Geocidades: o projeto da UEPG que busca transformar a realidade de Cerro Azul

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A extensão promovida pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) está transformando a realidade de moradores de Cerro Azul, município paranaense a 196 quilômetros de Ponta Grossa. A iniciativa vem por meio do Projeto GeoCidades, composto por alunos e docentes dos Departamentos de Geociências; Economia; e Direito das Relações Sociais, que atuam na revisão do Plano Diretor da cidade. O trabalho já iniciou as leituras comunitárias e mapeamento de locais e estradas. O objetivo do trabalho é proporcionar melhor qualidade de vida e investimentos para a cidade.

As atividades iniciaram em setembro de 2021 e, até julho deste ano, foram feitas leituras comunitárias com moradores, que buscam conhecer a visão dos pessoas sobre a realidade do município. A equipe, agora, parte para a fase de sistematização de informações. O coordenador do projeto, professor do curso de Bacharelado em Geografia, Márcio Ornat, destaca que o grupo trabalha na leitura cartográfica do município e irá fazer uma audiência pública, para que a população chancele.

“Cerro Azul é uma cidade pobre e, para receber investimentos, é necessário estar em dia com o plano diretor”, salienta Ornat. Fundada em 1860, o município nunca teve um mapeamento das suas estradas rurais, escolas ou unidades de saúde. “Nós vamos fazer todo o mapeamento do espaço urbano, já fizemos 3.321 quilômetros de estradas e caminhos rurais. O que temos feito o município em 160 anos nunca teve acesso”, destaca. O Projeto Geocidades iniciou em 2021, com o objetivo de trabalhar em planos diretores de forma decrescente, do pior ao melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Paraná. “Entendemos esse trabalho como ferramenta de transformação  social da sociedade”.

Para o trabalho em Cerro Azul, há uma parceria já firmada entre a UEPG, que fornece transporte, alunos e professores para o projeto, enquanto a prefeitura do município auxilia com hospedagem e alimentação. A experiência foi desafiadora para a estudante de Bacharelado em Geografia, Judite Bueno de Camargo. “No início, me pareceu não somente uma proposta inovadora, mas bastante desafiadora. Aplicar os conhecimentos que adquiri no decorrer da graduação foi sem dúvida de grande valor, me mostrou a importância da minha profissão e do compromisso que temos com a sociedade”, relembra.

Judite participou desde as primeiras reuniões do projeto. “Sempre conversávamos para tentar sensibilizar a população (adultos, crianças e adolescentes, para que participassem efetivamente deste processo. Meu trabalho é também coletivo, desde o início até onde está agora”, reflete. Para a bacharel em geografia, Luana Oliveira, ver os geógrafos em atuação foi uma experiência única. “Esse trabalho trouxe uma integração entre as disciplinas do curso e também tivemos uma melhor experiência entre os alunos e professores”, ressalta.

Momentos

Todas as idas até Cerro Azul foram marcantes para Luana. “A que mais me chamou atenção foi na leitura comunitária, esse momento foi muito proveitoso, principalmente porque tivemos a oportunidade de conversar com as comunidades do município. Foi um momento de experiência de trabalho entre nós acadêmicos e a população local”, destaca.

Construir um plano diretor participativo faz com que a população tenha voz e colabore para melhorias no município. “Me marcou profundamente todos aqueles em que eu pude ajudar a fortalecer a base, fosse ao conversar com um morador explicando a função e a importância do plano diretor, ou ao discutir os conhecimentos, junto aos meus colegas de turma e professores”, ressalta Judite. O adendo, para ela, ainda foi a paisagem da cidade. “Cerro Azul é dona dos mares de morros mais bonitos que pude contemplar e é com esse projeto e com essa equipe que a cidade pôde finalmente começar a desfrutar de suas potencialidades e fortalecer as fragilidades”, informa.

Importância 

A Geografia é uma área profissional que permite a atuação em âmbitos, como paisagem, região,  território, espaço ou lugar. “Ser geógrafa é pensar no todo, naquilo que a maioria das pessoas não veem e não entendem. É pensar na necessidade de um bom planejamento e de uma boa gestão, entendendo o tempo na qual cada uma se aplica, quando uma cidade é planejada”, conta Judite.  Um conselho para quem está entrando na Geografia? Luana responde: “aproveite cada saída de campo, cada momento de dúvida nas aulas, perguntem, divaguem nos pensamentos, ousem fazer aquilo que ninguém fez, ousem pensar aquilo que ninguém pensou. Aí vão perceber o quão valioso é um conhecimento que se pode trocar e aprender”.

Toda a evolução e informações do projeto podem ser conferidos no site do projeto.

Texto: Jéssica Natal | Foto de Capa: Jéssica Natal | Fotos internas: Arquivo Pessoal


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