Sonhar, enfrentar, superar, acolher, amar. A experiência de ser mãe é diferente para cada uma, mas igualmente transformadora. Neste Dia das Mães, a Universidade Estadual de Ponta Grossa reuniu histórias de mães que fazem parte da instituição, como alunas, pesquisadoras, professoras, servidoras e pacientes.
Ana Claudia sonhou ser mãe. Realizou: três lindas filhas, três Marias: Maria Larissa, Maria Rafaela, Maria Eduarda. Com as filhas adolescentes, se permitiu sonhar com um curso superior, uma especialização, um mestrado. “Com muito ‘agito e loucurada’, entre casa, trabalho, família e todas as exigências da faculdade, fiz a graduação por insistência e apoio irrestrito delas; fiz o mestrado em cumplicidade com elas, e agora, rumo ao doutorado para realizar o sonho delas: ver a mãe doutora”. Ana Claudia Pereira Andruchiw é graduada em Letras Português-Espanhol, especialista em Ensino de Filosofia no Ensino Médio e mestre em Estudos da Linguagem pela UEPG.
Cursar uma graduação é um trabalho difícil. Cuidar de um bebê de dois anos, também. A Dieine Laíza de Souza, aluna do segundo ano de Zootecnia da UEPG, precisou conciliar as duas coisas por mais de um mês, enquanto aguardava vaga para o filho em um Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei). Foi um desafio para a aluna, para o pequeno Ádan e para colegas e professores – recebido com muita empatia e compreensão. Nas aulas de Genética, por exemplo, que é uma das matérias tidas como mais difíceis do curso, o professor ofereceu uma ajuda para além da sala de aula. “Ele se ofereceu pra me dar aula nesses horários reservados para tirar dúvidas, enquanto a esposa dele cuidava do meu bebê”, conta Dieine.
Agora, com a vaga na creche garantida, graças à intervenção da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis e do Ministério Público, ficou mais fácil conciliar os estudos com a maternidade. Ainda assim, é um equilibrar de pratos. No futuro, ela não quer que Ádan pense que foi preciso abdicar de algo com a vinda dele, mas sim que foi uma superação das dificuldades. “Eu imagino que ele vai me ver como uma pessoa forte”, deseja.
Superar
Para quem imaginava que não iria ter filhos ou ter filhos por adoção, a gravidez veio como uma surpresa. Mas olhando para trás, Marina consegue perceber que inconscientemente organizou a vida para receber a Aurora. “Eu achei incrível me tornar mãe, não imaginava que ia ser tão legal assim”, brinca. “Quando ela nasceu, foi uma coisa transformadora e arrebatadora. Foi muito mágico, me vinculei com aquele serzinho muito rápido”.
Para além da maternidade real, que envolve abdicar de coisas, mudar rotinas e enfrentar o que vier pelo caminho, ser mãe é uma experiência que traz grandeza. “Eu me sinto uma pessoa melhor pelas coisas que eu consigo fazer por ela, pelo que eu consigo suportar. Eu não aguento mais, mas mesmo assim eu sigo. Isso parece que me torna uma pessoa melhor, mais capaz e enfim, mais resiliente”, avalia. “Outra coisa que eu também considero muito transformadora é a experiência de você ser amado por uma criança, algo que eu gostaria que todo mundo tivesse”.
A barriguinha já aparente das 21 semanas de gestação de Eliane Belo normalmente não chamaria a atenção na maternidade do Hospital Universitário Materno-Infantil da UEPG. A diferença é que, além de paciente, ela também é técnica de enfermagem e trabalha na triagem das gestantes que vêm fazer o pré-natal.
“É muito prazeroso, porque a gente pode compartilhar experiências da gestação”. A cada gestante que percebe a barriga saliente, a curiosidade: “você também está gravida?”; “é menino ou menina?”. É menina, a pequena Lívia Maria. “Mas, claro, tem que segurar o emocional, né? Quando chega uma gestante com sangramento, ou após um aborto…”. Aí é difícil de não se colocar no lugar da paciente. “Eu fico com o coração na mão”.
Ser mãe, para Eliane, é algo indescritível. Mas, na prática, é dividir um amor que se multiplica. “Com a vinda da Lívia, eu consegui perceber que amo ainda mais a minha primeira filha”, declara. E a adolescente retribui com carinho e preocupação. “Ela está feliz, se preocupa bastante, manda mensagem perguntando se tomei água, se comi, se não estou usando calça apertada”, ri.
Amar
Quando vale estar junto da mãe em um dos momentos mais importantes da sua vida? Para Layane Pimenta Araújo, vale muito. Vale tanto, que ela deixou em Pinheiro, no Maranhão, o marido, sua vida e suas coisas, para ganhar o pequeno Anthony Gabriel na maternidade do Hospital Universitário Materno-Infantil (Humai). Foram mais de 3 000 km percorridos até o abraço carinhoso da mãe e, agora, avó.
O João Victor Duarte dos Santos, residente em Obstetrícia, foi uma figura importante no parto de Layane. “Já no primeiro contato que tive com ela, o objetivo foi de acalmar, dizer que estava tudo certo”, conta o enfermeiro. “Essa é nossa função: acompanhar, garantindo a segurança da mãe e do bebê, até o momento em que o parto ocorre. Nossa função é amparar o nascimento; quem faz todo o processo é a mãe e o bebê”. Somando a segurança de poder se movimentar e ficar na posição que queria, a ação calmante e analgésica da água, a confiança no próprio corpo e o apoio da equipe de enfermagem, Anthony pôde vir ao mundo com tranquilidade e segurança. Para João, essa humanização faz toda a diferença. “Para as gestantes, é uma experiência que vai ficar marcada para o resto da vida. Uma experiência positiva numa gestação tem a tendência de se repetir na próxima”.
“Hoje, mais que nunca, eu sei o valor que ela tem para mim”, declara Layane. “Ela sabe o quanto eu amo ela; o quanto eu já a amava e agora muito mais, depois de ter passado por tudo isso e ver o que ela passou por mim”. Com o pequeno netinho nos braços, Maria Joelma já faz planos para um futuro cheio de carinho: “a mamãe educa, a vovó estraga”.
Texto: Aline Jasper | Fotos: Aline Jasper e Arquivo Pessoal