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Na noite de hoje (13), o Festival Nacional de Teatro (Fenata-UEPG) encerra sua temporada de 2024 com sucesso de público e apresentações. De 07 a 13 de novembro, circularam por Ponta Grossa mais de 300 artistas, técnicos e produtores oriundos de todas as regiões do país. O destaque foram os espetáculos da Mostra Adulto, que vieram do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Amazonas; e o espetáculo Rádio Comida, de Piracicaba (SP) que circulou por 7 bares e restaurantes parceiros do festival.
Ao longo da semana, mais de 18 mil pessoas puderam acompanhar de perto as atrações do Fenata. Das 111 sessões de espetáculos, 104 foram gratuitas. A peça que fecha a programação deste ano é Macbeth, uma montagem de grande porte que reúne quatro coletivos municipais: Grupo de Teatro de Ponta Grossa (GTPG), Coro Cidade, Coro em Cores e Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa. Sob o comando do diretor Eziquiel Ramos, cerca de 150 pessoas encenam uma das tragédias mais famosas de William Shakespeare.
Para Eziquiel, orgulhoso, é “essencial reverenciar o teatro, dialogando com o futuro sem perder de vista as raízes do passado”. A escolha do texto partiu de uma experiência prévia que ele teve há dez anos, quando ainda fazia parte do coro municipal e entrou em contato pela primeira vez com a ópera “Macbeth”, de Giuseppe Verdi. Anos depois, com um currículo maior, conseguiu realizar o sonho de colocar em cena esses quatro coletivos.
Homenagens
O Fenata é conhecido por homenagear figuras importantes que se destacaram, ao longo da história do Festival. Na edição de número 52, Eduardo Gusmão, Alfredo Mourão e Cirillo Barbisan irão receber um certificado por suas trajetórias junto ao Fenata. Nelson Silva Júnior, diretor da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Proex-UEPG), ressalta que os escolhidos são figuras importantíssimas para o festival, uma vez que acompanharam o início do Fenata, entre as décadas de 1970 e 1980. “Eles merecem todo o destaque nesta edição”, afirma.
Mostra Especial
Ao longo dos anos, a Mostra Especial do Fenata se tornou um instrumento de formação de público, levando o teatro para lugares e pessoas que, normalmente, não teriam acesso aos espetáculos. Neste ano, foram cerca de 100 apresentações em bares, restaurantes, penitenciária, escolas públicas e privadas, bibliotecas e outros estabelecimentos da região, proporcionadas por artistas de seis espetáculos diferentes. Ao todo, na Mostra Especial, foram atendidas cerca de 10 mil pessoas, entre crianças e adultos de diversas idades.
Bosque do Fenata
Uma novidade da edição 52 é o Bosque do Fenata. Localizada no Campus Uvaranas, a iniciativa busca marcar a passagem de pessoas e grupos pelo festival, assim como relembrar as presenças importantes que já estiveram por aqui. Para o professor Nelson, esta é uma maneira de manter viva a história do Fenata, ao mesmo tempo em que é uma ação concreta de sustentabilidade proporcionada pelo festival. A primeira muda foi plantada pela atriz Heloísa Périssé, na manhã de estreia de seu espetáculo “A Iluminada”, no Cine-Teatro Ópera, no último dia 07.
Acessibilidade
Outra ação importante deste ano é a implementação do serviço de audiodescrição nas peças da Mostra Adulto, uma medida de acessibilidade que veio para somar à tradução simultânea em Língua Brasileira de Sinais (Libras) que já faz parte do Fenata há muitas edições. Para o produtor do Fenata, Eduardo Godoy, este foi um grande salto para o evento, uma vez que a formação de público também precisa garantir acesso ao teatro para pessoas com deficiência.
