O 36º Festival Universitário da Canção (FUC) aconteceu no último sábado (15) e encheu o Cine-Teatro Ópera com música e momentos emocionantes. Nesta edição, as doze canções concorrentes arrancaram aplausos, gritos e lágrimas com diferentes estilos e letras carregadas de mensagens. A banda 50 Tons de Pretas finalizou a noite, com um show de encerramento que antecedeu a premiação que revelou os vencedores da competição.
Abertura
A emoção teve início logo na abertura do Festival. Recepcionados pelo ritmo contagiante do DJ Johnny, os mais de 500 espectadores assistiram a uma apresentação especial realizada pelas vencedoras das edições anteriores. MUM e Vivian Bueno, primeiros lugares das edições 34 e 35, apresentaram canções autorais, entre elas “Sanguinária”, de MUM, vencedora do ano passado. “Para mim, é muito bom retornar e compartilhar a emoção, o frio na barriga, com os artistas participantes” destaca Vivian. MUM descreve como uma grande honra retornar ao palco com a canção que a tornou vencedora do Festival.
Em sua fala de abertura, o vice-reitor da UEPG, professor Ivo Mottin Demiate, destacou o papel do FUC de resgatar a memória dos grandes festivais de música que apresentaram ao mundo grandes nomes da música brasileira. “Neste contexto de efervescência cultural e política surge o Festival Universitário da Canção, que segue revelando talentos e valorizando a produção local de música”. O vice-reitor ressalta que o Festival é resultado do trabalho criterioso dos jurados e dos servidores da UEPG para proporcionar uma experiência inesquecível. “É a universidade pública mantendo a tradição brasileira dos festivais e incentivando os artistas e a música regional”.
Competição
Sob aplausos e apresentação dinâmica do cerimonialista Vitor Salmazo, o FUC recebeu seus 12 competidores e as composições criadas para aquela noite especial. Participaram do 36º FUC: Os Cantantes, com “Se essa rua”; 3Madru, com “Outra vez devaneio”; Eulimo, com “Não era eu”; Ametysta, com “Sem rumo”; Konann, com “Preces”; Maro, com “Tudo o que quero”; Lorinezz, com “Relato da Maria”; Daniel Gnoatto, com “Sempre em mim”; Stanley e banda, com “Clareou a firma”; Alisson Camargo, com “Monge João”; Guile, com “Bilionários”; e Gegê Felix, com “Retrato”.
Todos os competidores foram apresentados por meio de vídeo produzido pela Coordenadoria de Comunicação da UEPG. Após as apresentações, os jurados Janine Mathias, Teo Ruiz e Rogéria Holtz, reuniram-se para decidir os vencedores nas categorias: Melhor canção (1º, 2º e 3º lugares), Melhor Intérprete e Melhor Letra. O público também participou da escolha dos campeões, elegendo seus favoritos pelas categorias Engajamento Digital e Júri Popular.
Enquanto os votos do público eram contados e os jurados tomavam sua decisão, a banda gaúcha 50 Tons de Pretas tomou conta do palco, levando músicas autorais e clássicos da MPB e do Rock nacional ao show de encerramento do Festival. Comandada pelas cantoras e instrumentistas Dejeane Arruée e Graziela Pires, a banda trouxe sua mensagem de combate ao racismo e valorização da música brasileira. As artistas agradeceram ao FUC por possibilitar o retorno do grupo, que interrompeu sua atividades devido às enchentes que atingiram Porto Alegre, sua cidade, mês passado.
O grande momento
A noite finalizou em grande estilo. O cerimonialista Vitor Salmazo deu início à cerimônia de premiação do 36º FUC na presença do diretor de Assuntos Culturais da UEPG, Nelson Silva Júnior; da chefe de Divisão de Cultura e Arte, Patrícia Camera; a pró-reitora de Extensão e Assuntos Culturais, Beatriz Gomes Nadal; o pró-reitor de Graduação, Miguel Arcanjo de Freitas Júnior; e o presidente da FAUEPG, Sinvaldo Baglie, que realizaram a entrega dos troféus.
