A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) deu início nesta quarta-feira (7) ao 12º Encontro Anual de Iniciação Tecnológica e Inovação (Eaiti). O evento é promovido em colaboração com as Universidades Estaduais de Londrina (UEL), Maringá (UEM), do Centro-Oeste (Unicentro) e do Norte do Paraná (UENP) e tem como objetivo promover a integração dos alunos das diferentes instituições e ampliar o acesso ao conhecimento científico e às inovações tecnológicas.
Durante a solenidade de abertura, o coordenador do 12º Eaiti, Paulo Vitor Farago, ressaltou a importância de haver um evento unificado, resultado de um esforço conjunto entre as universidades do Paraná. “O objetivo é gerar oportunidades para discutir os resultados dos trabalhos de Iniciação Tecnológica, compartilhando as experiências com os outros alunos e toda a comunidade, incluindo a pós-graduação e os professores das instituições de ensino superior do Paraná”.
Durante dois dias, os alunos das cinco universidades estaduais paranaenses vão apresentar cerca de duzentos trabalhos desenvolvidos na Iniciação Tecnológica, compartilhando seus resultados e suas experiências com outros alunos de graduação, pós-graduação e professores.
“É um evento que traz a perspectiva da inovação para as universidades estaduais e, neste sentido, é fundamental trazer nossos alunos para que os projetos desenvolvidos possam ser mostrados para a comunidade e para que possamos entender a relação que existe entre a pesquisa, a pós-graduação e inovação”, afirma Mauro Antonio da Silva Sá Ravagnani, pró-reitor de Pesquisa e Graduação da UEM.
Para Ravagnani, o Eaiti precisa continuar existindo e crescendo. “Que cada vez tenhamos mais participantes, bolsas e incentivos para que nossas universidades se aproximem da sociedade com produtos e processos inovadores que realmente transformem a realidade das condições de vida das pessoas”.
A realização do Eaiti é uma exigência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para promover a interação entre alunos e pesquisadores e divulgar o trabalho tecnológico realizado pelos bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti).
Um comitê externo do CNPq acompanha as atividades de perto. A equipe é formada por pesquisadores de de várias partes do país, como Deoclécio Domingos Garbuglio (UEL), Elaine Maria De Souza Fagundes (UFMG), Eliria Maria de Jesus Agnolon Pallone (USP), Marcelo Leandro Eichler (UFRGS), Marcelo Machado Viana (UFMG), Luiz Alberto Pilatti (UTPFR) e Rosilene Aparecida Prestes (UTFPR).
O primeiro dia de Eaic contou também com a presença de Eduardo Araújo, diretor de pesquisa da UEL, e de Cacilda Marcia Duarte Rios, representante da Unicentro. A UEPG formou uma comissão interna para acompanhar as apresentações dos trabalhos que serão feitas até quinta-feira (8) no Centro Integrar e no Centro Interdisciplinar de Pesquisa e Pós-Graduação (CIPP), no Campus de Uvaranas.
A palestra de abertura, ‘Desafios para Inovação no Brasil’, foi ministrada por João Irineu Miranda, coordenador do Programa de Pós-Graduação da UEPG. Para ele, em primeiro lugar está o desafio internacional. “Desde os anos 1990, o lugar do Brasil foi determinado como de um fornecedor de produtos primários e commodities no mercado internacional, pela Organização Mundial do Comércio. Passamos por um processo de desindustrialização e 80% do nosso parque industrial foi substituído pela China”. Ele lembra que governo e a sociedade vêm lutando há décadas contra esse processo, agravado pela crise econômica que há anos atinge todos os setores da sociedade, especialmente as universidades e a produção do conhecimento.
Durante a solenidade de abertura, o gerente de projetos da Fundação Araucária, Nilceu Deitos, trouxe dados sobre o número de bolsas de incentivo à pesquisa. “Na última edição do Pibiti disponibilizamos 1.700 bolsas para todo o sistema de iniciação científica tecnológica e 151 bolsas foram destinadas para desenvolvimento de inovação. Na chamada que inauguramos agora – e que está sendo implantada – são cerca de 181 bolsas em um universo de 1900 bolsas”. Deitos lembra que a distribuição das bolsas é uma decisão institucional das universidades, mas percebe um crescimento da cultura tecnológica no estado.
O vice-reitor da UEPG Ivo Mottin Demiate comemora a escalada no número de bolsas, pois considera que a inovação e a pesquisa aplicada são fundamentais em uma sociedade cada vez mais complexa e que precisa de respostas rápidas. “Temos aqui cerca de 10% das bolsas no contexto paranaense da Fundação Araucária destinadas à inovação. O número pode parecer pequeno, mas é muito significativo porque o futuro do Brasil depende muito desse desenvolvimento científico e tecnológico e da transferência de tecnologia, desafio que estamos começando a avançar no país.”
A mesma percepção é compartilhada pelo pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UEPG, Giovani Marino Favero. “O caminho é só de crescimento e positividade. O número de bolsas será ampliado porque existe essa demanda”. O pró-reitor lembra que no primeiro Eaiti, há 12 anos, a UEPG teve uma presença modesta e a instituição demorou a entrar no espírito de inovação, realidade bem diferente da que existe agora. “De uma sala que ficava na reitoria, passamos a ter para um hub de inovação, onde temos incubadoras e a autonomia da Agência de Inovação e Propriedade Intelectual (Agipi). Conseguimos nos aproximar mais da sociedade e de maneira prática”, celebra.
O representante da Fundação Araucária aproveitou a ocasião para propor uma articulação política para ampliar os recursos. “Temos sido desafiados a pensar ações e programas mais eficientes para maiores resultados. Então, para toda e qualquer emenda parlamentar que uma instituição de ciência e tecnologia conseguir agregar, a Fundação Araucária vai ampliar o recurso para duplicar esse valor”, comprometeu-se Nilceu Deitos.
Nesta edição do Eaiti, a UEPG firmou parceria institucional com a Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (ACIPG) para realizar o Concurso Pitch Unitech. Estudantes inscritos vão apresentar os trabalhos oralmente e concorrer a um prêmio de R$ 800,00. A disputa ocorre na sede da associação, nesta quinta-feira (8) pela manhã.
“Temos aqui a presença de instituições de todas as regiões do estado e quero destacar o nível de maturidade dos trabalhos. Deixo a sugestão de que, em certa forma, as universidades modelem e busquem, em suas cidades, uma proximidade também com o mercado”, diz André Paixão, representante da ACIPG. Para ele, se algo da produção científica não passa dos muros da universidade, ela é invenção, não inovação. “Já temos uma herança cultural onde o mercado se distanciava da academia. Hoje temos essa interligação e podemos ampliar essa parceria em outras regiões também”.
O Eaiti 2022 é organizado pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propoesp – UEPG), com apoio da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), do Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI – UEPG), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação Araucária, da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Institucional, Científico e Tecnológico (Fauepg) e da Agência de Inovação e Propriedade Intelectual (Agipi – UEPG). Patrocínio Hortaliças JGF e ACIPG.
Texto: Sandrah Souza Guimarães | Fotos:Aline Jasper