O trabalho de audiodescrição simultâneo foi realizado pela primeira vez na noite de segunda-feira (11), para a peça ‘A Força da Água’, do grupo Pavilhão de Magnólia. Durante a peça, o profissional João Arthur de Oliveira realizou a audiodescrição para que um grupo de pessoas cegas pudesse acompanhar a peça, com a utilização de fones de ouvido. A ação foi promovida em parceria entre a produção do Fenata e a Associação de Pais e Amigos do Deficiente Visual (Apadevi), com o objetivo de garantir acesso ao teatro para os atendidos pela instituição.
Oliveira relata que o Fenata foi sua primeira experiência de descrição de um evento cultural e destaca a satisfação em auxiliar as pessoas com deficiência visual a compreender o espetáculo e se integrarem ao público do Teatro. “O trabalho impõe uma série de desafios, mas o resultado vale a pena, porque foi possível ver o valor e o impacto social desta missão de garantir acesso à cultura”. Ele também exalta a surpresa em conhecer o Fenata e extensa programação.
Novos (velhos) palcos
Além das novas mostras, o 52º Fenata cresceu em número de locais de apresentação, em acordo com a tradição do Festival em criar palcos não convencionais por onde passa. Um destes locais é um velho conhecido do Fenata: o Museu Campos Gerais. Pela primeira vez, o MCG foi palco de uma peça do festival- ‘Propheta João Maria de Jezus’, que também marcou a estreia da Mostra de Teatro Experimental, criada para esta edição. A apresentação ocorreu na Sala do Júri, no prédio histórico do Museu.
Apesar da novidade, a relação do MCG e o Festival datam de décadas atrás, quando o primeiro Grupo de Teatro Universitário da UEPG ensaiava naquele espaço na década de 1980. “Enquanto museu, nos esforçamos para trabalhar temas ligados à conhecimentos populares e abordá-los por meio do teatro é uma experiência muito rica, que nos trouxe alegria” exalta o diretor do MCG, professor Niltonci Batista Chaves.
O Brasil em cena
A companhia de Manaus regressa ao Festival para sua segunda participação, dois anos após seu primeiro contato com o evento: “O teatro nos proporciona encontros que nos transformam e voltar aqui é permitir que o teatro nos transforme novamente”. A passagem pelo Fenata marcou a trajetória do grupo manauara, que desde sua primeira vinda planejava retornar aos palcos em Ponta Grossa, revela. “O reencontro traz a sensação de felicidade, em poder novamente olhar nos olhos de todos que acolheram nosso trabalho” celebra Jatobá, que também dirigiu a peça apresentada neste ano.
Para este ano, a companhia apresentou “Desassossego”, peça que aborda a rotina de pessoas confinadas em uma casa em meio à crise de oxigênio nos hospitais da capital amazonense, durante a pandemia de Covid-19. “Levamos para todo o Brasil a realidade do povo amazônida, para além da visão folclórica e midiática da floresta. E o Fenata cumpre um papel importante em dar visibilidade para a diversidade que buscamos representar”, ressalta o diretor.
Realização
O 52º Fenata é realizado pela UEPG, pela FAUEPG e pelo Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Sanepar, GMAD, Itaipu Binacional e Belgotex do Brasil. Apoiam o evento a Prefeitura de Ponta Grossa, por meio das secretarias municipais de Turismo e de Cultura, Conselho Municipal de Turismo de Ponta Grossa e Sesc Paraná. A promoção é da RPC e a produção da Estratégia Projetos Criativos.
A Coordenadoria de Comunicação da UEPG agradece aos fotógrafos que participaram da cobertura do Fenata: equipe Ccom, TV Educativa UEPG, em especial o Projeto Lente Quente e alunos do curso de Jornalismo da UEPG, cujas fotos passam a integrar o acervo histórico da Universidade, a partir desta edição.
Texto: Domi Gonzalez e Gabriel Miguel. Fotos: Equipe da Coordenadoria de Comunicação da UEPG, TVE UEPG, projeto Lente Quente, alunos de Jornalismo da UEPG.