Doutorando da UEPG participa de pesquisa sobre frutas na Alemanha

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Um dia inteiro rodeado por frutas. Esta é a rotina de Giovani de Almeida Camargo, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Contemplado pelo edital da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superio (Capes), na modalidade Doutorado Sanduíche pela Deutscher Akademischer Austauschdienst (Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico, em tradução), o estudante está na Alemanha desde maio, para pesquisar sobre culturas do mirtilo e ameixa europeia. É a primeira vez que um estudante da UEPG é contemplado com uma bolsa dessa modalidade.

Desde que desembarcou em Ravensburg, na Alemanha, Giovani tem se dedicado à análise físico-química e qualitativa de frutas. A pesquisa de doutorado na UEPG envolve culturas da abóbora e amora. “Aqui no exterior, pude aplicar diferentes técnicas na conservação de mais duas frutas importantes e ainda tenho a vantagem de contar com a expertise de profissionais capacitados e de máquinas de última geração para a produção de resultados”, explica. Na pesquisa, Giovani emprega materiais biodegradáveis e óleos essenciais para preservação da qualidade de fruto durante o armazenamento.

Os dias começam cedo para Giovani. Desde que chegou no KOB: Kompetenzzentrum Obstbau-Bodensee (Centro de competência para fruticultura no Lago Constança, traduzido), o pesquisador tem uma rotina intensa. “Começo às 8h, às vezes 7h, se for para executar algum trabalho no campo, e termino às 17h”. O término do dia, segundo ele, é relativo. “Muitas vezes acabo trabalhando até tarde no escritório ou na inserção de algum experimento novo nas câmaras frias. Em algumas ocasiões, o dia de trabalho não tem hora para acabar, é até finalizarmos a tarefa necessária”, descreve.

Até a penúltima semana de novembro, data de retorno ao Brasil, o doutorando pretende trazer muita história e trabalhos produzidos na bagagem. “Consegui conciliar aqui meu conhecimento que obtive no Brasil: como pesquisador na pós-graduação e o aprendizado prático para a atividade de fruticultura da graduação”. O pesquisador salienta que atua em outras funções no KOB. “Tanto em campo, como colheita, poda de frutíferas, raleio, monitoramento de pragas e outras variadas tarefas, como no laboratório”.

O trabalho também abrange a inserção e regulagem de frutas nas câmaras de armazenamento, produção de artigos científicos e até postagens para as redes sociais do grupo de pesquisa. “Pela importância da maçã e da pera na região onde eu resido, eu tenho trabalhado muito intensamente com essas culturas específicas no meu dia a dia, o que tem sido gratificante e muito valoroso para o meu desenvolvimento profissional”, relata.

Dentre as descobertas, ele divide as imagens de uma nova maçã “sanguínea”, não lançada comercialmente, a qual ainda está em fase de melhoramento genético. “Já fiz análises físico-químicas nessa maçã mais de uma vez aqui no KOB e eu os meus outros colegas do laboratório sempre ficam impressionados quando essa variedade aparece por lá! O suco da variedade é vermelho e seu sabor é ácido, com textura agradável, apesar de não ter nem nome ainda”, descreve.

Trajetória

Giovani é filho da UEPG desde 2017, quando se formou em Agronomia. A partir de 2020, a Pós em Ciência e Tecnologia de Alimentos virou seu meio de vida. Segundo ele, viver de pesquisa ainda vale a pena. “Eu acho muito motivador, para o público em geral, dividir descobertas científicas e achados inusitados que um pesquisador pode encontrar”, relata.

Apesar de ser formado em Agronomia, a área de Engenharia de Alimentos tem lugar no coração de Giovani – ele chegou a cursar um ano da graduação antes de ser convocado para a oportunidade na Alemanha. Para o pesquisador, mesmo o conhecimento básico obtido na graduação pode ajudar futuramente na sua vida profissional. “Sou grato por ter obtido minha educação na UEPG, por isso recomendo aos alunos que nunca menosprezarem o conhecimento da graduação e sempre se estimulem para serem curiosos”, aconselha.

Oportunidades

Para os interessados em participar da mesma modalidade de bolsa, Giovani relata que o KOB é muito receptivo para alunos que pretendem atuar na fruticultura, com oportunidades de estágios para alunos de ciências agrárias, biológicas e engenharia. “Desde que o aluno tenha real interesse em fruticultura, seja dedicado e busque vestir a camisa, contribuindo com conhecimentos úteis para a instituição, é provável que ele tenha alguma maneira de se encaixar no KOB”, explica. O programa possui site institucional com mais informações (aqui). As atividades e descobertas feitas pelo grupo de pesquisa do Giovani estão no Facebook e Instagram.

Tem outro aspecto positivo na Alemanha, além da pesquisa? “Temos a chance de enriquecer nossa bagagem cultural na Europa. Em uma das poucas folgas que me foi permitido aqui no KOB, pude visitar Budapeste na Hungria. Depois de muito tempo sem poder viajar no Brasil, ter a chance de fazer uma viagem que combina lazer e enriquecimento cultural foi altamente gratificante”, finaliza.

Texto: Jéssica Natal | Fotos: Arquivo pessoal


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