O nome já indica: a Chamada Universal é voltada para projetos de qualquer área do conhecimento. Neste ano, o investimento total previsto é de R$ 300 milhões. Das 9757 propostas recebidas pelo CNPq, 2751 foram aprovadas. Das propostas da UEPG contempladas na Chamada, quatro pertencem à Faixa A, para grupos emergentes, e uma pertence à Faixa B, para grupos consolidados. Os valores, que vão de R$ 35 mil a R$ 165 mil e somam R$ 359 mil, podem ser aplicados em itens de custeio, capital e bolsas de pesquisa nas modalidades Iniciação Científica (IC), Iniciação Tecnológica Industrial (ITI), Desenvolvimento Tecnológico Industrial (DTI) e Apoio Técnico (AT).
Para a professora Augusta Pelinski Raiher, cujo projeto sobre o impacto das exportações da agropecuária brasileira na emissão de gases de efeito estufa foi contemplado na Faixa B com R$ 35 mil, esse tipo de financiamento é importante por custear a pesquisa e também por significar um reconhecimento da relevância dos estudos desenvolvidos. “Mais de 90% de toda pesquisa que se faz no Brasil é feita nas universidades. Então ser contemplado com esses recursos é muito importante, para ajudar com equipamentos e softwares necessários para desenvolver o projeto; para traduzir os artigos gerados a partir da pesquisa; e também para poder divulgar os resultados em congressos e eventos”, enumera. “Nossa aprovação no edital significa que o que estamos pesquisando é algo que a sociedade entende como importante e que estamos no caminho certo”.
“As crises climáticas e energéticas contínuas e crescentes e os regulamentos mais rigorosos sobre o uso de combustíveis fósseis, em face da crescente desigualdade global e preocupações ambientais, estão levando à necessidade de uma mudança para o uso de fontes de energia renováveis e a utilização mais eficiente de combustíveis fósseis”, explica a professora Adriana Chinelatto, do curso de Engenharia de Materiais, que teve um projeto sobre o desenvolvimento de materiais sustentáveis contemplado na Chamada do CNPq com R$ 60 mil. Há uma preocupação bastante atual com o desenvolvimento de novas tecnologias para obter energia com alta eficiência e baixa agressividade ao meio ambiente, visto que a geração de energia por fontes não-renováveis promove o esgotamento de recursos naturais e a deterioração das condições ambientais.
Uma dessas tecnologias é a de células a combustível de eletrólito sólido, que convertem energia química em energia elétrica. “A geração de energia elétrica nas células a combustível acontece sem a necessidade de combustão, com maior eficiência, baixo nível de ruído e menor emissão de poluentes. Como a célula a combustível apenas catalisa as reações eletroquímicas, o processo de geração ocorre de maneira contínua enquanto houver combustíveis disponíveis para suprirem as reações químicas e, se for utilizado o hidrogênio como combustível, o subproduto gerado será apenas água”, explica a professora. Essas células são fabricadas com materiais cerâmicos, e o objetivo do projeto é desenvolver novos materiais, com estrutura tipo Perovskitas, para torná-las mais eficientes e economicamente viáveis.
“Existem terras indígenas em que as pessoas basicamente falam português; não falam mais a língua indígena. Em outras, as pessoas falam as duas línguas, o português e a língua indígena. E existem terras indígenas em que grande parte da população nem fala português”. A constatação da professora Letícia Fraga, do Departamento de Estudos da Linguagem da UEPG, deixa clara a importância e a diversidade de uma linha de estudo que ela segue há mais de uma década: o ensino de línguas indígenas, em especial o Guarani e o Kaingang, em terras indígenas paranaenses. O projeto foi contemplado na Chamada Universal com R$ 49,5 mil.
O objetivo do projeto, segundo a professora, é mapear as diferentes estratégias que os professores usam para para ensinar essas línguas na escola, como a produção de materiais didáticos específicos, vídeos, exercícios e dicionários. Além disso, o grupo propõe formação continuada para capacitar e trocar experiência entre os docentes de terras indígenas.
O projeto que teve a maior verba aprovada é da Engenharia de Alimentos, coordenado pelo professor Alessandro Nogueira. “O projeto desenvolve novas bebidas a partir de maçã: tanto sem álcool (sucos), quanto bebidas alcoólicas”, explica. São R$ 165 mil, sendo R$ 130 mil para equipamentos e R$ 35 mil para custeio, em especial de consumíveis para cromatografia líquida, um processo de separação de componentes em uma mistura. “Para nós, é uma injeção de ânimo”. Com os novos equipamentos e material de consumo, será possível desenvolver um trabalho de ponta.
“A aprovação de projetos como esses é muito boa para a Universidade, em geral”, comemora Alessandro. “A soma deste montante aplicado na instituição acaba beneficiando a Universidade como um todo, em especial na pesquisa científica desenvolvida nos programas de pós-graduação”. Com o reconhecimento do trabalho e o aporte financeiro, os pesquisadores têm ânimo renovado para fazer ciência, nas mais diversas áreas de conhecimento.
Texto e fotos: Aline Jasper