No Dia das Mães, a UEPG conta a história do sonho, do carinho e da família da Margareth

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“Ela é minha rainha, eterna rainha”. Como o próprio Allan diz, não precisa procurar muito nas redes sociais para encontrar uma dedicatória carinhosa para a mãe. Por isso, trabalhar juntos na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) tem sido um sonho realizado, para ele e para mais um dos filhos da dona Margareth.

Margareth Haas, a mãe, trabalha na zeladoria do Bloco E do Campus Uvaranas. No Departamento de Física, os filhos Allan Leandro Monteiro e João Frederico Monteiro trabalham, respectivamente, como técnico de laboratório e professor colaborador. Neste Dia das Mães, contamos a história de uma “família UEPG”, como tantas que fazem parte da história da Universidade.

Allan

O primeiro a começar a trabalhar na UEPG foi Allan, em 2012. Mas ele mesmo garante: só fez o concurso graças à insistência da mãe. “Eu tinha um sonho de ser funcionário público, por causa da estabilidade. Mas não imaginava que pudesse trabalhar numa instituição estadual. Achava que era demais para mim, que estava sonhando muito longe”, lembra. A mãe discorda: “O Allan sempre foi uma pessoa inteligente. Eu dizia: veja tua capacidade. Mãe conhece os filhos que tem”.

Por isso, ela fez a inscrição e levou o filho mais velho para fazer a prova. O instinto de mãe, afinal, deu certo. “Quando eu comecei a trabalhar aqui, eu olhava para aquele portal da UEPG, de dentro do ônibus, e pensava ‘Meu Deus, eu sou funcionário daqui’. Tenho muito orgulho de dizer isso”, se emociona Allan.

Formado em Tecnologia em Alimentos pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Allan precisou se adaptar à nova área em que iria trabalhar: a Física. “No começo, fiquei meio de cabelo em pé”, lembra o técnico. Mas logo, já estava ambientado. “No ano letivo de 2013, preparei uma apostila de Práticas Complementares, que não tinha. Me dou super bem no Departamento, com os professores, os chefes, eles têm confiança no meu trabalho”, diz.

A rotina, antes da pandemia, era puxada. Como as aulas práticas de Física contemplam 22 graduações, eram diversas aulas por dia e vários equipamentos para cuidar. “Meu trabalho envolve a montagem das aulas práticas, manutenção do material e dos equipamentos. O professor chega um pouquinho antes, fala a aula que a gente tem que montar. Depois, tem que desmontar e manter tudo em dia”, conta Allan.

Com os alunos, a convivência é cotidiana. “A gente tem o contato muito direto com os alunos. Tudo que eles precisam, eles chegam até mesmo primeiro para a gente, e depois para o professor”, ri. Por dois anos seguidos, Allan foi homenageado nas formaturas das turmas de Licenciatura em Física, além de receber o convite para mais uma homenagem neste ano.

Os protocolos de papel, que precisavam ser levados até os setores para assinar e tramitar dentro dos departamentos da UEPG, extintos em 2019, levaram Allan a conhecer muitos funcionários e servidores da Universidade. “Eu batia perna, ia lá pra reitoria, pro Bloco M, conhecia um monte de gente. Onde a gente chegava, era bem acolhido, assim como quem chega aqui é bem recebido no nosso ambiente”.

Margareth

Quando Margareth começou a trabalhar na UEPG, em 2019, quase ninguém a chamava pelo nome. “Você que é a mãe do Allan?” foi uma pergunta ouvida dezenas de vezes – e sempre recebida com muito orgulho. Ela, que é técnica de enfermagem, deu entrada na aposentadoria e recebeu a notícia de que faltava 1 ano e 8 meses para poder se aposentar, devido a problemas trabalhistas nos anos 1970. “Eu não ia mexer com algo tão antigo. Resolvi trabalhar esse tempinho que faltava, mesmo”, decidiu.

