No início, eram apenas paredes brancas e eles. O Hospital da Universidade Estadual de Ponta Grossa (HU-UEPG) completa, nesta quinta-feira (31), doze anos de existência. Junto com a data, a instituição comemora a contribuição dos servidores que atuam no Hospital até mesmo antes da inauguração oficial. De Regional a Universitário, no ensino, pesquisa e atendimento integralmente SUS, o HU é referência na assistência em saúde em Ponta Grossa e região.
A colega de manutenção, Aline Aparecida Mendes, ressalta a evolução do Hospital, tanto na parte assistencial quanto no fornecimento de material de trabalho. “Me sinto orgulhosa de fazer parte dessa história, pois muita coisa mudou. É gratificante saber que a gente desempenha um trabalho que ajuda a população e, se um dia sair daqui, sei que eu contribuí para o bem de toda a população de alguma forma”, frisa.
“O hospital, que custou R$ 30 milhões, está com o prédio construído, mas ainda não recebeu todos os equipamentos”, dizia o texto da Gazeta do Povo, publicado em 30 de março de 2010. A chegada dos equipamentos foi testemunhada por Rosenilda de Fátima Rosa, que construiu, literalmente, o Hospital. Hoje na cozinha, ela ajudou a rejuntar o piso e rebocar as paredes do prédio. “Eu estava aqui ajudando os pedreiros antes mesmo de inaugurar”, relembra. Na época, não havia calçamento no entorno e a sujeira da obra ainda estava presente. “Limpamos todo o prédio com balde e panos, foi um trabalho braçal bem pesado, pois subíamos e descíamos os andares para limpar”, explica. Rosenilda não esconde a emoção ao ver o crescimento do Hospital que ajudou a construir. “É uma satisfação muito grande, principalmente em saber que eu ajudei a levantar o prédio e agora vejo ele funcionando a todo vapor”, adiciona.
“Eu andei pelo Campus Uvaranas e desci até aqui e naquele dia tinha muita chuva”, conta Rita de Cássia Alves, servidora da hotelaria, sobre o 19 de março de 2010. A andança era comum na época, já que os servidores ainda não tinham refeitório e faziam as refeições no Restaurante Universitário da UEPG. Rita lembra do início das atividades, do primeiro paciente, primeira alta e o primeiro falecimento no Hospital. “Cada primeira vez era comentada por todos, era algo totalmente novo pra gente”. A chegada da Covid-19 redobrou o trabalho e os cuidados. “Tivemos que ser mais cuidadosos com os procedimentos de entregar roupas nos setores, além de ter muita cautela para não nos contaminarmos”. Do ponto de vista pessoal, o HU representa uma grande melhora na vida de Rita. “Mas também trouxe um ganho muito grande para a população, pois esse Hospital que era algo muito esperado por todos, se não fosse pelas pessoas que trabalham nele, a população sairia perdendo”, finaliza.
Crescimento
A inauguração foi o ponta pé inicial para o início das atividades, que aconteceram em 05 de abril, no Ambulatório. Uma semana depois, veio o Centro Cirúrgico e mais trinta leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) vieram na sequência. Com o andamento das licitações, foram somados 150 leitos nos setores. O crescimento se refletiu em números. Atualmente, a instituição conta com 148 leitos (04 leitos de emergência, 10 leitos de observação no Pronto Atendimento, 20 leitos de UTI, 20 de clínica médica, 20 de clínica neurológica e 74 de clínica cirúrgica), além de 36 para Covid-19 (20 leitos de UTI e 16 de enfermaria).
Em 2020, um novo desafio se apresentou. A pandemia da Covid-19 impôs novas formas de trabalhar, novos cuidados dentro e fora do Hospital. No mesmo mês do aniversário, foram inauguradas a UTI e Clínicas Covid. Dois anos depois da primeira internação, foram 1850 pacientes da UTI e 3480 pacientes das Clínicas atendidos no período. Fora das paredes do Hospital, a equipe também atende de maneira consolidada para a assistência em saúde da população. Desde 2020, a instituição auxilia a comunidade externa com subsídio de residentes, professores e servidores na aplicação da vacina contra Covid-19 e H1N1 nas datas agendadas pela Prefeitura Municipal.
Resultado
O diretor do HU-UEPG, Sinvaldo Baglie, evidencia as frentes de trabalho desenvolvidas no Hospital, como referência no atendimento e ensino de qualidade, sempre buscando atender as pessoas que mais precisam. “Com a integração de todas as equipes, e a união de esforços, o HU tem conseguido prestar o melhor atendimento possível, tendo sempre em vista o objetivo de salvar vidas, além de restaurar a saúde e a qualidade de vida”. O diretor também enfatiza que a instituição se orgulha de garantir uma formação consistente para profissionais de saúde. “Em todos os setores, o atendimento de qualidade se alia ao ensino, em especial nas residências uni e multiprofissionais”.
“Todo momento é hora de agradecer, por tanto orgulho que as equipes dos Hospital nos fazem sentir”, salienta a diretora do Humai, Maria Cristina Roque Ferreira. A diretora informa que a implantação do Humai foi de fundamental importância em um momento crucial que o HU passava, quando havia ampliação das áreas Covid-19. “O desafio nos uniu. As nossas equipes estiveram lutando de mãos dadas para vencer a pandemia e o Humai veio uma excelente hora, para dar maior segurança aos pacientes”, explica. Maria destaca o trabalho materno-infantil como de excelência na assistência, ensino e formação de profissionais. “As equipes auxiliaram não apenas o fluxo organizacional do Hospital, como também ajudaram a prestar a melhor assistência para o município e região”.
Além da qualidade na assistência em saúde, o HU é referência no ensino. “Desde o início das atividades de residências médica e multiprofissional, em 2013, o ensino e pesquisa do HU têm crescido continuamente”, destaca a diretora acadêmica Fabiana Bucholdz Teixeira. Atualmente, a Direção Acadêmica coordena todas as atividades relacionadas ao ensino no HU e Humai, com aporte acadêmico da UEPG. “Contamos com docentes de alto nível, tecnologias, metodologias e soluções pedagógicas de ponta na prática educacional no ambiente hospitalar. Tudo isso contribui para o preparo e aprimoramento dos profissionais para lidar com a os avanços e inovações na área da saúde”, adiciona Fabiana. As modificações do cenário assistencial, novas tecnologias e terapias em saúde surgem como desafios a serem superados pelas residências. “Isso faz com que o HU possa compartilhar aquilo que tem de melhor: conhecimentos que agregam valor aos profissionais e ajudam a impulsionar o desenvolvimento do setor de saúde no Brasil”.
“Quando comemoramos um aniversário, celebramos a vida! Hoje não é diferente, pois estamos celebrando a vida de uma instituição que cuida de vidas”, destaca a diretora administrativa, Eliane Rauski. As “vidas” que Eliane se refere são os pais, mães, filhos, irmãos e companheiros de alguém que fazem parte do corpo de servidores do HU. “Essa instituição que hoje parabenizamos tem vida a partir das pessoas que nela trabalham, nossos colaboradores de diferentes vínculos. Parabenizamos quem constrói diariamente o Hospital que nos enche de orgulho e que é referência em nosso Estado, com muito amor e qualidade”, completa.
Texto e Fotos: Jéssica Natal