A formação humana também passa pelas mãos deles. O curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) completa, em 2022, 60 anos de existência. No trabalho de formar profissionais capazes de atuar como professores e profissionais da pedagogia, o curso retorna das aulas remotas com novos desafios na área da educação. No Dia do Pedagogo, comemorado nesta sexta-feira (20), professores e alunos mostram que, como disse Paulo Freire, “o educador se eterniza em cada ser que educa”.
O mundo de possibilidades que a pedagogia oferece se abriu para a egressa Kelen Cunha, que atua com crianças em vulnerabilidade social. “A pedagogia ajuda na compreensão do ser humano como um todo, tanto no cognitivo, quanto no psicológico dentro da aprendizagem”. Para ela, a pedagogia traz subsídios para que a atuação profissional seja mais correta e coerente dentro das necessidades de cada indivíduo.
O campo de trabalho também é valioso para a ex-aluna Thaune Molo. “É um campo riquíssimo, que precisa ser cada vez mais explorado como uma possibilidade”, ressalta. Thauane trabalha na educação de jovens e adultos (EJA) e explica que a perspectiva é bem diferente do trabalho com crianças. “Apesar dessa diferença, os processos de ensino são muito semelhantes em relação à alfabetização. Trabalhamos reconhecendo a carga cultural e histórica dos alunos para a construção da aula e, sinceramente, é gratificante atuar com EJA”, pontua.
Desafios
O retorno às aulas presenciais, depois deum período de isolamento por conta da pandemia, serviu novos desafios para a Pedagogia e Educação. “Vemos uma defasagem de aprendizagem, então os professores têm que inovar para conseguir fazer com que alunos retornem, por isso o trabalho do pedagogo hoje é essencial, ele sempre foi”, destaca Elenice.
O retorno, para a professora, significa um recomeço, já que os alunos retomam o contato uns com os outros, presencialmente. “A socialização é muito importante no processo de formação e acredito que a profissão ficou mais valorizada por conta da pandemia, porque os professores de maneira geral trabalharam muito nesse tempo remoto”, informa. O presencial, segundo ela, não será como antes. “Precisamos nos adaptar à tecnologia, que avançou, e também ir atrás dos alunos que não voltaram para a sala de aula, então temos que recuperar a presença dos alunos na escola”, enfatiza.
A defasagem escolar é um dos grandes desafios do pedagogo, de acordo com a professora Nelba Maria Teixeira Pisacco. “Uma demanda social bastante emergente é o impacto da pandemia sobre o desempenho das crianças, especialmente. Nossos estudos avaliam que existe um baixo desempenho de aprendizagem, mesmo alunos com escolaridade avançada, e a pandemia potencializou isso”, acentua Nelba. A Universidade recebeu demandas das escolas para avaliar e trabalhar com o contexto pandêmico, explica. “São demandas que se articulam em estratégias para dar uma resposta, mas, ao mesmo tempo que se faz isso, se cumpre um grande trabalho na formação do pedagogo, o inserido nesse contexto, dentro e fora da escola”.
Extensão
Uma das maneiras de avaliar a superar os desafios que a pandemia impôs é o trabalho na extensão. “A extensão cumpre dupla função da formação do Pedagogo, pois possibilita a interlocução da pesquisa, do ensino e da extensão, que é fortemente desenvolvida no Departamento de eEducação e Departamento de Pedagogia”, conta Nelba. A professora destaca dois projetos dos departamentos, que cumprem o papel de interlocução de teoria com a prática – a Universidade Aberta da Terceira Idade (Uati) e o Processos de Aprendizagem e Dificuldades Escolares, programa de extensão e pesquisa, onde se trabalha com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. “A interlocução da pedagogia via esses projetos acontece na justiça, no serviço social, no direito e nas licenciaturas, pois abordam a aprendizagem e didática. Essa inserção na comunidade é extremamente importante, tanto na formação, quanto no viés social. É uma respostas da Universidade às demandas sociais”, finaliza.
Texto e fotos: Jéssica Natal