Carnaval o ano inteiro: Jussara e seu samba no pé fazem parte da UEPG há 32 anos

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Neste mês, a colaboradora da UEPG, Jussara de Fátima Ribeiro Batista, recebeu uma Moção de Aplauso da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, em homenagem à sua rica trajetória no Carnaval pontagrossense. Jussara trabalha no setor de limpeza da UEPG há 32 anos e espalha pelos corredores da universidade muita alegria e amor pelo samba e pelos desfiles de Carnaval.

A história de amor entre Jussara e o Carnaval começou cedo. “A primeira vez eu saí na escola de Samba Princesa dos Campos, de Olarias, eu tinha 18 anos, saí como passista. Depois eu fui na escola União da Mocidade, de Olarias, seis anos como rainha da escola de samba e seis anos campeã”, relembra vitoriosa. O último desfile de Jussara pela União da Mocidade, em 1979, marcou sua trajetória: ela desfilou grávida. “Eu já estava casada, com 21 anos. Mas o diretor da escola de samba — que depois virou meu compadre — junto com o pai dos meus filhos, não quis me trocar por outra pessoa e eu saí com seis meses. Foi a primeira rainha que saiu grávida na Escola de Samba”, relembra. Com bom humor, Jussara descreve o momento: “Foi muito emocionante e muito curioso uma rainha grávida, mas não quiseram trocar… me diziam naquela época que não tinha muita menina bonita na vila e que tinha que ser eu. Me enchia, né?! Agora, o balão estourou (risos)”. Sobre a experiência, Jussara afirma que o amor pelo samba e pelo Carnaval superam qualquer cansaço: “A gente, quando tem alegria no coração, nada cansa”.

Jussara também ousou em seus desfiles, não só pela gravidez, mas pelas fantasias e trajes. “Daí na escola de samba Baixada da Princesina saí como rainha da bateria. Depois na Glárea Azul eu saí como destaque: Fui a primeira mulher que saiu de fio dental em Ponta Grossa. E por último eu saí na escola de samba Nova Princesa, de Olarias, como porta-bandeira, com meu filho mais novo, Wandercleiton, como mestre-sala”, conta Jussara, destacando que o amor pelo Carnaval ela recebeu de família e repassou aos quatro filhos. “O Carnaval pra mim representa tudo, a alegria, a juventude. A gente sempre gostou, a família inteira, minha mãe também foi a primeira baiana que saiu na escola de samba, minhas irmãs também saíram, até duas foram destaque junto comigo. Mas eu que tô na ativa ainda, muita alegria, muita vida!”, complementa.

A alegria do Carnaval acompanha Jussara o ano inteiro. “Eu acho que se não fosse essa alegria que eu tenho dentro de mim, não sei o que seria da minha vida hoje. Sou muito feliz. E ainda dou as minhas cacetadinhas por aí no samba. Apesar da idade, ainda me arrisco um pouco, porque eu não sei sambar de sapato baixo, tem que ser de salto, mas eu ainda tento me arriscar”, conta Jussara, que afirma que mesmo com o passar do tempo, o ânimo não diminui: “Hoje estou com 64 anos e na ativa ainda!”. Tanto é que, em 2019, Jussara desfilou, e “de salto”, como ela salienta: “Em 2019, antes da pandemia, eu saí representando as nossas novas rainhas. Desfilei de salto e tudo, ainda. E se Deus quiser, que Deus me dê vida e saúde, que passe esses problemas da pandemia, quando tiver de novo, tamo junto!”.

Segundo Jussara, o amor da família pelo samba e pelo Carnaval é tamanho, que seus planos futuros são de fundar a própria escola de samba em Ponta Grossa. “Meus filhos estão lidando na prefeitura para abrir uma escola de samba, porque a família toda gosta. Então, temos que desfilar dois anos primeiro como bloco, pra aí montar a escola de samba. Então eu tô dando apoio pros meus filhos. Se tiver Carnaval ano que vem a gente vai sair como bloco”, explica. “A nossa escola vai se chamar ‘A geração de hoje’ de Olarias. Tudo é geração dos filhos, porque de dono das escolas só tem um vivo, o da Baixada Princesina. O resto, todos já foram. Ficou eu aí, animando a meninada de hoje”, conta Jussara animada com seus planos.

A história na UEPG

Há 32 anos trabalhando na universidade, Jussara passou por diversos departamentos e setores atuando na limpeza. “Quando entrei eu fiquei muitos anos no Centro, depois eu vim pro Campus e trabalhei no bloco L, no bloco M, na Fazenda Escola, na Educação Física, passei pela Engenharia e Agronomia e hoje estou no ASI-UEPG e no centro de convivência”, conta Jussara. Depois de tantos anos e de ter passado por tantos setores, Jussara afirma que viu a UEPG crescer, se modernizar e avançar para o que é hoje. “Quando eu vim pro Campus era quase um deserto aqui. Teve muitas mudanças. O Caic eu fiz parte do mutirão que fez a faxina pra entrega do Colégio. Nossa, a mudança da UEPG nesses 32 anos foi muito grande, graças a Deus, pra melhor”, avalia.

Tendo nutrido laços tão fortes com a Universidade, a família de Jussara também partilhou de experiências e da sua vivência na UEPG. “Minha filha Janaína estudou no Caic e vinha de madrugada comigo. Ela vinha se arrastando de manhã, porque a gente pegava às 6h30, limpava as salas de aula e ela vinha junto”, conta Jussara. Mas Janaína não é a única filha a estudar na UEPG. Wandergleison, o filho que estava na barriga quando Jussara desfilou no Carnaval de 1979, está no segundo ano do curso de História. “Fiquei muito feliz! Sempre trabalhando aqui e imaginando que um dos meus filhos estivessem aqui. Ele passou em 5º lugar, e quando ele passou fizemos pagode, fizemos o maior fervo na frente da nossa casa!”, relembra a mãe orgulhosa.

Mas a família vai além dos laços sanguíneos, e a relação duradoura com as colegas de trabalho rendeu amizade e amor, como conta Jussara: “Eu tenho várias colegas de trabalho. Tem umas que a gente se dá mais e guarda no coração. Hoje eu ainda tenho uma colega que entrou junto comigo e está se aposentando também. Eu sempre me dei muito bem com todos. A gente sabe que não é perfeito, mas sempre gentil, sempre com respeito com as companheiras de trabalho”, explica. “Hoje tem umas colegas novas também, algumas preferidas, que conheci quando a gente voltou (ao trabalho presencial após a pandemia), e eu já adotei como filhas do coração”, afirma Jussara.

Jussara está fazendo os primeiros encaminhamentos para a aposentadoria, que irá encerrar um ciclo longo e de muita intimidade com a UEPG. Para a colaboradora, fazer parte da história da UEPG e trabalhar na Universidade por tantos anos é muito gratificante. “Muito feliz mesmo de ter feito parte, trabalhando, ajudando… muitas amizades, muito carinho pelos acadêmicos, pelos professores e funcionários. Muito muito muito grata por ter feito parte dessa linda história da UEPG”, conclui.

Texto: Cristina Gresele Fotos: Cristina Gresele / Acervo Pessoal

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