A escolha por atuar com história ambiental começou ainda na graduação. “Fiz minha formação toda na área de História (2011) e decidi inicialmente trabalhar com história ambiental”, conta. Foi nesse tema que decidiu fazer o Mestrado sobre matadouros municiais de Ponta Grossa. “O Mestrado foi etapa essencial para continuar atuando, não somente como pesquisador e cientista, mas também para tentar o Doutorado”, explica.
Quando conseguiu o título de Mestre (2015), Lucas decidiu expandir seu enfoque de pesquisa. “Aliei história ambiental à das ciências, da tecnologia e até mesmo com algo sobre sistemas complexos”, recorda. O Doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2020) rendeu ao egresso da UEPG duas experiências internacionais – na Universidade Livre de Berlim (Freie-Universität), Alemanha, em 2018 e depois em 2019-2020. “As duas ocasiões foram incríveis, de extrema importância para minha formação, pois me permitiram conhecer o estado da arte das pesquisas em humanidades”. As duas temporadas na Alemanha renderam também a participação na Sociedade para a História da Tecnologia e na Sociedade de História Real, entidades internacionais voltadas a historiadores.
No Instituto
Foi com base na trajetória acadêmica que Lucas ingressou no INMA, Instituto criado em 2014, que trabalha para preservar a fauna e flora brasileira, além gerenciar duas áreas de conservação próximas à sua sede, no Espírito Santo. A rotina no Instituto envolve produção de conhecimento sobre história ambiental, história das ciências e história oral. Enquanto outros colegas historiadores trabalham na angariação, higienização, organização, guarda e divulgação de documentos históricos, Lucas produz entrevistas com cientistas e pessoas produtoras de conhecimento. “Sempre utilizando uma metodologia que une história ambiental, história das ciências e história oral”, ressalta.
Neste ano, a atuação de Lucas será ampliada com base na História Digital, considerada metodologia de ponta. “Irei trabalhar junto de pesquisadores da ciência da informação, cientistas da computação, biólogos e outros historiadores. Será algo bem complexo, mas muito gratificante em diferentes níveis”, comemora o egresso.
A trajetória no mundo da história ambiental começou ainda na graduação da UEPG, segundo Lucas. “Entrei no mundo da pesquisa e da ciência quando fiz minha primeira iniciação científica e uma das coisas mais marcantes foi organizar alguns eventos de grande porte junto à instituição”. Lucas reforça que historiadores podem ter espaço para atuar em instituições que, à primeira vista, parecem não ter relação com a História. “É por meio dessa aliança com diferentes campos do conhecimento que estamos estruturando um centro de excelência em pesquisas sobre a história das ciências e da conservação. Tudo isso sempre alinhado ao desenvolvimento sustentável e integrado entre sociedade e ambiente no domínio da Mata Atlântica”, completa.
Semana Tecnologia
O assunto tratado por ele foi sobre a Mata Atlântica – um dos biomas com a maior biodiversidade do planeta, com projetos de restauração e conservação considerados exemplares na COP15, realizada em dezembro de 2022, no Canadá. “Foi incrível apresentar resultados do meu trabalho no Instituto e estar em contato com pesquisadores de instituições brasileiras de ponta”, recorda. Lucas conta que conversou com pessoas que participaram do projeto e do lançamento do Satélite Amazonas 1, com pesquisadores do Programa Nuclear Brasileiro e com representantes de órgãos que fomentam e financiam pesquisa no país. “Algumas vezes nem dava para acreditar”, brinca.
Investir no que se acredita é lema de vida de Lucas, para quem quer estudar fazer graduação em História. “Às vezes, não é nem um pouco fácil, mas eu diria que fazer parte – e compreender como a grande aventura do conhecimento humano ganha forma em diferentes épocas, locais – e ainda dar retorno à nossa sociedade são motivações mais do que suficientes para seguir nessa área”, destaca.
Texto: Jéssica Natal | Fotos: Arquivo Pessoal