Debaixo do céu azul da manhã, Nilton limpava o gramado do bosque das araucárias, enquanto observa a beleza do Campus Uvaranas. Quando chegou na instituição, em 1993, não era tudo mato, mas tudo terra em campo aberto. “Lembro que tinha apenas os Blocos L, M de Agronomia, Engenharia e o Colégio Agrícola. Veja você, hoje, a quantidade de bloco que tem, além da Reitoria, que não era aqui. Nossa… era tudo um campo”, relembra.
Para que o Campus que conhecemos hoje existisse, as mãos de Nilton trabalharam. As árvores mais antigas são “filhas” do servidor, que, junto com a equipe, plantou e cultivou as mudas. “Sabe esses bosques de árvores que têm aqui [em Uvaranas]? Foi tudo de sementinha que eu fiz nos tubetes, cultivei e saímos com a equipe pra plantar”, conta enquanto aponta para os Blocos de Educação Física e Bloco L.
A árvore Jequeri, mencionada anteriormente, foi uma das primeiras sementes cultivadas por Nilton. Além dela, a Imbuia e a Araucária também existem na UEPG por conta da colaboração do jardineiro. Com um Campus arborizado, o cuidado com a grama e a poda de árvores é a principal função do servidor atualmente. E o chão verde que pisamos diariamente? Também colaboração de Nilton: “quando a gente chegou aqui, não tinha grama, era tudo terra, a gente tirava as mudas dos lados de onde hoje é o Hospital Universitário, na enxadinha, vinha com as carretinhas e parava pelos lugares pra ir plantando”.
O servidor não esconde a satisfação por ver o Campus bonito. “Eu olho e lembro que aqui tinha um monte de arvorezinha pequenininha, no começo. Agora tem asfalto, um monte de árvore, tá tudo muito bonito”. Perto de se aposentar, a UEPG terá para sempre a marca registrada de Nilton. “Eu penso que o que eu fiz aqui é uma lembrança, alguém vai passar mais tarde e ver que fui eu que plantei, é uma marca para quem vai ficar aqui”. A instituição é um símbolo para a história de Nilton, nas palavras dele: “A UEPG é uma coisa boa pra minha vida, que me ajudou muito e a todos que trabalham aqui. Foi o melhor lugar que já trabalhei. O que eu tenho hoje foi tudo daqui, tenho mais que agradecer”, completa.
Pelo Bloco M
A jovem Marilene, mãe de três filhos, foi convidada a trabalhar no Biotério em 2002, local em que permanece até hoje. “Cheguei sem saber nada, mas aqui me ensinaram como trabalhar, então atualmente faço de tudo um pouco e eu gosto do que eu faço, tanto que estou aqui tanto tempo, né? Foi assim que criei meus filhos”. Hoje com 53 anos, a vitalidade jovial permanece em Marilene. Quando finaliza as funções no Biotério, ela colabora na recepção da Clínica de Radiologia – ciência da qual ela faz curso técnico nas horas vagas. “Eu não sei ficar quieta e quando sobra tempo ajudo em outras atividades, pois gosto muito de continuar aprendendo”.
Quando entrou na UEPG, Marilene pensava que sua função seria ficar apenas na limpeza. O convite para trabalhar no Biotério, como apoio em todas as atividades do setor, foi recebido com emoção. “Eu achei que nunca iria conseguir fazer tanta coisa aqui e esse convite me marcou profundamente”. Ao olhar para trás, o sentimento de felicidade é o único que fica para Marinele. “Eu penso comigo: nossa! 30 anos se passaram e muita coisa mudou. Eu olho para trás e vejo que era uma menina quando entrei aqui e hoje eu sou uma mulher bem vivida. Não arrependo de nada que fiz até hoje”.
Parar de trabalhar? Não tão cedo, para a servidora. Com os olhos brilhando, vestindo orgulhosa o jaleco com a marca da UEPG, ela afirma com veemência que não está na hora de parar. “Olha, eu não pretendo me aposentar, ainda faltam quatro anos. Mas aí eu penso eu estou bem, sabe? Eu estou bem”.
Um dia de encontro
O aprendizado veio como uma criança que aprende com os mais velhos. “Eu era uma menina quando entrei aqui, em 1993, até muitos olhavam pra mim e falavam que menor de idade não podia trabalhar, mas eu já tinha 19 anos e aqui foi meu primeiro emprego”, relembra. A UEPG é a segunda casa e família para Carmen. “Estar aqui é a minha jornada mais alegre e, desde 2009 a Proex é a minha terceira família, depois da minha de sangue e a UEPG em si”, explica. Apesar de completar 30 anos de emprego, ainda faltam alguns anos para Carmen se aposentar. “Pretendo viver a UEPG da melhor maneira possível para me preparar para a aposentadoria. E daqui só levo muita gratidão por viver em uma família unida”.
Antes de ser efetivado como servidor, Renoaldo Kaczemarech já era aluno da UEPG. A jornada na instituição iniciou em 1984, na graduação de Licenciatura em Ciências. “Logo depois, fiz a habilitação em Ciências Biológicas e foi aí que surgiu a oportunidade de emprego na UEPG, pois minha professora pediu um concurso para funcionários na época”, relembra. Com isso, veio o trabalho no Herbário da UEPG por 25 anos, depois no Laboratório de Zoologia e, desde 2018, Renoaldo atua no Museu Campos Gerais. “O que mais me marca nisso tudo são os colegas de trabalho, pessoas que você conheceu ao longo da vida, a gente sente saudade dessas pessoas, porque acaba sendo uma família, você cria vínculo com elas”. Ao ver tudo o que viveu na UEPG, o servidor define como um misto de sentimentos. “A gente não tem nem palavras, ficam muitas perspectivas, acho que o segredo de você trabalhar bem naquele lugar é fazer o que você gosta, eu gosto do que eu faço aqui”, completa.
Texto e fotos: Jéssica Natal | Fotos posadas na fachada da Reitoria: Fabio Ansolin