O professor Orcial Bortolotto, coordenador da Fescon, é o responsável por algumas pesquisas para combater a cigarrinha-do-milho. Segundo ele, o inseto surge, principalmente, no milho tiguera, que é aquele que germina após a colheita com sementes que permanecem no campo. Ele tem sido visto como o principal fator para essas altas populações que são observadas hoje na lavoura. “Milhos híbridos hoje têm intolerância a alguns herbicidas que antigamente eram muito utilizados para matar essas plantas que sobreviviam. Isso tem dificultado o manejo do milho tiguera”, explica. “No Paraná são duas safras de milho: o milho verão, semeado agora a partir do final de agosto/setembro e a safrinha, a partir de fevereiro. Com bastante milho na lavoura, inclusive o tiguera, a cigarrinha tem alimento, hospedeiro e condições de se reproduzir o ano todo”.
Sobre as pesquisas realizadas, o coordenador da Fescon-UEPG comenta que existem estudos e experimentos sobre o momento de entrada de inseticidas, uma ferramenta química, para compreender o período mais crítico da ocorrência do inseto; sobre o uso de nanotecnologia em conjunto com os inseticidas, para verificar se isso melhora a proteção no campo; e também com a utilização de fungos, uma ferramenta biológica, que demonstrou resultados interessantes e pode ser considerada uma estratégia inovadora, que até pouco tempo não era utilizada para combater a cigarrinha-do-milho. “Realizamos trabalhos complementares sobre nutrição da planta, tendo em vista a adubação a base de nitrogênio e potássio para avaliar os efeitos dessa melhor nutrição, já que a planta pode se tornar mais tolerante às doenças transmitidas pelo inseto. Temos observado uma resposta positiva nesse sentido”, afirma o professor Bortolotto.
Fescon-UEPG faz parte do NAPI Complexo de Enfezamento do Milho
Todas as pesquisas desenvolvidas na Fazenda Escola da UEPG sobre a cigarrinha-do-milho fazem parte de um projeto maior: o Napi Complexo de Enfezamento do Milho. Além da Fescon, participam o Senar, Faep, IDR-Paraná, Embrapa e algumas cooperativas do Estado. Os Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação (Napi) foram criados em 2019 pela Fundação Araucária, em parceria com a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e nove universidades.
“É um projeto macro em nível estadual, um dos maiores projetos de todo o Brasil, com duração de três anos, para ao final elaborarmos um livro com o resultado dessas pesquisas”, conta o professor. “A UEPG coordena o eixo de monitoramento, que é para acompanhar a população dessa cigarrinha-do-milho no Paraná ao longo do ano”.
O coordenador da Fescon-UEPG disse ainda que neste projeto existem cinco bolsas para alunos de graduação e duas para alunos de mestrado. João Victor Carmo dos Santos é um dos acadêmicos bolsistas que fazem parte da pesquisa. Ele comenta que se trata de um manejo difícil para os produtores e que o inverno ameno contribui para a proliferação da cigarrinha-do-milho. “A universidade deve tentar entregar respostas para esses produtores. Então, conduzimos estudos aqui na Fazenda Escola com inseticidas químicos, biológicos, indução de resistência para tentar encontrar uma estratégia e uma forma de manejar de forma sustentável e econômica para o produtor o combate a essa praga”, explica João Victor.
O aluno Matheus Grande é estagiário da Fescon e também participa dos projetos. Segundo ele, o momento certo do plantio, nem tão cedo e nem tão tardio, pode ajudar no manejo do inseto. “É interessante realizar o monitoramento da praga para verificar se ela está presente na plantação. Isso pode ser feito através de armadilhas para uma melhor contabilização, mas a contagem pode ser mais eficaz. Outro fator importante é a tecnologia de aplicação. Com um pulverizador bem regulado e saber utilizar os produtos certos favorecem o manejo da cigarrinha”, finaliza.
Texto e fotos: Tierri Angeluci