O decênio coincide com as comemorações dos 50 anos da Universidade Estadual de Ponta Grossa. O reitor da UEPG, professor Miguel Sanches Neto, observa a relevância do Hospital como órgão da Universidade, especialmente no contexto da epidemia de Covid-19. “Comemorar o aniversário de 10 anos do HU-UEPG em um momento de grande demanda de serviços hospitalares por conta da Covid-19 revela a importância da criação do hospital, mas principalmente a importância da equipe que faz heroicamente o seu cotidiano”, enaltece.
“A trajetória do HU, construída com excelência em diferentes áreas, em especial como hospital de ensino, credencia-o a responder às demandas do Covid-19 com profissionais qualificados, estrutura, criatividade e inovação”, afirma Sanches. O hospital se prepara para atender aos pacientes suspeitos ou confirmados, e o terceiro andar do hospital foi isolado, destinado exclusivamente para casos de Covid-19. Foram preparados 25 leitos clínicos, para os casos moderados, e 10 leitos de tratamento intensivo (UTI), para os casos graves. O acesso é restrito a profissionais do setor, mediante uso de vestimenta especial.
O professor Everson Krum, vice-reitor da UEPG e diretor do Hospital Universitário por sete anos, rememora a trajetória do Hospital. “Tive a honra de participar da inauguração do hospital há 10 anos e ainda ser designado como chefe da unidade hospitalar. Com orgulho e satisfação pude acompanhar a trajetória do Hospital, que a cada dia se consolida como o maior estabelecimento público da região. Neste período, tivemos grandes conquistas como novas UTIs Gerais, UTI Neonatal e Pediátrica, Maternidade, Urgência Cirúrgica Pediátrica e Ampliação de Atendimentos Ambulatoriais e de Exames. O Hospital Universitário é o novo marco para o Ensino e a Saúde da região”, enfatiza Krum.
O Hospital foi inaugurado em 31 de março de 2010, como Hospital Regional de Ponta Grossa. Neste primeiro ano, ofertava apenas 18 leitos gerais ativos, apesar da capacidade para instalação de 193 leitos. Em 2013, a Universidade Estadual de Ponta Grossa assumiu a administração da unidade hospitalar, que passou a ser Hospital Universitário. No momento da transferência de gestão, havia 40 leitos ativos, dos quais 12 eram reservados para atender adultos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), 18 leitos cirúrgicos e 10 leitos clínicos. O Hospital atendia a 430 pacientes por mês.
Hoje, são oferecidos no HU-UEPG serviços de saúde como o atendimento ambulatorial, atendimento de Urgência e Emergência, Maternidade, UTI Neonatal, Pediátrica e Adulto, Exames e Análises Clínicas. Por mês, são cerca de 6000 consultas ambulatoriais e 3000 exames de Raio X, Tomografia, Ressonância e Ultrassom. Os pacientes recebidos são provenientes de 12 municípios dos Campos Gerais.
Houve um aumento de 320% nos leitos ativos no hospital, durante os 7 anos de gestão como hospital universitário. Dos 166 leitos ativos, 6 são na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, 4 na UTI Pediátrica, 20 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulto, 2 na UCI Neonatal, 30 na Clínica Médica, 58 na Clínica Cirúrgica e 34 na Maternidade. A construção da nova ala da Maternidade, em andamento, deve acrescentar 20 novos leitos.
“Há 10 anos, vimos surgir os primeiros trabalhos de construção do nosso Hospital Universitário. Era uma obra pequena e tímida, onde todas as pessoas que aqui trabalhavam, se conheciam até mesmo pelo nome. Uma pequena cerimônia deu início aos trabalhos”, rememora a Diretora Administrativa do HU, Maria Cristina Roque Ferreira. “Com o passar dos anos, transformou-se num local de referência, que hoje atende milhares de pessoas de toda a região dos Campos Gerais”, complementa.
O atendimento humanizado é um diferencial do Hospital Universitário destacado por boa parte dos funcionários e corpo administrativo. “Um hospital, mais do que equipamentos e prédio, são as pessoas. Parabéns a todos e a todas, colaboradores, comunidade e lideranças, que fazem de nosso HU um dos melhores hospitais do Brasil”, congratula o reitor da UEPG.
Como conta a Diretora Geral do HU, Luciane Cabral, os conceitos de gestão baseados no atendimento com qualidade, carinho e humanização são fundamentais para o reconhecimento do HU como referência de qualidade na região dos Campos Gerais. Maria Cristina complementa que as equipes do hospital têm empenho e dedicação constantes, que fazem a diferença na qualidade do atendimento. “Temos um grande aprendizado, com histórias que nos comovem todos os dias. Uma vivência emocionante. Aqui o empenho e a dedicação são constantes. E todo momento é hora de agradecer, por tudo que nos torna melhores pessoas e melhores profissionais”, finaliza.