Aí foi a vez do filho retribuir o favor: avisou a mãe do concurso aberto na UEPG. “Só que não é na área da saúde, é na área da limpeza. Eu falei: não tem problema. A gente que é dona de casa tira de letra”, lembra Margareth. Aí começou o trabalho, no Bloco E, onde se concentram os cursos de Engenharia da UEPG. “Esse tempo que eu estive aqui foi muito bom. Porque eu adoro lidar com estudante, professor, essa área da educação. Sempre me dei bem com todo mundo, fiz amizades, fui para excursões, trabalhei no vestibular, adorei tudo”, comemora. “Nesse ponto, eu sou dinâmica, sabe? Tem gincana? Vamos. Tem Sipat? Vamos. Tem viagem? Vamos. Tem que trabalhar? Vamos. Eu gosto”.

Retomando um sonho

Nos anos 1990, Margareth prestou vestibular para Serviço Social na UEPG, e passou. Mas os tempos eram outros. “Como tinha 4 filhos pequenos, trabalhava e tinha acabado de me separar, não pude cursar”. São quatro filhos: Allan veio primeiro; depois Francisca, que hoje tem também quatro filhos; e por fim os gêmeos João Paulo e João Francisco. “Eu me separei e eles ainda eram pequenos, então eles se criaram comigo. Era eu e eles, eles e eu”. Entre trabalho, filhos, casa e sobrevivência, foi preciso deixar o sonho em espera.

Quando veio a pandemia de Covid-19, Margareth precisou se afastar do trabalho na UEPG, por conta da idade. Teve que ficar em casa – e com os filhos crescidos, morando sozinha, começou a se sentir triste. “Quase pirei. Essa convivência com aluno, funcionário, professor me fez muita falta”, comenta. Aí chegou a hora certa de retomar aquele antigo sonho de cursar Serviço Social, desta vez à distância. “Sempre falei: um dia vou fazer. E aí chegou a pandemia, fui fazer. Tô aproveitando bem meu tempo, fazendo aquilo que gosto”.

Família UEPG

“UEPG é UEPG. Sempre foi. Por isso esse orgulho de estar aqui. UEPG é a número 1”, se orgulha Margareth. O filho mais novo, João Frederico Monteiro, cursou a graduação em Bacharelado em Física, mestrado e doutorado em Ciências pela UEPG. Em 2020, retornou à instituição como professor colaborador. “O objetivo dele sempre foi a UEPG. Ele gosta daqui”, diz a mãe.

“Eu entrei, e meu irmão fazia doutorado na época. Logo, a esposa dele, formada em Química, fez mestrado e doutorado, depois Licenciatura em Química, também na UEPG. Depois a mãe entrou. Minha sobrinha desde que nasceu anda pelos corredores da UEPG. Há 3 anos, conheci meu companheiro aqui dentro da UEPG, agora ele trabalha no Hospital Universitário e estamos juntos até hoje”, conta Allan. “Foi uma nova história da nossa vida que foi escrita nesses nove anos em que eu estou aqui dentro”.

O momento é cheio de emoção. “Imagine, pra uma mãe, você ver teus filhos formados, realizados nas vidas deles. Você realizando um sonho. Todos com saúde. Netos maravilhosos”, se emociona Margareth. “Eu tenho uma família maravilhosa, só tenho gratidão”.

Sobre o sentimento de trabalhar na UEPG, Allan é enfático: “A UEPG é como uma mãe”. Ele explica que a comunidade da UEPG recebe, acolhe e ampara alunos, funcionários e professores.

“O aluno passa no vestibular, fica feliz, mas ao mesmo tempo tem medo do futuro. A gente chega a ver alunos chorando nos corredores, com medo de não dar conta, então a gente incentiva, conversa, estimula”. Desde uma simples mão estendida, até mobilizações e arrecadações de dinheiro, Allan conta que já viu muita bondade dentro da Universidade. “A família UEPG acolhe e apoia. Aqui, são muito humanos. Quando eu entrei aqui, também passava por dificuldades, e me acolheram como acolhem os alunos”.

O brilho no olhar de Allan diz tudo sobre o carinho que sente pela instituição e pelas pessoas que constroem o cotidiano da UEPG. “A UEPG é uma mãe, mesmo. É nesse sentido de acolhimento, carinho, amor, respeito”.

Texto: Aline Jasper | Fotos: Aline Jasper e Arquivo Pessoal dos entrevistados


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