Giovana Kuan, do curso de Matemática Aplicada da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), foi a primeira aluna da instituição a realizar intercâmbio na National Pingtung University (NPTU), em Taiwan. Filha de pais taiwaneses que emigraram para o Brasil há mais de duas décadas, ela passou um ano no país da Ásia Oriental. Para isso, contou com o apoio da coordenação do curso de Bacharelado em Matemática Aplicada e do Escritório de Relações Internacionais (ERI).
Com a ilha em mente, ela enviou um e-mail para a universidade estrangeira, demonstrando interesse em cursar disciplinas da grade curricular. Contudo, havia um empecilho: não existia convênio entre as instituições de ensino. Foi nesse momento que o ERI entrou em ação. “Fui pessoalmente conversar sobre o meu caso e, a partir daí, as universidades trocaram e-mails para formalizar uma parceria”, conta Giovana.
Após o acordo entre as instituições, a acadêmica organizou a documentação pessoal, que em parte precisou ser traduzida para o mandarim. No âmbito acadêmico, a coordenação do curso elaborou um plano de aproveitamento de disciplinas. “Como sou a primeira aluna, da primeira parceira da NPTU no Brasil, eles me concederam uma bolsa que cobriu os custos do dormitório (optei por morar na própria universidade) e os estudos. Assim, precisei arcar somente com os demais custos (alimentação, transporte e outros)”, comenta a aluna.
Em Taiwan
No sistema de ensino taiwanês, os alunos têm disciplinas obrigatórias e eletivas, de modo que a vaga nas optativas é garantida por ordem de matrícula, algo inédito para Giovana.
Outra novidade foi que as provas eram sempre em inglês, exigindo que as turmas, tanto das disciplinas bilíngues quanto das demais, dominassem um segundo idioma além do mandarim. “A maioria dos professores explicava em mandarim e escrevia em inglês no quadro”, lembra. “Apesar de conseguir me comunicar bem, na parte dos estudos a situação era diferente. Não conseguia entender os termos técnicos de matemática em mandarim, muitas vezes precisava perguntar ao professor a tradução em inglês. Ainda bem que o material didático era todo em inglês”, recorda sorrindo a acadêmica.
Com os colegas, ela não teve problemas, apenas notou que culturalmente pareciam mais reservados. No dormitório, compartilhado com mais três estudantes, laços de amizade foram criados. “Conversamos até hoje. Conheci também outros intercambistas, pessoas vindas do Japão, da Tailândia, e até encontrei brasileiros, o que foi uma grande alegria”, afirma.Acostumada com a culinária taiwanesa por influência dos pais, Giovana, que é vegetariana, se mostrou muito satisfeita com as opções. “Taiwan é o país que oferece mais opções vegetarianas”.
Após as aulas, aproveitava para conhecer lugares e fazer viagens próximas, vivenciando momentos culturais. Ela se surpreendeu com a grande quantidade de motos nas ruas, presenciou terremotos e tufões que não existem no Brasil, conheceu um comércio 24 horas em muitas áreas da cidade, sistemas de compra e bilhetagem diferentes e tantas outras peculiaridades que, mesmo sendo filha de taiwaneses, desconhecia, construindo assim uma experiência educacional e pessoal única.
Vivência acadêmica
O coordenador também ressalta a vivência acadêmica como um diferencial, tanto na questão formal dos estudos, quanto na prática de um novo idioma e na interação social. “O aluno desenvolve a capacidade de interagir com outras pessoas e pesquisadores do mundo. E isso é muito importante para quem pretende seguir carreira acadêmica, de pesquisa ou, eventualmente, trabalhar em uma empresa multinacional. Ou seja, o aluno começa, desde cedo, a viver e transitar no mundo da ciência e da tecnologia. Então, esse tipo de experiência é de um valor incalculável. Para o curso também é muito interessante, porque ela traz esse conhecimento do exterior para os alunos, motivando-os a buscar vivências semelhantes, seja na graduação, pós-graduação, mestrado ou doutorado”, completa.
Dicas da Giovana
texto: Helton Costa Fotos: Arquivo pessoal