A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) oferece, a partir de outubro, uma nova opção de curso de português para estrangeiros. O Promigra, projeto financiado pela Fundação Araucária, envolve professores e alunos dos cursos de Serviço Social, Jornalismo e Letras, e que será ofertado para mais de 40 alunos da comunidade acadêmica e externa à UEPG.
O curso é gerido na UEPG por uma parceria entre o projeto de extensão Internacionalização, Cidadania e Direitos Humanos (Intermig) e o Projeto Processos Migratórios e Intercâmbio: Inclusão Social e Diversidade Cultural, que atuam diretamente com imigrantes em Ponta Grossa. “Como essas pessoas que estão chegando agora no Brasil têm necessidade de fazer sua naturalização e de encaminhar a sua documentação, eles precisam de um documento que ateste a proficiência. Então o que nós estamos fazendo pelo Promigra é acelerar esse processo para eles”, explica a professora Lenir Mainardes, que, junto com a professora Ana Isabel Ringvelski, é uma das coordenadoras do Projeto.
A coordenadora do curso de português para estrangeiros, professora Pascoalina Bailon De Oliveira Saleh, do Departamento de Estudos da Linguagem, explica que o curso foi pensado conforme a rotina dos imigrantes. “Nós fizemos direcionado a esse grupo que trabalha, que não tem tanta disponibilidade de horários e precisa regularizar sua situação no Brasil. Fazemos isso via Proex, como um curso, focado na necessidade deles”, pontua.
A professora Pascoalina destaca que o curso do Promigra terá duração de um ano e que o material didático foi escolhido para contemplar o tempo, realidade dos alunos, mas sobretudo, a eficácia na aprendizagem. “Nós preferimos pegar um material já produzido, que já deu resultado, que tem um início meio e fim, até pela urgência do material, e para ter garantia de que tem essa continuidade”, afirma a professora, que faz o comparativo com materiais utilizados em outras iniciativas da UEPG, como a do projeto de extensão Português como Língua Adicional (PLA), que também ensina a língua portuguesa para estrangeiros.
Histórias que se cruzam à da UEPG
A aluna Zainab-kamil conta que veio do Iraque para o Brasil em 1995. “A gente chegou aqui refugiados de tantas guerras. Meu irmão veio morar antes de nós aqui no Brasil, e ele trouxe a gente pra cá”. Nesses 27 anos vivendo no Brasil, ela e a família, que com o tempo só cresceu, se estabeleceram e criaram raízes. “Muito bom morar aqui. Dois filhos chegaram comigo e com meu ex-marido. Depois, mais um filho nasceu aqui no Brasil”. Um dos filhos de Zainab é agora professor do curso de Direito da UEPG, Reshad Tawfeiq.
Segundo Zainab, a procura pelo curso, mesmo morando há tanto tempo no Brasil, se deve pelo desejo de aprender mais e aprimorar o português. “Eu sempre fico em casa, não tenho muito contato com ninguém que possa melhorar a comunicação. Eu quero melhorar, quero falar bem, porque cada vez a gente precisa mais”, explica a aluna, que afirma que o domínio do idioma e as aulas em grupo a ajudarão a fazer novos amigos e ter contato com os vizinhos e conhecidos.
Junto com ela, estudará o casal Luis Eduardo e Lina María Rojas. Os dois venezuelanos estão no Brasil há cerca de 5 anos. “A princípio foi difícil, difícil de arrumar trabalho e principalmente a língua que é o mais importante”, relata Lina. Segundo ela, quando a vida parecia querer se estabilizar, começou a pandemia de Covid-19, e foi aí que o casal resolveu empreender, abriram a própria empresa de pintura, onde trabalham há dois anos e meio.
Agora, o casal, que já morou na Venezuela, Colômbia e no Chile, pretende se estabilizar no Brasil e não se mudar mais. “Nós queremos naturalidade no país, queremos nos estabilizar. Nós já temos a nossa casa própria e, depois de morar em dois países, além da Venezuela, é aqui que queremos ficar. Depois de comprar casa aqui já é uma estabilidade maior”, avalia Luis.