Docência, odontologia e a UEPG: dons que perpassam gerações na história de Tito Lúcio Fernandes

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Há coisas que passam de geração em geração. Memórias, histórias, dons, vocações. No caso de Tito Lúcio Fernandes, professor aposentado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, a escolha pela odontologia, pela docência e pela UEPG são de família. Em comemoração ao Dia do Professor, a Universidade escolheu contar histórias de docentes que estão em processo de aposentadoria para representar e homenagear cada professor e professora que fez e faz parte da história da instituição.

A história de Tito começa ainda antes de ele nascer. Não tem como falar dele sem falar de Humberto e Terezinha, um casal que se conheceu na Faculdade de Farmácia e Odontologia de Ponta Grossa. Eram alunos da segunda turma do curso, formados em 1958. Em 1966, começaram a lecionar na Faculdade de Odontologia e em 01 de março de 1971, o casal foi oficialmente contratado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Foram professores do curso por mais de três décadas e se aposentaram com uma diferença de apenas vinte dias: ela em 27 de dezembro de 1994, ele em 17 de janeiro de 1995.

O pequeno Tito acompanhou essa história de pertinho. Nascido em 1962, via os pais professores e os pais dentistas. “Meu pai tinha consultório anexo à casa e eu via muito meu pai trabalhar, algumas vezes até ajudava ele no trabalho e me identifiquei com a profissão”. Aí ficou fácil a escolha pela carreira profissional: primeiro, por cursar odontologia na UEPG, em 1980, e depois, por ser professor na instituição, em 1988.

Já no ano seguinte da formatura, em 1985, Tito serviu no Exército Brasileiro, em Curitiba, como cirurgião-dentista. Em seguida, foi fazer mestrado na Pontifícia Universidade Católica (PUC) em Porto Alegre, na área de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. “Quando eu me formei, não existiam programas de residência para Odontologia. Existia esse curso de mestrado, que era, na verdade, como se fosse uma residência: a gente dava plantões em hospital lá em Porto Alegre”, lembra. Dessa lacuna, ele viu uma oportunidade de formação para os futuros profissionais: foi responsável pela abertura do serviço de cirurgia bucomaxilofacial no Hospital Universitário da UEPG, em 2015, e da Residência na área, em 2016. Em 2019, um novo desafio, com o Doutorado em Clínica Integrada, na UEPG, finalizado em 2023.

Uma família na UEPG: os pais e ele mesmo, na Odontologia; a esposa, graduada em Serviço Social; o filho, Odontologia; a filha, Medicina. “A nossa história está muito vinculada. São três gerações já que passaram por aqui”. Os sentimentos que ficam de toda essa história são gratidão e orgulho. “Gratidão por ser uma escola pública, por ter usufruído de toda a estrutura, por todos os professores por quem a gente passou, tanto na graduação quanto na pós-graduação; e orgulho de ter pertencido ao corpo docente da UEPG”.

No início da docência, a primeira disciplina ministrada pelo professor Tito Lúcio foi Anatomia, e 36 anos depois, ele fez questão de encerrar a carreira docente com a mesma disciplina. As fotos que acompanham essa matéria são de agosto de 2023, quando uma turma de primeiro ano de Odontologia se debruçava sobre peças anatômicas variadas para compreender o sistema vascular humano. Para ele, ser professor sempre foi sobre passar conhecimento e incentivar pessoas. “Quando eu era aluno, eu me espelhava muito nos meus professores”, lembra. “Por isso, sempre que eu podia, eu mostrava para os alunos um pouco do que eu usava na prática. Mesmo na anatomia – porque a cirurgia tem muita relação com anatomia -, procurava mostrar para eles um pouco do que eu já faço na especialidade para incentivar eles, para eles vislumbrarem durante o curso como a anatomia vai ser importante, não só durante o curso, mas na formação profissional”.

Ao longo de mais de três décadas de docência, foram muitos os profissionais que passaram pelas carteiras da UEPG como alunos de Tito Lúcio. Aí, nos eventos e em congressos profissionais, é comum encontrar egressos que reconhecem o antigo professor. Já se tornou comum ter dado aulas para duas gerações diferentes da mesma família (pais e filhos). Aí ele brinca: “Vou me aposentar antes que eu dê aula para os netos, né, pra terceira geração”. Ele comemora que o professor que assumiu a disciplina em seu lugar foi, também, seu aluno. “Tem que dar lugar para as novas gerações. Tá na hora de passar o bastão”, sorri.

Texto e fotos: Aline Jasper


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