Museu Campos Gerais abre novas exposições e comemora recorde de visitação

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Cerca de 4000 visitantes: desde a reabertura do prédio histórico do Museu Campos Gerais, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (MCG-UEPG), em 20 de junho, o espaço cultural que completa 74 anos neste domingo (15) vem batendo recordes de visitação. Com a abertura das exposições “Mulheres Indígenas Paranaenses”, nesta terça-feira (10), e “Naji”, nesta quarta-feira (11), são oito mostras disponíveis ao público, com uma pluralidade de temas e de formatos.

O Diretor de Ação Educativa e Extensão do MCG, professor Ilton Cesar Martins, comemora a diversidade e qualidade do público que vem ao Museu. Além das visitas individuais e de grupos familiares, o MCG tem recebido diversos grupos da região e de outras cidades. “Temos recebido desde grupos escolares até grupos de terceira idade, grupos de refugiados, visitas de outros municípios, como Palmeira, Ivaí, Jaguariaíva, Carambeí, Castro, Foz do Iguaçu”, exemplifica. Outras atividades integram os cursos da própria Universidade, como Turismo, Serviço Social, Jornalismo, Letras.

O ano comemorativo de 75 anos do Museu inicia com a sede restaurada e todas as salas expositivas do antigo Fórum ocupadas. O aniversário de 74 anos, neste domingo, 15 de setembro, marca também o lançamento do selo comemorativo desenvolvido pela Coordenadoria de Comunicação da UEPG.

Mulheres Indígenas Paranaenses

Na gênese do Museu Campos Gerais, estava o acervo de itens indígenas. Quem visitou o Museu em outros tempos, provavelmente se lembra de ver uma variedade de itens dos povos originários em exposição permanente. Agora, esses itens voltam a ser expostos ao público, em mostras que têm significações e diálogos distintos.

Para falar sobre mulheres paranaenses, um grupo de jovens mulheres dedicou tempo e conhecimento. Por meio do projeto “Memória, História e Prática educativas: a cultura como possibilidade de empoderamento de estudantes adolescentes de escolas da periferia de Ponta Grossa”, contemplado pela Chamada 02/2022 da Fundação Araucária – o Programa Mulheres Paranaenses: Empoderamento e Liderança, duas adolescentes, Maria Eduarda Schechtel e Maria Eduarda Futra Krüger, alunas do Colégio Elias da Rocha, produziram a exposição que homenageia as mulheres indígenas por meio dos objetos de seu cotidiano e dos momentos rituais.

Elas foram acompanhadas de perto por duas alunas do curso de História da UEPG, bolsistas de Iniciação Científica. Laura Marchesini e Maria Vitória Dingueleski falaram sobre a importância de pensar, questionar e problematizar o conhecimento histórico. “Em muitas narrativas museais, as mulheres são vistas em segundo plano e quando são mencionadas, são com referência doméstica e com referências à elite. A gente quis trazer outra narrativa aqui para o museu”, explica Laura.

Além de consultar fontes históricas, documentos e o próprio acervo do museu, as bolsistas também tiveram um auxílio importante de alguém que entende de perto cada um daqueles objetos e histórias: o acadêmico Dione Abreu, que é indígena da etnia Kaingang e estuda Licenciatura em História na UEPG. “Ele nos ajudou a identificar objetos e suas utilidades. Por exemplo, esse objeto as mulheres kaingang usam para tirar o ‘veneno’ da mandioca, e quem nos contou foi o Dione”, explica Maria Vitória.

Estão expostos dezenas de objetos das etnias Kaingang, Guarani, Ticuna e Karajá. Dentre os itens, estão pentes, leques, bonecas, cestos, cocares… a exposição abrange tanto materiais do cotidiano quanto rituais. O professor Ilton explica que a escolha por fazer mostras menores com os objetos do acervo, com recortes específicos, permite aprofundar o debate e trazer luz às temáticas. “Quando você dissolve tudo isso no conjunto de todos os materiais que temos das populações indígenas no acervo do Museu, esses objetos não têm destaque, mas dessa forma podemos dar relevo, seleção e aprofundar o debate. A narrativa, hoje, interessa mais que a quantidade de objetos”, enfatiza.

Naji – Apartheid na Palestina em Cartuns

O pequeno Handala, com as roupas maltrapilhas, pés descalços e postura humilde, é símbolo dos refugiados e da luta do povo palestino. O personagem foi criado pelo cartunista Naji el-Ali e vem ao Museu Campos Gerais na exposição “Naji – Apartheid na Palestina em Cartuns”.

A exposição, que problematiza a situação política e a trajetória histórica da Palestina, foi organizada pelo Programa de Pós-Graduação em História da UEPG, em parceria com o Comitê Ponta-grossense de Solidariedade à Palestina e com o Projeto de Extensão de Educação em Direitos Humanos e Ensino de História, com o apoio do Comitê Árabe-brasileiro de Solidariedade do Paraná.

Naji, um palestino que assumiu a condição de refugiado ainda na infância, é considerado um dos maiores caricaturistas do século XX. “As suas obras que estão retratadas e comentadas na exposição retratam a vida, os sofrimentos e as esperanças do seu povo, tanto os que estão exilados quanto aqueles que ainda conseguiram permanecer na Palestina”, explica o professor Luis Fernando Cerri. “Naji foi assassinado em Londres, em 1987, mas o seu legado continua a denunciar o genocídio e o apartheid que segue acontecendo na Palestina”.

Serviço

Além das exposições abertas nesta semana, o MCG tem ainda outras mostras disponíveis: “Marinhas – Arqueologia da Morte”, com fotografias de Orlando Azevedo; “Sala de Bonecas” e “1ª Micro Mostra da Reserva Técnica”, voltadas ao público infantil; “Aula de Anatomia”, com um acervo do Museu de Ciências Forenses; “Meu Coração de Polaco Voltou”, sobre as origens polonesas do poeta paranaense Paulo Leminski; e “Albary, o Prefeito”, sobre um dos gestores mais relevantes de Ponta Grossa. As visitações individuais dispensam a necessidade de agendamento, exceto para a exposição “Aula de Anatomia”, que deve ser mediada. Para visitas de grupos e com mediação, a atividade deve ser combinada pelo e-mail museucamposgerais@uepg.br. O horário de atendimento é de terça-feira a sábado, das 9h às 11h45 e das 13h30 às 17h.

Texto e fotos: Aline Jasper


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