De mãos dadas com a comunidade. A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) irá auxiliar na construção das casas dos moradores da Ocupação Ericson John Duarte. O acordo foi firmado na tarde desta quarta-feira (05), durante o anúncio de cessão do terreno localizado no Parque das Andorinhas, Bairro Neves. O estudo técnico foi realizado e prevê fabricação de tijolos e blocos de concreto, além de todo o planejamento habitacional. A instituição ainda irá ceder maquinário para construção das moradias. O início das obras está previsto para os próximas semanas.
Ana de Jesus, 44 anos, estava radiante com a nova vida. Será a primeira vez em que ela, o esposo e a filha terão uma casa própria. “A gente chegava dos lugares para reivindicar e muitos desacreditavam que esse dia iria chegar, todo mundo achava que isso nunca ia acontecer, então hoje é um grande dia para todos nós moradores, pois passamos por muitas lutas para conquistar nossos direitos”. Ela já tem planos de como será a nova casa. “Eu tenho várias ideias pra ela, do que colocar lá dentro, de como organizar, e sei que quando eu entrar não vou aguentar e emoção de saber que será a minha casa”. Moradora há um ano e meio na ocupação, ela é engajada em auxiliar em todo o necessário para na Associação de Moradores. “Adoro morar aqui, trabalhar na Associação e agora que teremos a nossa casa será muito bom”, finaliza.
A construção das casas e a pavimentação de ruas será possível com uma combinação de blocos de concreto e de tijolos de solo-cimento, que serão confeccionados pelos próprios moradores, em uma fábrica a ser instalada na comunidade. “Os próximos passos serão firmar um contrato entre as famílias e a associação de moradores, para que eles tenham segurança jurídica de construir as suas casas. Posteriormente, teremos a instalação de água, luz, esgoto e um sistema de aproveitamento de água”, completa.
O vice-reitor da UEPG, professor Ivo Mottin Demiate, destaca o momento histórico em que a Universidade atua mais uma vez em favor da comunidade. “Estamos trabalhando na solução de um grande problema de habitação no município, em união com vários poderes. Estamos felizes em ver o envolvimento da comunidade, e percebemos a importância da nossa instituição”. A comunidade fica próxima ao Campus Uvaranas e a UEPG não poderia deixar de participar deste novo momento, segundo Demiate. “Estamos atuando com diferentes profissionais, projetos de extensão, alunos e professores, pois está é uma preocupação nossa de atuar na solução de problemas da região”.
“Para a Universidade, foi uma oportunidade ímpar para, em que não somente a administração, mas diversos cursos puderam se envolver nesse processo”, comemora o chefe de Gabinete da Reitoria, professor Rauli Gross. Desde 04 de dezembro de 2021, data que a ocupação iniciou, a UEPG foi acionada como mediadora. “Eu acho que isso é o mais importante, porque muitas vezes ficamos pensando somente na questão do ensino, mas quando temos a oportunidade de trabalhar junto com a comunidade, podemos aprender e fazer com que nossos estudantes sejam melhores capacitados”, explica.
Após a assinatura, a UEPG vai recepcionar alguns equipamentos a serem utilizados na construção. Eles virão através de uma emenda parlamentar, que a Prefeitura destinou para a Universidade. “A UEPG agora vai fazer a cessão desse equipamento para a Associação de Moradores, então a partir disso vai ser possível efetivamente começar a construir as residências e fazer a urbanização desse espaço”, complementa Rauli.
Celebração
A prefeita municipal, professora Elizabeth Schimidt, celebrou o momento e relembrou os momentos de negociação com a comunidade. “Este momento é de vocês”, destacou. “Nossa ocupação começou em 4 de dezembro de 2021, desde então construímos uma comunidade forte e unida. Por moradia digna, justa e justiça social, agradeço a todos que nos apoiam e acreditaram em nossa causa”, disse Jaime Sandro Dingueleski, presidente Associação de Moradores.
“Esse papel que assinamos agora simboliza o reconhecimento do esforço, da perseverança e da união de cada um de vocês que toparam, que enfrentaram e aceitaram o que propusemos. Esse terreno é muito mais do que um espaço físico, ele é um ar, uma possibilidade de construirmos sonhos, ver a vida florescer”, ressaltou a juíza Vara da Fazenda Pública, Jurema Carolina da Silveira Gomes.
Texto e fotos: Jéssica Natal