,  sob princípios de autogestão, cooperação, participação direta, valorização dos saberes locais, sustentabilidade e justiça social. A incubadora busca integrar estes princípios e objetivos às políticas públicas de desenvolvimento local, regional e de segurança alimentar, além de gerar trabalho e renda a partir da organização coletiva dos trabalhadores.

Equipes multidisciplinares de trabalho formadas por professores, funcionários, estagiários, bolsistas e voluntários desenvolvem na IESol a formação humana e profissional de estudantes de graduação, pós-graduação, egressos e voluntários, a partir do diálogo entre universidade e comunidade.

Texto: Cristina Gresele | Fotos: Fabio Ansolin

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