Comunidade acadêmica da UEPG debate soluções para combater insegurança alimentar

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Pesquisadores, servidores e professores da Universidade Estadual de Ponta Grossa debateram o acesso dos alunos da instituição à alimentação saudável e constante. Em 18 de julho, aconteceu a Conferência Universitária de (In)segurança Alimentar, promovida pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais Aplicadas (PPGCSA) da UEPG, para debater os resultados da pesquisa ‘Insegurança alimentar e vulnerabilidade social dos estudantes de graduação’, realizada no ano passado.

A Conferência foi organizada pelo Núcleo de Pesquisa “Questão Ambiental, Gênero e Condição de Pobreza”, do PPGCSA, que realizou a pesquisa entre agosto e setembro de 2023. Na primeira etapa do evento, as professoras coordenadoras da pesquisa apresentaram os dados sobre a ocorrência de insegurança alimentar entre estudantes da UEPG e explicaram a metodologia aplicada ao estudo. Na abertura dos trabalhos, o vice-reitor, professor Ivo Mottin Demiate parabenizou o trabalho da equipe e reforçou a importância de conhecer a realidade da Universidade para melhor acolher os alunos, em toda sua diversidade.

Na apresentação, o estudo constatou que a insegurança alimentar afeta 35% dos estudantes da Universidade, em diferentes níveis. Participaram da pesquisa mais de dois mil acadêmicos e, ao todo, foram selecionadas respostas de 1.435 alunos de todos os cursos de graduação. A pesquisa observou ocorrência maior de insegurança alimentar entre alunos oriundos de fora de Ponta Grossa e que destinam parte da renda para aluguel. A ocorrência também é maior entre alunos de licenciaturas e Ciências Humanas.

Dentro do recorte de gênero, o estudo notou que a irregularidade no acesso aos alimentos é maior entre estudantes mulheres com filhos, sobretudo as mães solo. Em contrapartida, a pesquisa observou a importância dos Restaurantes Universitários para o combate à insegurança alimentar, além de constatar a efetividade das políticas afirmativas desenvolvidas na UEPG. “Observamos que muitos alunos em insegurança alimentar já são contemplados com bolsa permanência, o que mostra que esta política está chegando a quem precisa dela”, destaca a professora Mirna Medeiros, uma das coordenadoras da pesquisa e organizadora da Conferência. Todas as informações do estudo estão publicadas  e disponíveis ao público.

Após a apresentação dos dados, os participantes se reuniram em grupos temáticos, baseados nos recortes da pesquisa, para apresentar propostas para ampliar o atendimento a estudantes em insegurança alimentar. Os temas debatidos foram: Cotas; Habitação; Gênero; Saúde; Serviços do Restaurante Universitário; e Assistência Estudantil. As propostas levantadas pelos grupos serão formalmente apresentadas à Reitoria.

“Um marco para a Universidade”, assim a coordenadora da Conferência, professora Mirna Medeiros, descreve o estudo. Ela considera que o evento atingiu seu objetivo, pois “pesquisas geram mudanças quando são discutidas para a busca de soluções. Neste sentido considero que o encontro foi um sucesso”. A professora ressalta que a Conferência também permitiu que os vários alunos que participaram conheçam melhor os serviços oferecidos pela Universidade.

A professora Édina Schimanski, coordenadora do Núcleo, observa que o encontro mobilizou diferentes atores sociais da UEPG: “A comunidade universitária reconheceu a urgência de debater o tema e assumiu o compromisso de pensar e encontrar respostas factíveis para a questão posta”. A coordenadora do PPGCSA, professora Lislei Preuss, ressalta o caráter histórico que a Conferência representa para a universidade, pela reunião da comunidade acadêmica para enfrentar um problema por meio do diálogo. “Como a pesquisa ocorreu simultaneamente em quatro países, o estudo contribuiu para consolidar a internacionalização em nosso programa”, destaca.

Para os alunos do PPGCSA, participar do estudo representou momento importante para suas carreiras como pesquisadores. “Muito interessante poder realizar com esse estudo dentro da nossa universidade e observar a comunidade interna. Por ser uma pesquisa interdisciplinar, que envolve áreas diversas, desde Economia até Saúde, foi uma experiência enriquecedora”, comenta o mestrando Carlos Picanço. A discussão também contou com a participação de estudantes de acadêmicos de graduação, como a estudante de Direito Nicole do Nascimento. Ela aderiu ao evento porque entende que debater segurança alimentar é uma questão de saúde pública, que deve ser debatida coletivamente: “Considero um trabalho maravilhoso. Com certeza, enriqueceu a minha formação”.

A gestão da UEPG participou das discussões, com atuação dos servidores das Pró-reitorias de Assuntos Estudantis (Prae) e Assuntos Administrativos (Proad) no debate dos diferentes temas abordados no evento. “Nos chama atenção a quantidade de alunos em insegurança alimentar, o que nos leva a pensar em mudanças de estratégia para levar a assistência a mais estudantes”, explica a pró-reitora da Prae, professora Ione Jovino. O pró-reitor da Proad, professor Emerson Hilgemberg, destaca o papel dos RUs, administrados pela Pró-reitoria, para combater a insegurança alimentar: “Em meio às propostas apresentadas, ressaltamos o subsídio e a manutenção dos valores das refeições, inclusos os casos de gratuidade, como políticas de permanência”.

As discussões sobre insegurança alimentar do Núcleo de Pesquisa “Questão Ambiental, Gênero e Condição de Pobreza” retornam nos dias 19 e 20 de agosto, quando a UEPG realiza o Simpósio Interamericano Perspectivas para a Alimentação. O evento contará com a presença de pesquisadores da Universidad Mayor de San Marcos, no Peru; a  Universidad del Valle, na Colômbia; e as Universidades Nacionais de Lanús, Jujuy e Patagonia Sur, na Argentina; que realizaram a pesquisa Insegurança alimentar e vulnerabilidade social dos estudantes de graduação’, em suas respectivas comunidades universitárias.

Texto e fotos: Gabriel Miguel


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