Nascer prematuro é ser lutador. E foi assim que o Hospital Materno-Infantil da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Humai-UEPG) descreve os bebês que nascem de forma prematura – como lutadores. De 15 a 18 de novembro, a instituição organizou atividades em comemoração ao Dia Mundial da Prematuridade, celebrado nesta quarta-feira (17). As atividades marcam o Novembro Roxo, que simboliza a sensibilidade, individualidade e características dos bebês prematuros. O tema das atividades desse ano, estampado nas áreas do Hospital, é em homenagem aos bebês: “Lute como um Prematuro”.
O “trabalho incansável” a que se refere Luciane se reflete em números. Em somente um mês (agosto a outubro deste ano), foram atendidos 84 bebês em prematuridade no Humai. A UTI Neonatal atendeu, desde agosto de 2020, 119 bebês prematuros ou com menos de 37 semanas. Os números de atendimentos aumentam no Berçário do Hospital: 126 bebês atendidos, com menos de 37 semanas, desde agosto do ano passado. O diretor geral do Hospital Universitário, Sinvaldo Baglie, reforça que o Humai realiza atendimentos em neonatologia e obstetrícia para mães e bebês de 28 municípios dos Campos Gerais. “Com atendimentos de excelência em saúde para este público, cumprimos nossa missão institucional e garantimos tratamento especializado a cada vez mais pessoas”.
Ver a evolução dos bebês prematuros também é importante para a equipe. A fisioterapeuta da UTI Neonatal, Flavia Bezerra Pesci, destaca a luta diária que os bebês enfrentam para a recuperação. “Ao longo do tempo, vamos trabalhando para criar um vínculo com a família, para propiciar um vínculo do bebê com a mãe, e essa família acaba ficando mais próxima da gente também”, conta. A longa permanência dos pacientes demanda cuidados especiais. “A maioria não tem noção que o cuidado de um pequeno é tão demorado”.
O Humai conta com seis leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e dois de Unidade de Cuidado Intensivo (UCI), voltados ao tratamento de bebês prematuros. Flavia explica que o cuidado aos prematuros é diferenciado. “A maioria das pessoas que trabalham em hospitais lidam com outro tipo de cuidado. Aqui a gente trabalha com toque toque mínimo, com descanso para ganho de peso, então é uma atuação muito individualizada”, ressalta. Segundo ela, o Dia da Prematuridade destaca o trabalho feito pelos profissionais. “Mostra o nosso jeito de trabalhar e faz com que exista uma sensibilização. Os bebês são muito frágeis, mas muito fortes, porque eles suportam muitas coisas durante todo o internamento”.
Cerca de 95% dos recém-nascidos, que precisam de UTI Neonatal no Humai, são crianças prematuras com menos de 37 semanas de gestação. No Brasil, 10% dos nascimentos são de bebês prematuros. “Antigamente, era focado muito na fragilidade do prematuro, mas agora estamos focando no cuidado do prematuro, porque é um trabalho minucioso e muito gratificante”, salienta a enfermeira pediátrica Neidy Forte. Os pais, depois da alta de seus bebês, mantêm o vínculo com a equipe. “A família sempre nos manda as fotos dos nossos ex-pacientes, porque cada bebê que sai daqui é uma vitória. Ver eles crescendo fortes e estabelecidos não tem preço”.
Atividades
Para realizar as atividades de maneira integral, as atividades do Novembro Roxo envolveram os profissionais que atendem bebês prematuros e também as famílias. Todo o planejamento de atividades se deu por meio da equipe do Programa de Residência Multiprofissional em Neonatologia. “Pensamos nessa semana para integrar toda equipe e familiares, com momentos de treinamento e relaxamento”, esclarece Débora Melo Mazzo, coordenadora da Residência em Neonatologia.
A equipe é composta por 20 residentes, como assistentes sociais, farmacêuticas, fisioterapeutas, enfermeiras e dentistas, que organizaram oficinas de montagem de ventilador mecânico, aulas de reanimação e oficina de manobra de Heimlich. “Organizamos oficinas de banho terapêutico, que é o que a gente faz na UTI com os bebês, e muitos pais pedem para aprender. Orientamos sobre posições para dormir e sinais de alerta, além prevenção da sepse, porque os bebês são muito suscetíveis a infecções”, explica Débora. Nesta quarta-feira, as mães puderam ter sessões relaxantes de barras de access e trabalhos manuais. A semana do Novembro Roxo encerra nesta quinta-feira com o 1º Fórum Multiprofissional da Prematuridade, sob o tema “Lute como um Prematuro”.
Para a assistente social e residente, Bárbara Pereira, o tema prematuridade precisa ser mais discutido para o melhor atendimento aos pais. “A semana toda foi proveitosa e discutir o tema com pais e profissionais da saúde, sem dúvidas, contribui para a melhor assistência”. Toda a programação, bem como os materiais produzidos, foram obtidos com o apoio da Associação dos Amigos do Hospital da Criança.
Texto e fotos: Jéssica Natal