Farmacêutica egressa da UEPG integra pasta inédita do Ministério da Saúde

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O Mistério da Saúde agora conta com o trabalho de uma egressa da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). A farmacêutica Alícia Krüger anunciou, nesta terça-feira (17), que irá fazer parte da Assessoria de Políticas de Inclusão, Diversidade e Equidade em Saúde, ligada à Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. O trabalho vai ao encontro do que Alícia já faz enquanto profissional de saúde, epidemiologista, mulher e travesti – equiparar o atendimento universal pelo Sistema Único de Saúde (SUS), refletindo a diversidade do povo brasileiro.

Alícia e a atual ministra da saúde, Nísia Trindade

A pasta é inédita, ligada ao segundo escalão do Ministério, mas a conexão de Alícia com o Governo Federal não é nova. A farmacêutica tem diversos trabalhos desenvolvidos junto ao Governo Federal, especialmente sobre cuidado farmacêutico da população LGBTQIA+ e prescrição de tratamentos preventivos de HIV/Aids. A vigilância será o setor em que Alícia pretende se debruçar durante o trabalho na pasta. “Enquanto pesquisadora, acadêmica e trabalhadora do SUS, ativista do movimento trans e travesti, tudo isso é muito representativo. A vigilância é a minha área de atuação diária, então consigo unir todos esses pontos para que a gente possa fazer realmente um trabalho bem interessante”, ressalta.

A ética de trabalho da farmacêutica será alicerçada em três pontos: equilíbrio político, equilíbrio científico e acolhimento às pessoas. “Sempre pautada pela ciência e com bastante postura política para dar conta de tudo o que precisa ser feito”. O planejamento é trabalhar em íntima ligação com os movimentos sociais brasileiros. “A gente tem que lembrar que o próprio SUS é algo feito a partir de movimentos sociais dos mais diversos, então não tem como trabalhar nessa assessoria apartada dos movimentos que construíram o SUS”, salienta.

Olhar a saúde brasileira

“Muitas vezes a gente costuma a olhar a saúde apenas como assistência, como essa prestação de cuidado direto ao paciente, mas não é só isso”, adverte. Segundo Alícia, vigilância é o que ninguém vê, mas o ponto chave para a saúde coletiva brasileira e mundial. “Dados epidemiológicos, levantamentos, o entendimento do gerenciamento da rede de saúde e dos modelos de atenção, todos esses conhecimentos são fundamentais para a tomada de decisões em saúde pública. E é isso que a vigilância fornece”. A vigilância precisa refletir a saúde brasileira e a diversidade do seu povo, como destaca a farmacêutica. “Não pode ser apenas branca, cisgênero e héterocentrada. Ela precisa refletir raça, cor, povos originários, questões de deficiência e de classe, e a epidemiologia e vigilância como um todo precisam se adaptar, e esse é um desafio grande da pasta”, explica.

Ligação com a UEPG

Primeira aluna travesti formada pela UEPG, Alícia não tem medo de dizer que a instituição e o curso de Farmácia foram cruciais para que sua carreira fosse construída. “Toda a minha base foi a minha graduação em Farmácia, com professoras e professores dos mais qualificados possíveis em termos técnicos, e todos muito humanos”.

A gratidão pela equipe de mestres é ênfase na fala de Alícia. “Eu tive muita dificuldade, sofri muita transfobia dentro do ambiente acadêmico, mas a mínima parte veio de professores e corpo técnico. Sou muito grata a todas a minhas e meus mestres, professores que carrego como amigos até hoje, além de uma Reitoria que me acolheu dentro do Conselho Universitário e me tratou como igual perante os professores”.

Alícia conta que sempre faz questão de demonstrar a ligação com a UEPG em todos os espaços que frequenta. “Minha formação foi tecnicamente maravilhosa, o curso de Farmácia sempre esteve entre os melhores cursos do Brasil, com uma formação humana, que me fez a sanitarista que sou hoje, sendo uma gotinha nesse oceano que é a saúde coletiva brasileira”, completa.

Sobre Alícia

Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade de Brasília (UnB) e doutoranda em Endocrinologia Clínica pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), Alícia trabalha em conjunto com Ministério da Saúde e Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), na pauta de prevenção combinada. Possui experiência em Saúde Pública e Saúde Coletiva, nas áreas de Prevenção Combinada do HIV, Gestão e Acesso de Populações Vulnerabilizadas e Epidemiologia aplicada aos Serviços Públicos de Saúde.

Texto: Jéssica Natal | Fotos: Sandrah Souza Guimarães e Arquivo Pessoal


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