De lasca em lasca tirada da madeira, nasce a arte: uma mulher que segura o microfone enquanto é envolvida pela música. Assim surge a ilustração que representa o 35º Festival Universitário da Canção (FUC). No próximo sábado (17), o evento acontece com uma obra assinada pelo egresso da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Fernando Bertani. Serão 12 músicas concorrentes, que se apresentarão no Cine-Teatro Ópera sob uma arte que, junto com a playlist, tem o toque original da UEPG.
As linhas elevam o rosto da personagem para cima e envolvem todo o seu corpo. “Essas linhas trazem o movimento e podem representar a música, a vibração e o próprio meio em que a gente vive, porque a música é assim, ela está produzindo essas vibrações, essas frequências sonoras, estamos sendo envolvidas por elas”, descreve. Na hora de criar e fazer arte, nomenclaturas não são tão importantes. “A música também gera na imaginação elementos visuais, plásticos e materiais, desde um show ao vivo, com luzes e pessoas, por exemplo. Ali a gente vira um território acontecendo a partir de uma frequência sonora que vai vibrar”.
Artista em sua totalidade
Fernando tem uma longa história com a UEPG: fez graduação (2010), mestrado (2013) e doutorado (2018) em Geografia e foi professor colaborador por dois anos. No FUC, além de espectador, viveu o Festival no palco como músico em 2013, quando recebeu o segundo lugar na categoria regional e o prêmio de júri popular pela música “Se Vai Idade“. Para Fernando, entrar na área de artes visuais foi um processo natural, sem necessidade de definições. “Para gente que é artista, fica difícil definir essas fronteiras de nomenclatura, pois vem de fora essa necessidade de se definir sobre o tipo de arte que eu me encaixo”, explica.
A xilogravura entrou na vida do artista como um processo terapêutico na pandemia. “Era um momento de crise no mundo mundo todo, o que também atingiu os artistas, a música parou. A gente deixou um pouco a música e acabei tentando buscar uma alternativa de alguma coisa manual que eu pudesse baixar um pouco a frequência”, conta. A técnica em madeira da xilogravura sempre encantou Fernando. “O processo é lento e bastante manual, muitas vezes até desgastante, acontece até de doer a mão e o dedo por conta da foice de desenhar na madeira”. A arte mistura a delicadeza e o jeito bruto, segundo ele. “Isso foi me encantando, é coisa de baixar a cabeça e só levantar quando termina, pra você mesmo querer olhar pra ela e enxergar a arte completa”.
Depois do esboço, nem o artista sabe até onde a arte pode parar, segundo Fernando. “É meio que um encontro em que vão surgindo os traços. A gente faz muita pesquisa, busca muita referência”. No fim, até a matriz, a madeira que foi pintada e moldada, também vira arte nas mãos do artista. “Eu acabei me encantando e o pessoal também começou a gostar assim. Eu gostei da matriz, de poder pegar e ver como é. As pessoas compram e transformam em quadro e agora sai mais a matriz do que a própria impressão”. A ilustração acompanha todas as pecas de divulgação, nas artes das redes, faixas, vídeos e o troféu dos vencedores. As seis categorias acompanham um troféu em madeira, feita da matriz da xilogravura.
Expectativas
O 35º FUC
O Festival tem o patrocínio master da Belgotex do Brasil e patrocínio da Unimed Ponta Grossa, Premium Vila Velha Hotel e Cresol, com incentivo da Prefeitura de Ponta Grossa por meio do Programa Municipal de Incentivo Fiscal à Cultura (Promific), da Secretaria Municipal de Cultura e Conselho Municipal de Política Cultural; e da Lei de Incentivo a Eventos Geradores de Fluxo Turístico, da Secretaria Municipal de Turismo e Conselho Municipal de Turismo. A produção é da Estratégia Projetos Criativos e a promoção da RPC.
Texto: Jéssica Natal | Foto de Capa: Fabio Ansolin | Fotos Internas: Jéssica Natal