O projeto “Organização, diagnóstico e pesquisa do Fundo Foto Bianchi” ganha, mais uma vez, evidência nacional. A professora Patricia Camera, do departamento de Artes da UEPG, diretora de Ação Educativa do Museu Campos Gerais (MCG), participa na segunda-feira (26) como palestrante de um evento do Instituto Moreira Salles (IMS), instituição de referência no país na curadoria de acervos fotográficos.
Patricia, participa da mesa 1, às 14 horas, com a apresentação, “‘Curadoria do Fundo Foto Bianchi: organização, conservação e tratamento documental de negativos de gelatina e prata sobre suporte de vidro”. O Fundo, localizado na Casa da Memória Paraná, em Ponta Grossa, “destaca-se por trabalhar a curadoria com base nas relações solidárias entre a comunidade, a prefeitura e a universidade”, aponta Camera na síntese da fala.
Nesse ano, o evento promovido pelo Instituto Moreira Salles (IMS), Museu Paulista/USP e Unicamp será online, devido à pandemia de Covid-19. O objetivo é a troca de informações sobre a apresentação de imagens de arquivos documentais em espaços museológicos, reunindo pesquisadores de diferentes regiões do Brasil, que atuam em arquivos fotográficos de naturezas diversas e compostos por milhares de itens. Os profissionais apresentam estudos de caso que revelam peculiaridades dos arquivos e estratégias curatoriais desenvolvidas.
Entre os objetos do Fundo estão cadernos, caixas originais dos negativos e aproximadamente 45 mil placas secas, resultantes de serviços fotográficos desenvolvidos em Ponta Grossa e região. “Assim, a proposta da comunicação é compartilhar parte da história e da produção do Foto Bianchi realizada por três gerações de fotógrafos que atuaram entre a primeira década do século XX e os anos 2000, com ênfase nas ações curatoriais sobre o acervo”, explica a professora.
Confira a programação do Seminário Aos milhares: desafios da curadoria de grandes arquivos fotográficos neste link.
O projeto de extensão está na sétima edição e hoje agrega estudantes de ensino médio (Pibic Jr.), graduação, pós-graduação e docentes de ao menos três áreas do conhecimento, operando na articulação com a pesquisa e com o ensino. Um dos espaços que permitem desde 2019 a ampliação de ações do Fundo Foto Bianchi é o Museu Campos Gerais. Em parceria com a Casa da Memória, o setor de digitalização do museu realizou no início de 2020 a transposição dos cadernos de controle comercial do Foto Bianchi para o repositório online e gratuito Memórias Digitais – o que divulga ainda mais os documentos e permite maior acesso de pesquisadores.
“As técnicas desenvolvidas na organização do Fundo Foto Bianchi passam agora a ser utilizadas em outros acervos históricos do MCG, como o Foto Elite, adquirido pela UEPG no ano passado e que já rendeu uma primeira exposição, em setembro, graças ao conhecimento e à familiaridade de estudantes extensionistas com esse tipo de arquivo”, explica Patricia Camera. “Os conhecimentos da extensão universitária sobre aquele material e contexto passam a ser replicados e adaptados em espaços diversos com demandas afins”, completa. Outro acervo do Museu é o Foto Cine Clube Vila Velha, criado dentro do então Centro de Criatividades da UEPG. Uma novidade neste ano é o acervo do Foto Tanko, de Santo Antonio da Platina, que reforça esse olhar especial sobre a fotografia e que vai demandar ação de extensionistas e pesquisadores.
Em 2019, a Casa da Memória recebeu a visita de diretores da Revista do Patrimônio, principal publicação do setor, editada pela Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O objetivo da diligência era o reconhecimento dos principais acervos fotográficos do sul do país. Também no ano passado, Camara ganhou o prêmio João Pilarski de Artes Visuais, da Fundação Municipal de Cultura de Ponta Grossa, pelos trabalhos desenvolvidos sobre o conjunto documental e iconográfico Foto Bianchi.
Texto: Gabriella de Barros | Fotos: Cristiane Dalzoto Bueno e Rafael Schoenherr