A primeira categoria anunciada foi Engajamento Digital, que premiou a dupla Os Cantantes, pela canção “Se essa rua”. O segundo prêmio foi para Melhor Intérprete, conquistado por “Não era eu”, de Eulimo. Em sua primeira participação no FUC, Konann conquistou o troféu de Melhor Letra por “Preces” e o público do Ópera escolheu “Relatos da Maria”, de Lorinezz na categoria Júri Popular.
Em seguida, tiveram início as premiações para as três músicas vencedoras da competição. O rapper Konnan subiu novamente ao palco para receber o troféu de Terceiro Lugar. “Os dois prêmios que eu conquistei hoje são do rap e do hip-hop e todo mundo que me apoiou na caminhada”. O músico agradeceu a oportunidade de participar do Festival e homenageou todos os participantes da competição.
“Não era eu”, de Eulimo, conquistou o segundo lugar no Festival. O músico, que havia participado das edições anteriores do FUC, dedicou a conquista à comunidade LGBT, cuja luta inspirou a criação da música. “Nós estamos existindo, estamos persistindo e enquanto eu estiver vivo eu vou incomodar por vocês. A história de vocês se encontra através da minha música e aonde eu for eu vou levar vocês comigo”.
Com muita alegria e aplausos, o público vibrou quando o nome de Lorinezz foi novamente anunciado para receber o grande prêmio da noite. Em lágrimas, ela dedicou o prêmio às milhões de mães que criam seus filhos sozinhas no Brasil e inspiraram a criar a canção vencedora. “Ainda sem acreditar no que aconteceu, o sentimento é indescritível. O que me inspirou é a força que toda mulher tem”. Para Lorinezz, a conquista reflete sua trajetória pessoal. “Quando eu engravidei, aos 19 anos, me perguntavam o que eu seria da vida. A resposta é essa: eu sou artista”.
Formação musical
Além de revelar novos talentos na música, o Festival Universitário da Canção tem compromisso com a formação musical da comunidade. Na sexta-feira (14), véspera do FUC, aconteceu a Oficina de Ritmos Musicais Brasileiros, no Palco B do Cine Teatro Ópera. Durante a atividade, o instrumentista Nicolas Salazar apresentou diferentes instrumentos e estilos regionais de música existentes no Brasil. Desde 2021, durante a edição 33 do FUC, a organização do Festival promove ações voltadas à educação musical.
Um festival para a história
O espírito musical do Festival contagiou todo o público, desde os frequentadores mais assíduos aos recém chegados. Antônio José Camargo, professor de Geografia da UEPG, participa desde a primeira edição, pois integrou a gestão do Diretório Central dos Estudantes (DCE) que criou o FUC. Ele destaca que o Festival se moldou com o passar dos anos: “A medida que o FUC foi crescendo, passou a receber músicos de todo o Brasil, o que obrigou os artistas locais a se reinventarem. O resultado desse processo pode ser visto hoje”. Em sua primeira vinda a Ponta Grossa, o músico curitibano Túlio Borges descreve conhecer o FUC como uma grata surpresa. “Soube ontem do Festival e foi maravilhoso ter descoberto esse espaço que fortalece e valoriza a música autoral”.
“Mais uma vez o FUC se apresenta como o grande evento da música local. Todo o evento foi pensado para que as pessoas encontrassem um show único”, assim descreve o Diretor de Assuntos Culturais da UEPG, professor Nelson Silva Júnior, sobre o 36º FUC. Para ele, o conjunto de atividades desenvolvida para esta edição do Festival o tornaram único e fizeram do 36º um grande momento para a cultura de Ponta Grossa.
O Festival Universitário da Canção é organizado pela da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), por meio da Diretoria de Assuntos Culturais, da Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Culturais (DAC Proex); e a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Institucional, Científico e Tecnológico (FAUEPG). O Festival é produzido pela Estratégia Projetos Criativos, com patrocínio da Belgotex do Brasil e a Unimed; promoção da Rede Paranaense de Comunicação (RPC); Incentivo da Secretaria Municipal de Turismo e o Conselho Muncipal de Turismo e Apoio da Secretaria Municipal de Cultura, responsável pela administração do Cine-Teatro Ópera.
Texto: Gabriel Miguel, com apoio de Tierri Angeluci | Fotos: Fabio Ansolin, Gabriel Miguel e Jéssica Natal