Hospital de Ensino
O Hospital Universitário também se configura como um centro formador de profissionais, com espaço para estágios, pesquisa científica, pós-graduação e programas de extensão. “O Hospital é cenário de prática para estágios de cursos, não somente da área da saúde. É evidente que esse impacto parece maior quando se pensa no curso de Medicina, mas outros cursos, como Farmácia, Enfermagem e Odontologia, tiveram também a oportunidade de ter um cenário de prática hospitalar com serviços de excelência”, explica a Diretora Acadêmica do HU, professora Tatiana Menezes Cordeiro.
O HU-UEPG oferta Residências Multiprofissionais e Uniprofissionais em nove programas. Profissionais das áreas de fisioterapia, serviço social, enfermagem, farmácia, análises clínicas, fonoaudiologia, odontologia, educação física e psicologia podem realizar pós-graduações em Urgência e Emergência, Reabilitação, Obstetrícia, Neonatologia, Saúde do Idoso, Intensivismo e Bucomaxilofacial, além dos novos programas em Saúde Mental e Epidemiologia e Controle de Infecções. As residências médicas são voltadas para Clínica Médica, Cirurgia Geral, Neurologia, Cirurgia Vascular, Radiologia, Medicina Intensiva, Otorrinolaringologia, Ortopedia, Anestesiologia e Endoscopia.
“No que diz respeito à residência médica, o HU não só ampliou o número de vagas ofertadas na região, mas também diversificou as especialidades. Hoje, temos programas de residência que não existiam na cidade, como Ortopedia, Cirurgia Vascular, Medicina intensiva, entre outros”, relata Tatiana. “Foi fundamental o desenvolvimento desses 10 anos de Hospital Universitário na formação de médicos especialistas”.
Enquanto havia vagas de residência médica em outra instituição hospitalar de Ponta Grossa, o HU é pioneiro na região na oferta de residências multiprofissionais e uniprofissionais. “O Hospital Universitário desponta como hospital de vanguarda, que enfrentou esse desafio de colocar em prática programas de especialização nas mais diversas áreas. Foi, realmente, uma ousadia do HU abrir inúmeros programas e colocar no mercado de trabalho profissionais de saúde especializados em áreas tão importantes para a sociedade, justamente levando em conta as transições que aconteceram no nosso país”.
Em 2020, o mundo se depara com uma pandemia de um novo Coronavírus: o SARS-CoV-2. O vírus, que causa a Covid-19, gera sintomas respiratórios e pode evoluir para infecções respiratórias graves. Neste cenário, o Hospital Universitário é uma das unidades hospitalares de referência no Paraná.
Como conta a diretora Luciane, o desafio é planejar e conduzir a estrutura complexa do hospital, para enfrentar o novo vírus que assola outros países e outras regiões do Brasil. “Mas, com conhecimento, muita vontade e dedicação, empenho e profissionalismo dos companheiros diretores, chefes e coordenadores, enfim, da equipe de gestão e ainda de todos os servidores, funcionários, professores, residentes, acadêmicos, de todas as áreas – assistenciais, apoio e administrativas – tenho absoluta certeza que estamos preparados para fazer o melhor em benefício da comunidade”, tranquiliza.
Além do espaço isolado para tratamento dos pacientes, o plano de contigência contempla também o isolamento de pessoas encaminhadas com sintomas respiratórios ao HU. Esses pacientes são recebidos em uma estrutura de pré-triagem, externa ao hospital, que conta com estoque de materiais e insumos para examinar casos suspeitos da doença e encaminhar para internamento ou isolamento domiciliar. O médico Fernando Antônio de Lima Torres, Diretor Técnico do HU, conta que as barracas localizadas na área externa são resultado de uma parceria realizada entre o HU-UEPG e o Exército, que se colocou à disposição para ajudar com questões como organização, logística, infraestrutura e mão de obra, caso seja necessário.
“Se olharmos para a história da medicina, vamos verificar que essas pandemias e as grandes guerras mundiais aceleraram o processo de evolução de inúmeras áreas, mas em especial da saúde”, afirma a professora Tatiana. “Ainda vamos ver, no futuro, quão criativo o ser humano foi nessa pandemia, com o objetivo de melhorar a vida das pessoas, não só as atendidas na rede de assistência à saúde, mas também em outras áreas que direcionam conhecimentos para melhorar a vida das pessoas, aliviar angústias e proteger quem está na linha de frente dos atendimentos”, antecipa.
Texto e Fotos: Aline Jasper