A aluna Gema Cristina Jáquez Guaderrama, que fez intercâmbio na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) durante o primeiro semestre de 2020, voltou para sua casa no México na última sexta-feira (11). O Escritório de Relações Internacionais (ERI) conversou com ela sobre a experiência internacional neste período de pandemia de Covid-19.
Gema Cristina é aluna do curso de Licenciatura em Geoinformática na Universidad Autónoma de Ciudad Juárez (UACJ) e realizou mobilidade na UEPG nos cursos de Agronomia e Licenciatura em Geografia. Gema conta que, ao escolher o Brasil para realizar sua primeira mobilidade acadêmica (e também sua primeira viagem internacional), o que mais a atraiu foi a beleza brasileira. “O que mais me motivou foram as paisagens que pude encontrar aqui, porque são muito diferentes de onde moro”, e completa descrevendo sua experiência no campus Uvaranas: “Pelo simples fato de estar na UEPG eu tinha um monte de belas paisagens. Estou apaixonada por como é a Universidade dentro de toda a paisagem verde. Me apaixonei demais”.
Neste período em que esteve no Brasil, Gema pôde aproveitar poucos momentos antes da quarentena. Mas fez amigos e conheceu alguns lugares do Paraná, em passeios ao Capão da Onça e a Guaratuba, além do Carnaval brasileiro.
Sobre as aulas na UEPG, a intercambista alegra-se. “Para mim foi muito bom vir, porque eu pude conhecer o Brasil, ter contato com as pessoas, e percebi como são os estudos. Embora eu não tenha tido tantas aulas, percebi que os professores são muito bons no que fazem e conseguem transmitir a energia de continuar estudando.” Gema também destaca que gostou muito dos professores. “Tudo estava diferente do que eu estava acostumada. As matérias, novas formas de ensinar… Os professores conseguem transmitir a energia, o prazer de ensinar as matérias que dão nas aulas. Eles têm muito em mente para fazer o aluno participar, todos os alunos, e eu gostei disso, para que todos prestem atenção e opinem”.
O idioma às vezes pode ser um obstáculo, mas Gema garante que esse não foi o caso. “Não tive muita dificuldade em entender as aulas, só em me expressar bem em português”. Mais difíceis, segundo a aluna, foram os primeiros dias de quarentena já que teve pouco tempo para fazer amigos na sala de aula. “Eram duas salas de aula, me custou algo para eles terem confiança, mas consegui fazer um ou outro amigo”. E quando as aulas foram interrompidas e teve que ficar em casa, Gema descreve: “Era chato, mas depois tive mais contato com meus amigos estrangeiros e essa quarentena ficou mais flexível”.
Dos amigos que fez no Brasil, Gema conheceu outros alunos internacionais que participam de programas de pós-graduação na UEPG. “Por eles eu soube que o Brasil tem a oportunidade de um estrangeiro vir estudar no Brasil com doutorado ou mestrado remunerado”, relata a aluna. E conta que, compartilhando experiências com eles, ficou com muita vontade de voltar ao Brasil e à UEPG para cursar um mestrado ou doutorado no futuro.
A influência de uma professora da UEPG no exterior
Gema relembra que a motivação inicial de realizar um intercâmbio foi despertada graças à professora Rosemeri Segecin Moro, do curso de Ciências Biológicas e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UEPG, quando, em 2014, esteve na UACJ divulgando ações desenvolvidas em Ponta Grossa. Gema recorda que “Em uma ocasião, a professora Rosemeri foi à minha universidade e falou muito bem sobre como era o Brasil e as paisagens. A partir daí, comecei a investigar quais eram as universidades conveniadas com a minha universidade e soube que tinham um acordo justamente com a UEPG”.
A professora Rosimeri relembra a ocasião em que esteve na UACJ: “Eu, enquanto coordenadora do PPGeo, e a Dra. Silvia Carvalho, representamos a UEPG em junho de 2014 no “I Encuentro Coordinadores de programas de Doctorado vinculados a los Estudios Urbanos”, em Ciudad Juarez, norte do México, onde divulgamos nossas ações em Ponta Grossa para colegas de quatro universidades mexicanas. Nessa ocasião, vislumbramos a oportunidade de ampliar a cooperação entre o PPGeo e os cursos de graduação da própria UACJ e da Universidad da Baja California”.
Meses depois, a professora teve contato com o curso de graduação do qual Gema é aluna na UACJ. “Fui contemplada com uma bolsa integral do governo mexicano para ministrar um curso de 30 horas no campus da UACJ em Cuauhtémoc. Trabalhei duas semanas, em conjunto com o Dr. Luis Carlos Bravo Peña, o “Significado de los índices de la conectividad ecológica: fundamentos metodológicos y ejemplos de aplicación” para o curso de Licenciatura em Geoinformática. Este conteúdo seria incorporado à disciplina de Geografía Ambiental y Sistemas de Percepción Remota I. Foi uma experiencia riquíssima, aplicada à realidade local, com saídas de campo para obtenção de dados na Área Natural Protegida de Papigochic e os arredores de Cuauhtémoc”.
Na ocasião, a professora conta que incentivou os alunos a conhecerem o Brasil e a UEPG: “Incentivamos os estudantes a se aplicar a estágios e à seleção de pós-graduação na UEPG, pois acreditamos num mundo cada vez mais unido onde as diferenças somam. As sucessivas crises econômicas, moral e sanitária que vem assolando os países, em especial da América Latina, têm limitado nosso intercâmbio ao ambiente virtual, mas a graduação e pós-graduação em Geografia da UEPG não medem esforços para manter essa conexão atuante”.
Ao saber da influência sobre a decisão da aluna mexicana pela UEPG, a professora Rosimeri Moro afirma que ficou muito satisfeita e afirmou que apesar dos tempos de pandemia, a experiência foi positiva para a aluna. “Para mim, particularmente, foi uma grande satisfação poder atender ao pedido do Dr. Bravo para auxiliar a instalação da estudante de licenciatura Gema Jáquez para um semestre de graduação na UEPG. Tivemos todos os percalços da pandemia e nossa interação sofreu bastante, mas creio que mesmo isso foi de grande valor para a sua formação não só técnica, mas também humanística”.
Texto: Cristina Gresele Fotos: Acervo pessoal da aluna