Numa solenidade emocionante, 70 graduandos recebem imposição de grau

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“É por momentos assim que vale defender a Universidade Pública, sempre”. A frase do reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Miguel Sanches Neto, resume as emoções vividas por professores, familiares e amigos de 70 graduandos que colaram grau pelos bacharelados em Administração Pública, Engenharia de Alimentos, Enfermagem, Farmácia e Medicina; e pelas Licenciaturas Geografia, História, Matemática, Pedagogia e Serviço Social  A solenidade aconteceu na sexta-feira (17).

Apesar de ter sido realizada de forma híbrida, parte presencial na Sala dos Conselhos e parte on-line, com transmissão pelo Youtube, a cerimônia foi marcada pela emoção. “Esse ato, embora híbrido, foi muito emocionante porque sentimos nos olhos marejados de lágrimas dos formandos – agora profissionais, dos amigos, dos professores, dos diretores de setor, a emoção que é para a Universidade devolver para sociedade mais um grupo de pessoas que se formaram na nossa instituição”, avaliou o reitor.  “Parabéns a todos os formandos e formandas que coloram grau na extemporânea de hoje. Vocês são a razão de ser da UEPG”, celebrou.

As lágrimas também embargaram a voz de Cristiano Antonio do Nascimento, formando em Medicina, ao realizar o juramento da sua profissão, ato que foi o ponto de chegada de uma trajetória de percalços para a realização do sonho de ser médico. “Não foi fácil chegar até aqui, eu demorei muito tempo para entrar. Fiquei na lista de espera, em primeiro lugar, por três anos seguidos, até que entrei”.

Por ser graduado em odontologia pela UEPG, apesar de se enquadrar na política de cotas em outros quesitos, não pode utilizá-la para ingresso, o que representou uma dificuldade adicional. “Tive que enfrentar candidatos fortíssimos”. Com a morte da mãe, 40 dias antes do ingresso dele no curso, Cristiano ficou como tutor dos dois irmãos menores de idade. “Tive que cuidar deles, terminar de educar, e fazer o curso de Medicina, que é muito difícil”, desabafa. Ao fim da solenidade, toda a luta foi compensada pelo abraço emocionado da irmã, Deusinha, agora com 18 anos.

Anjos

Por conta da origem humilde, Cristiano relata que enfrentou dificuldades financeiras, mas que contou, segundo ele, com muitos anjos pelo caminho. “Eu não teria como trabalhar porque Medicina é integral. Então, pessoas do Clube Ponta-Lagoa, que tinham condições, se irmanaram na causa pra me ajudar. Fui sustentado por eles por seis anos, na verdade”.

Cristiano se preparou à altura para o momento. Vestiu-se de preto, colocou um estetoscópio no pescoço e colocou uma gravata com a marca do Ponta-Lagoa, clube onde há vinte anos foi recebido como boleiro. “Meu agradecimento aos diretores, à Ana, ao Rogério e ao Elton e, em especial, à Indianara Milléo. O meu obrigado à dona Neusa e à Fabiana Mansani”. Além dos agradecimentos a quem esteve com ele nessa jornada, Cristiano destacou o papel da instituição na realização do sonho de ser médico. “Acima de tudo, eu agradeço à UEPG, universidade pública de qualidade, que a gente tem que agradecer e valorizar todos os dias. Ainda bem que eu pude estudar na UEPG”.

“O Cristiano é o exemplo de quem tem um sonho e busca”, resume a Diretora do Setor de Ciências Biológicas e da Saúde, Fabiana Postiglioni Mansani. “Ele atingiu seus objetivos. Já era graduado em odontologia pela UEPG, mas tinha um sonho de ser médico. Buscou e conquistou, com todas as suas dificuldades, mas sempre ergueu a cabeça”.

A diretora afirma que Cristiano será um médico exatamente como regem as diretrizes curriculares nacionais: ético, humano e sensível às necessidades de melhoria e de atendimento à saúde da Comunidade. “Ele vai ser muito crítico e reflexivo, mas sem nunca deixar para trás a sensibilidade. Ele sabe que todos os professores do Departamento de Medicina vão estar sempre prontos a auxiliá-lo para que ele tenha um voo alto e muito sucesso na profissão de médico”.

Emocionado, após vestir o jaleco de médico, um presente de sua benfeitora Indianara Milléo, disse: “não tenho a minha mãe fisicamente aqui, mas eu tenho a minha mãe em cada uma das pessoas que eu contribuíram para que eu pudesse ter esse sonho concretizado”, conclui Cristiano.

De mãe para filha

O primeiro ato da solenidade foi o termo de fidelidade deveres profissionais, proferido pela graduanda do Bacharelado em Farmácia, Christin Ellen de Santa Clara. Além da emoção do juramento, a formanda teve uma emoção adicional, recebeu o canudo simbólico do diploma das mãos da sua mãe, Cristiane Aparecida Woytichoski.

“Enquanto mãe, professora e Diretora de Ensino da UEPG me sinto muito honrada em vivenciar esse momento de tanta relevância para minha filha, para instituição e para mim”. Woytichoski destaca que, a exemplo do que disse o reitor, professor Miguel Sanches Neto, em seu discurso, a UEPG devolve sua filha para a sociedade com o sobrenome da UEPG. A mãe destaca a emoção de ver a filha graduada na mesma instituição em que ela se graduou e trabalha. “Ao entregar o diploma, a emoção tomou conta, pois ela concluiu os estudos em uma Instituição pública e de qualidade, na qual também me formei e constituí carreira”.

Presenças

A solenidade contou com a presença local e virtual das autoridades universitárias: Pró-reitor de Graduação – Carlos Willians Jaques Morais;  Diretora do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes – Silvana Oliveira; Diretora do Setor de Ciências Biológicas e da Saúde, Fabiana Postiglioni Mansani; Diretor do Setor de Ciências Sociais Aplicadas – Emerson Martins Hilgemberg; Diretora do Nutead – Núclero de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância, Patrícia Lucia  Vosgrau de Freitas; e Secretária Ad Hoc – Marcela Teixeira Godoy.

Texto e fotos: Luciane Navarro


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